Resiliência e imaginação são mandamentos do empreendedorismo, aponta Marcelo Maisonnave

Resiliência e imaginação são mandamentos do empreendedorismo, aponta Marcelo Maisonnave

A curiosidade pode até ter matado o gato, mas a falta de curiosidade é ainda mais letal para os empreendedores. Somada à curiosidade, resiliência e a capacidade de não desistir são outras características vitais para competir de igual num mercado cada vez mais disruptivo.

Esta é visão de Marcelo Maisonnave, um dos empreendedores mais versáteis do País, conhecido por ter fundado a XP Investimentos, a maior corretora de valores independente do Brasil, co-fundado a Warren, plataforma de investimentos líder em carteiras administradas no país, e por investir em diversas fintechs nacionais.

Se antes ser curioso era uma vantagem competitiva, hoje é uma questão de sobrevivência para as empresas. Podemos conhecer o mundo através da internet, temos muito conhecimento na palma da mão”, enfatiza Maisonnave, que se diz ser um daqueles que vira madrugadas fazendo pesquisas no Google.

Outro ponto essencial para o empreendedor de sucesso, na visão de Maisonnave, é que ele não cogita desistir.  “Eu acho que a capacidade de resiliência e o tamanho do coração é essencial. Aquele empreendedor que está pelo dinheiro ou pelo life style não vai resistir”, aponta.

Além disso tudo, é preciso ter poder de imaginação. E todas essas características elencadas por Maisonnave também valem para ele e precisaram ser usadas muitas vezes em momentos decisivos de sua história empresarial.

“Nos primeiros meses da Warren estudava lançar um modelo, mas a regulamentação não estava bem clara. Quando chegou na hora, descobrimos que não ia ser possível, justamente, por causa da regulamentação no País. Depois de meses construindo foi um banho de água fria”, conta. Ele lembra de olhar para o seu sócio, Tito Gusmão, depois de um tempo de silêncio, e ouvir: então vamos de outro jeito. “Foi uma coisa automática para nós, mas muitos poderiam desistir naquele momento”, recorda o executivo.

Maisonnave participou recentemente do Caldeira Sessions, evento idealizado pelo Instituto Caldeira, que reúne nomes de peso do empreendedorismo nacional para uma conversa informal sobre nova economia, inovação e tudo que envolve o cenário empreendedor brasileiro. Porém, quem pensa que ele já chegou ao topo da montanha, está muito enganado.

Empreender é subir o Monte Everest, cair e subir de novo”, diz.

Agora na plataforma de investimentos Warren, o executivo projeta uma estrada longa pela frente até alcançar o objetivo final que a Warren está buscando. “A Warren tem um desafio enorme que é mudar o mercado de investimento no Brasil. Hoje a gente luta contra empresas super poderosas, super capitalizadas, mas o nosso grande sonho é transformar de novo o mercado financeiro”, ressalta.

Nova economia

A gestão empresarial, segundo o empreendedor, está atrelada ao contexto. Antes, na antiga forma de gestão, hoje chamada de velha economia, existia uma cabeça central da empresa que definia o plano e o resto executava. Já a nova economia consiste em conseguir colocar todos de uma empresa no mesmo trilho e com o mesmo foco. Ou seja, à medida que o seu colaborador conseguir entender para onde a empresa quer ir, ele toma melhores decisões.

Maisonnave também lembra que a velha economia se baseava numa relação de desconfiança, onde o funcionário trabalhava pelos seus direitos e a empresa tentava limitar o máximo possível pensando em seus custos. Já neste novo contexto de gestão a empresa quer extrair o máximo do seu time e retribuir bem por isso.

“É uma troca, um ciclo virtuoso. É possível trabalhar sem ser assim? Sim, mas eu acho que empresas que trabalham dessa nova forma engajam mais e têm melhores resultados”, enfatiza.

Caldo grosso de cultura

Na visão do fundador da XP Investimentos e Warren, a melhor forma de engajar os colaboradores é disseminar a cultura da empresa desde o início, formando assim um “caldo grosso”.

Por isso, tudo começa elencando os valores que nortearão o negócio. “Nas nossas experiências a gente escreve todos os valores na parede e damos uma caneta marca texto para o colaborador assinalar o que ele mais acredita daquilo que está escrito”, revela.

O caldo grosso mencionado por Maisonnave vem logo depois, pois é preciso disseminar cultura valores à exaustão aos primeiros colaboradores. De acordo com ele, quando a empresa tem até 20 colaboradores é o momento de criar o caldo grosso de cultura, que precisa ser reconhecida e tratada desde o início.

“Aí você passa pelos corredores da empresa e vê um colaborador no cafezinho explicando a cultura para outra pessoa que entrou agora. Isso é o resultado daquele caldo grosso de cultura inicial. Quando você tiver 400 colaboradores aquele caldo grosso pode até ser diluído, mas o sabor ainda está lá”, finaliza Maisonnave.