Projeto Smart Shield, da BM, fará monitoramento de segurança no 4º Distrito
A Brigada Militar agora faz parte Instituto Caldeira e planeja usar o hub para dar um salto de inovação no combate à criminalidade. Em busca de soluções menos ortodoxas, o Centro de Inovação e Pesquisa da Brigada Militar expandiu seu laboratório de inteligência para o ecossistema do 4º Distrito em janeiro deste ano. A ideia é intensificar conexões com universidades, empresas e startups que possam ajudar a trazer soluções disruptivas, e escaláveis, à corporação.
Algumas delas já vêm ganhando corpo, como o Smart Shield, um projeto em fase inicial de monitoramento inteligente das ruas no 4º Distrito, através de tecnologias de reconhecimento facial e com uso de câmeras públicas e privadas. O Smart Shield iniciou em março e está em processo de mapeamento e tipificação dos crimes na região, mas já captou recursos do Business Analytics Hub, sediado no Caldeira.
“A parceria com a Brigada Militar no 4º Distrito tem um papel importante para a cidade, que é de cuidado dessa região através de conexões com a iniciativa privada”, diz Vicente Perrone, diretor do Escritório +4D, da Prefeitura de Porto Alegre,
Outro objetivo do Centro de Inovação e Pesquisa é oxigenar a estrutura interna da polícia militar com tecnologias e novos processos, para demandas como organização de escalas, soluções em healthtech para os 2 hospitais da corporação e também na área da educação para suas 17 escolas técnicas e 8 de ensino médio.
Hoje o contingente ativo da BM é de 18 mil pessoas e a entidade possui uma das maiores frotas de veículos do Estado. Por isso, atacar a questão logística e processual da corporação com inovação é uma forma de aprimorar os serviços à sociedade, diz o Ten Coronel Roberto Donato, coordenador e idealizador do Centro de Inovação e Pesquisa.
Buscamos o conhecimento das universidades e as metodologias dos hubs de inovação. Assim, a Brigada Militar adota uma veia empreendedora e consegue aplicar melhorias de forma mais rápida para atender a população, diz o Ten Coronel.
Segundo ele, a aproximação com as outras hélices da inovação também é uma forma de tirar a polícia do seu casulo e forçá-la a pensar fora da caixa. Atualmente, o Instituto Caldeira abriga o Smart Policing Lab, laboratório de inovação da polícia responsável por pesquisas, testes em campo e escalonamento de inovações.
Para a secretária municipal de Desenvolvimento Econômico e Turismo (SMDET), Júlia Tavares, a ida da BM para um ecossistema, como o Caldeira, que respira inovação e onde as conexões são mais aceleradas, traz um benefício muito grande para a sociedade, pois as velocidades das duas entidades e, no momento em que elas estão juntas, a parceria se torna simbólica, pois o ambiente favorece o ecossistema de cooperação e de empreendedorismo.
“Acredito que as instituições públicas podem levar muitos insights da iniciativa privada, principalmente frequentando os mesmo ambientes, tendo esse espaço de troca e de conexões” diz a secretária da SMDET, cuja sede também ocupa o Instituto Caldeira.
Algoritmo para patrulhas Maria da Penha
Dentre as soluções que já saíram do laboratório, estão sendo aplicadas em fase de testes e tem muito potencial para ser escalada em todo Estado é a roteirização das patrulhas Maria da Penha, que atendem mulheres vítimas de violência.
Os pesquisadores da polícia desenvolveram um algoritmo que otimiza o roteiro de atendimento a esses casos, contribuindo para a logística de deslocamento, mas também pautando as visitas de acordo com a classificação de risco à vítima. Segundo Donato, uma patrulha de Porto Alegre levava até 27 dias para atender todas vítimas de violência de determinada região e, com o algoritmo, isso foi reduzido para 3 dias.
Os testes da nova tecnologia estão sendo aplicados no 1º Batalhão da Brigada Militar, na Zona Sul da capital, e a corporação está em busca de empresas que possam escalonar essa solução para as outras 114 patrulhas da Maria da Penha do RS.
Realidade Virtual em treinamentos imersivos
Uma das demandas da BM é buscar conexões que contribuam para treinamentos de situações de risco mais imersivas, utilizando tecnologias como realidade aumentada, realidade virtual e metaverso. De acordo com o idealizador do projeto, a ideia é simular atendimento de ocorrência com reféns, contando um óculos VR que vai transitar pelos quartéis, sem ser preciso reunir todo o contingente para realizar a simulação.
Esta é só mais um exemplo de como a inovação e as novas tecnologias podem fortalecer o trabalho da polícia.
História do Centro de Inovação e Pesquisa
A ideia de criar um Centro de Inovação e Pesquisa da polícia foi justamente a aproximação com startups, empresas e a universidade. Por isso, o primeiro lugar a abrigar o projeto da Brigada Militar foi o Campus da PUCRS, em meados de 2021. A base foi o prédio 5 da universidade, espaço que era usado majoritariamente para pesquisas.
Logo depois, a corporação se aproximou das empresas do Tecnopuc, o parque tecnológico da universidade, e foi ali que nasceu o primeiro laboratório de inovação da corporação.
“A ideia foi tirar algumas pesquisas do papel e ter um ambiente onde pudéssemos fazer testes de aplicações das tecnologias”, diz o coordenador do projeto, Ten Coronel Roberto Donato, que também é doutorando da UFRGS em Inovação, Tecnologia e Sustentabilidade, idealizador e coordenador do Centro de Inovação.