Motivos e desafios para a internacionalização de empresas
Osmar Pedrozo, CEO da SoftDesign
Conectar o ecossistema gaúcho com os principais ecossistemas de inovação do mundo é a ambição do Instituto Caldeira desde a sua concepção. Sabemos que o objetivo do hub é, por meio do contato e aprendizado com ambientes globais de tecnologia, impulsionar transformações concretas e positivas no Estado do Rio Grande do Sul, para fomentar a nova economia e conquistar maior competitividade internacional.
Na SoftDesign, compartilhamos dessa visão: acreditamos que as startups e corporates regionais têm conhecimento, capacidade e habilidade para concorrer com grandes players globais. Por isso, nos últimos anos, temos nos desafiado em projetos inovadores para países como Estados Unidos, Portugal, Suíça e Angola.
Os resultados positivos nos incentivaram a dar mais um passo em direção à internacionalização: buscar, além de clientes, um posicionamento global. E desde o ano passado estamos trabalhando nesse processo, com foco no mercado norte-americano.
Por que internacionalizar?
É claro que o Brasil é um país imenso, com inúmeras oportunidades para concretizar negócios. Mas olhar para o mercado global, na minha visão, é essencial para qualquer empresa que busca segurança e crescimento.
Segurança porque, quando estabelecemos relações comerciais com outros países, diversificamos os riscos. Isso significa que estamos menos suscetíveis a crises políticas e econômicas locais. Crescimento, porque o mercado internacional é maior do que o nacional, e oferece o benefício de ter moedas com valor superior ao real.
Ainda, não posso deixar de mencionar que a internacionalização gera aprendizado às empresas brasileiras. O contato com novos mercados, culturas e tecnologias incentiva a melhoria de produtos e serviços, o que, consequentemente, contribui para o desenvolvimento do mercado nacional.
Os desafios de internacionalização da SoftDesign
Porém, como todo empreendedor, sei que para que uma empresa brasileira consiga efetivar vendas para o exterior é preciso superar uma série de obstáculos. Nesse sentido, talvez os primeiros sejam os legais: é preciso cumprir as exigências fiscais, trabalhistas e contábeis dos países onde a empresa irá se instalar ou onde pretende atuar remotamente.
Para dar esse primeiro passo com segurança, buscamos o apoio de um membro da comunidade Caldeira: o Silva Lopes Advogados. A assessoria especializada em startups, fintechs e empresas de tecnologia foi responsável por nos aconselhar juridicamente e por lidar com a burocracia desse processo. Recebemos suporte no processo de abertura da empresa, na definição de preços, e com a criação de contratos de prestação de serviços e NDAs (Non Disclousure Agreements).
Além disso, outro desafio que teve a minha atenção foi a questão contábil/financeira, afinal, além de ser da área de TI há mais de 30 anos, sou contador de formação. Este tema é sempre destaque na jornada de internacionalização de organizações brasileiras. É preciso avaliar o planejamento tributário da empresa, estudar variações de câmbio e analisar se a mesma está pronta para realizar os investimentos que tal estratégia demanda.
Com esses objetivos, procuramos os conhecimentos de outro membro da comunidade Caldeira: a Comece com o Pé Direito, spin-off de nossa empresa contábil, a Gerencial. Sua especialização em contabilidade consultiva para empresas de tecnologia e inovação foi essencial para o nosso planejamento contábil futuro, atividade que promoveu maior confiança de investimento.
Conhecimento para prosperar
Com as questões jurídicas e contábeis em boas mãos, organizei um time que passou a se dedicar a um dos desafios que, quando ignorado, pode conduzir processos de internacionalização ao fracasso: conhecer profundamente o mercado-alvo, considerando suas características, oportunidades e ameaças.
Como fizemos isso?
Na SoftDesign, em 2016, criamos um serviço que cunhamos de Concepção. Estruturamos pioneiramente esse processo criativo que utiliza, entre outras, técnicas de Pesquisa para reduzir riscos e identificar a viabilidade de projetos.
Aproveitamos então essa expertise e experiência para estudar o mercado de tecnologia dos Estados Unidos e entender, por exemplo, o que essas empresas consideram características essenciais em um parceiro de tecnologia, e quais são os nossos concorrentes diretos e indiretos. Além de responder a essas questões com técnicas de pesquisa Desk Research, realizamos entrevistas com profissionais da comunidade Caldeira que participam (ou já participaram) de algum tipo de internacionalização. Assim, pudemos conhecer seus desafios e ouvir opiniões sobre o nosso projeto, compartilhando ideias e aprendizados.
Os primeiros resultados da internacionalização
Essa estruturação permitiu que, em menos de um ano, conquistássemos alguns importantes clientes no exterior. Entre eles está a Spring Point, empresa de tecnologia com sede em Portland (EUA) que desenvolve ferramentas para tornar o setor eletromecânico mais eficiente e produtivo.
O primeiro produto que um de nossos times desenvolveu com eles foi o QM Wizard App, um aplicativo de verificação digital que padroniza processos e garante a alta qualidade do trabalho. Utilizado em países como Estados Unidos, Canadá, México e Caribe, ele permite que profissionais técnicos capturem dados de forma transparente, alimentem dashboards e forneçam relatórios aos stakeholders, tornando o trabalho mais veloz e transparente.
Inclusive, fizemos um vídeo para contar esse case:
Um ecossistema que impulsiona
A proximidade entre startups e corporates viabilizada pelo Instituto Caldeira está entre os principais motivos pelos quais decidi que a SoftDesign faria parte dessa comunidade. Sei que, no Hub de Inovação, encontramos os parceiros ideais para superar desafios e ultrapassar as barreiras da internacionalização.
As relações que temos criado geram aprendizado e fortalecem a nossa cultura de inovação, tão necessária no mercado atual. Por isso, obrigado Caldeira! Esperamos que nossa experiência possa impulsionar outros membros da comunidade em direção ao mercado global.
*Artigo produzido por Osmar A. M. Pedrozo, CEO e fundador da SoftDesign, que atua há mais de 25 anos oferecendo soluções digitais na jornada de inovação das empresas. A SoftDesign faz parte da comunidade Instituto Caldeira.