RX Ventures, da Lojas Renner, investe em startup nos Estados Unidos
O RX Ventures, fundo de Corporate Venture Capital (CVC) da Lojas Renner S.A., assinou seu primeiro contrato de investimento em uma startup fora do Brasil. O aporte minoritário foi feito na Radar, uma retailtech sediada em Nova York que desenvolve soluções para controle de estoques, localização e acompanhamento em tempo real do manuseio e da movimentação de produtos nos pontos de venda com uso de visão computacional e identificação por radiofrequência (RFID).
Este é um importante passo para a Lojas Renner, uma das empresas fundadoras do Instituto Caldeira, pois seu fundo de CVC foi o único da América Latina a participar da rodada liderada pela Align Ventures, dos Estados Unidos. Com isso, o RX juntou-se a outras importantes varejistas, gestoras e aceleradoras estadunidenses que já eram investidoras da startup, como a American Eagle Outfitters, Y Combinator e Founders Fund.
“A Radar reduz as fronteiras entre o físico e o digital e promove uma possibilidade concreta de disrupção no varejo de moda. Com o RX, queremos cocriar o futuro do nosso setor com sinergias, geração de valor e troca de experiências entre nossos executivos e empreendedores, visando a inovação a serviço da jornada dos clientes. É o nosso terceiro investimento, sempre com o objetivo de antecipar tendências para o setor”, diz a head de Inovação Aberta e RX Ventures, Marie Timoner.
A tecnologia da Radar utiliza RFID para localizar automaticamente as peças em todos os locais das lojas, atualizando as informações a cada 60 segundos com 99% de precisão e eficiência muito maior do que os sensores manuais. Já a visão computacional tem a possibilidade de atribuir as peças às pessoas, identificando quais delas foram visualizadas, manuseadas ou levadas aos provadores, mesmo que não tenham sido adquiridas pelos clientes.
Com isso, o sistema gera volumes massivos de dados que permitem analisar e gerir os estoques de forma mais precisa e eficiente no ambiente da loja. Também reduz riscos de desabastecimento nas áreas de vendas e indica os itens que, embora não tenham sido vendidos, despertaram a atenção dos consumidores. A partir daí, entre as várias possibilidades que se abrem para ampliar as experiências de omnicanalidade proporcionadas pelas varejistas, está a criação de campanhas online com ofertas personalizadas para os clientes.
Checkout autônomo
Outra solução possível a partir dessa tecnologia será o checkout autônomo, que permitirá que o cliente pegue as peças que deseja e, ao sair da loja, tenha o valor da compra debitado em seu meio de pagamento cadastrado, sem necessidade de passar pelo caixa. O desenvolvimento deste serviço será um processo de mais longo prazo e, quando ele estiver disponível, será uma opção a mais além de inovações empregadas no varejo. Na Renner, por exemplo, os terminais de autoatendimento já fazem o registro e a desativação das etiquetas de alarmes de todos os produtos de uma só vez com identificação por radiofrequência.
Desde 2021, a Renner também usa a RFID em todos os caixas convencionais e na gestão de 100% dos seus estoques. Com a iniciativa, a companhia foi um dos destaques na edição de 2022 do RFID Journal Awards, principal avaliação internacional sobre aplicações da tecnologia por empresas de todos os setores da economia.
“A tecnologia da Radar proporciona um ganho de eficiência na loja física. A localização da peça em tempo real permite que o colaborador encontre facilmente o produto na loja, além de melhorar a experiência de compra do cliente. Como na Renner já usamos o RFID, pré-requisito para o funcionamento do sistema da Radar, poderemos ser parceiros nos testes e escalabilidade da tecnologia no Brasil e na América Latina”, diz a head de Novos Negócios da Lojas Renner, Analu Partel.
Alto potencial de crescimento e de transformação do varejo – Focada em redes de grande porte com mais de 500 lojas e que tenham receita anual na ordem de US$ 2 bilhões (cerca de R$ 10 bilhões pelo câmbio atual), a Radar possui alto potencial de crescimento, impacto e transformação do setor. Antes da rodada de investimento da qual o RX fez parte, a startup já testava seu sistema em unidades de diferentes marcas americanas. Logo após a formalização do aporte, ela fechou negócio para implantar a solução em 500 pontos de venda da American Eagle – especializada em moda e acessórios – nos Estados Unidos nos próximos 12 meses.
“Estamos animados pela parceria com o RX Ventures e com a equipe mais ampla da Lojas Renner S.A., num momento em que buscamos expandir nosso negócio para fora dos Estados Unidos e impulsionar a inovação para empresas e clientes ao redor do mundo. A Lojas Renner é um dos principais varejistas da América Latina e estamos entusiasmados para construir o futuro do setor com eles. Seu foco em oferecer uma ótima experiência para milhões de clientes, combinado com um olhar contínuo para a excelência técnica e operacional, é um indicativo de que teremos uma parceria poderosa.”, afirma Spencer Hewett, CEO da Radar.
RX planeja investir em startups “early-stage”
A Radar é a terceira investida do RX, lançado em março de 2022 com capital de R$ 155 milhões. A primeira foi a Logstore, que produz uma plataforma para centralizar as vendas digitais e permite conciliar os pedidos de múltiplos canais com os estoques das lojas físicas para acelerar a logística de última milha.
A segunda foi a Klavi, plataforma que por meio de Inteligência Artificial e do Open Finance analisa milhões de transações e gera informações para seus clientes criarem melhores produtos e serviços para seus consumidores. Ambas têm sede em São Paulo e nos dois casos o fundo participou de rodadas lideradas, respectivamente, pela Domo Invest e pelo Iporanga Ventures.
O objetivo do CVC da Lojas Renner é investir em pelo menos 10 startups “early stage” focadas em soluções inovadoras para o ecossistema de moda e lifestyle, tanto as “seeds”, com produtos em teste, quanto as “séries A”, com maior nível de maturidade. Os aportes podem ser realizados uma ou mais vezes em cada investida, conforme a evolução das respectivas operações. Até agora foram mapeadas previamente mais de 1,5 mil oportunidades de negócios, das quais algumas dezenas passaram por etapas mais detalhadas de avaliação.
Os recursos do RX são alocados por meio do primeiro Fundo de Investimentos em Participações (FIP) de uma varejista de moda do Brasil, levando em conta também o comprometimento das empresas com boas práticas ESG (ambientais, sociais e de governança), um dos pilares estratégicos da companhia. O fundo prevê períodos de quatro anos de investimento e quatro para desinvestimento, principalmente nos segmentos de moda e lifestyle; e-commerce, marketplace e retailtechs; marketing de relacionamento e conteúdo; fintechs; logística e supply chain.