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Deep techs concentram 20% dos investimentos globais em venture capital e impulsionam a inovação
As deep techs estão no centro de uma movimentação importante do mercado, com investimentos de US$ 79 bilhões em 2023, segundo o Boston Consulting Group. Embora esse valor represente uma queda de 26% em relação ao pico de 2022, as deep techs continuam a atrair cerca de 20% dos investimentos globais em venture capital desde 2019.
E o que chama tanta atenção dessas empresas? Ao contrário das startups tradicionais, que muitas vezes se apoiam em modelos de negócios ou tecnologias já existentes, as deep techs estão na vanguarda da inovação, enfrentando desafios técnicos complexos e explorando áreas como Inteligência Artificial, biotecnologia, nanotecnologia, blockchain e materiais avançados.
Essas empresas não apenas buscam resolver problemas significativos, mas também têm o potencial de transformar setores inteiros, contribuindo para desafios globais, como o combate ao aquecimento global e a promoção de cadeias de suprimentos sustentáveis.
Os Estados Unidos lideram o ranking de investimentos, recebendo metade dos US$ 79 bilhões destinados para essa área nos últimos anos. Mas, é interessante ver o quanto as deep techs estão se tornando estratégias na Europa, que hoje abocanha 20% destes aportes.
Dentro do continente europeu, o Reino Unido se destaca como o principal polo de deep techs, com avanços notáveis em energias renováveis, inteligência artificial e biotecnologia. Cidades como Londres, Oxford e Cambridge são reconhecidas por seus ecossistemas robustos e pela alta concentração de patentes orientadas para inovações profundas.
No Brasil, o cenário das deep techs também vem ganhando força. Um levantamento realizado pela Emerge Brasil, intitulado Deep Techs Brasil 2024, mapeou 875 startups desse tipo em operação no país. Desse total, 55% estão concentradas no estado de São Paulo, evidenciando a região como o principal hub de inovação do país.
Os setores mais destacados são saúde humana e farmacêutico (243 empresas) e agronegócio e saúde animal (202 empresas). A biotecnologia domina o cenário, representando 42% das startups mapeadas, com aplicações voltadas principalmente para o agronegócio (50%) e a saúde (42%). Além disso, áreas como Inteligência Artificial, computação em nuvem e manufatura avançada também ganham destaque.
No entanto, o ecossistema brasileiro de deep techs ainda enfrenta desafios significativos. A maioria das startups (70%) está na fase de validação tecnológica, buscando provar a viabilidade de suas soluções. Apenas 30% avançaram para a etapa de escala comercial.
Um dos principais obstáculos é o acesso a financiamento, uma vez que essas empresas demandam investimentos robustos e de longo prazo. Apesar disso, o futuro parece promissor: 72% das deep techs brasileiras esperam gerar receita em 2024, com modelos de negócios focados na venda direta de tecnologias ou no licenciamento para grandes indústrias.
O Brasil ocupa o segundo lugar na América Latina em desenvolvimento de deep techs, atrás apenas da Argentina. Embora o número de startups não seja proporcional ao tamanho do país, o setor tem alcançado um alto valor de mercado, com 37 empresas valendo mais de US$ 10 milhões. Esse crescimento reflete o potencial do país para se consolidar como um player relevante no cenário global de inovação.
Nesse contexto, iniciativas como a Missão em Londres, organizada pelo Instituto Caldeira entre os dias 22 e 27 de junho de 2025, ganham importância estratégica. O evento, focado em deep techs, visa conectar o ecossistema brasileiro com o vibrante mercado europeu, especialmente o Reino Unido, que é líder em investimentos e inovações nessa área.
A missão representa uma oportunidade única para startups brasileiras ampliarem suas redes, atraírem investimentos e trocarem conhecimentos com alguns dos principais players globais.
O termo deep tech surgiu em 2014, cunhado por Swati Chaturvedi, CEO da empresa de investimentos Propel(x), para designar startups que desenvolvem tecnologias baseadas em descobertas científicas ou inovações verdadeiramente disruptivas.
O futuro das deep techs, tanto no Brasil quanto no mundo, está intrinsecamente ligado à capacidade de enfrentar os desafios mais urgentes da humanidade. Desde a promoção de energias limpas e eficientes até o desenvolvimento de soluções para a saúde e a agricultura, essas empresas estão na linha de frente da transformação global.
Com um fluxo contínuo de investimentos e inovações aceleradas, as deep techs se estabelecem como um campo fundamental para o progresso coletivo e sustentável, consolidando-se como um farol de esperança e mudança para as próximas décadas.