Pix Force: do Conecta para uma sede no Instituto Caldeira
Do Conecta Caldeira, programa de aceleração do hub de inovação gaúcho, para uma sede no instituto. A Pix Force, indtech gaúcha que desenvolve soluções utilizando tecnologias de visão computacional, Inteligência Artificial e machine learning, inicia 2022 com tudo. A perspectiva é que o ano seja de consolidação de novos projetos. A startup vem ganhando autoridade no mercado. Pelo quarto ano seguido, foi a empresa número 1 do ranking da 100 Open Startups na categoria de Inteligência Artificial. Também já participou do Start.up! Germany Tour – as câmaras de comércio do mundo inteiro selecionaram as suas startups e a Pix Force foi convidada a representar o Brasil. E participou do Pitch com 15 startups internacionais, na cidade de Düsseldorf, conquistando o primeiro lugar. Outra participação muito importante se deu no Programa Petrobras Conexões pela Inovação. “Saímos ganhadores do desafio 11, cujo tema era viabilizar a análise computacional das imagens capturadas por câmeras sob demanda da área de SMS, para detecção de eventos irregulares”, relembra o diretor comercial da Pix Force, Heitor Tosetto. Nesta entrevista, ele fala sobre as perspectivas para esse ano e a parceria com o Caldeira. Confira!
Instituto Caldeira – Como foi a decisão de se instalar no Caldeira?
Heitor Tosetto – Em setembro de 2020, passamos pela aceleração Conecta Caldeira. Esse foi o nosso primeiro ponto de contato, e a partir daí, fomos nos aproximando. Em março de 2021, desenvolvemos uma solução de detecção de temperatura e deixamos à disposição para o Instituto Caldeira usar. Há cerca de seis meses, começamos a conversar para, efetivamente, mudarmos de endereço, o que se concretizou no final do ano. Importante destacar que a negociação para fazer parte do espaço envolveu o esforço e vontade de ambas as partes. Estamos fase 3 de expansão 3 do Caldeira. Nosso espaço conta com 15 assentos, uma oficina e uma sala de servidor. Hoje, estamos com 62 funcionários. Desse total, cerca de 30 ficam próximos de Porto Alegre e região metropolitana da Capital e os demais estão espalhados pelo mundo. Temos funcionários no Egito e na Finlândia. No novo escritório, fizemos um rodízio. Trabalhamos com um sistema híbrido para metade da equipe e 100% home office para outra metade.
Instituto Caldeira – Quais as expectativas para esse novo espaço?
Tosetto – O Caldeira tem se posicionado como o epicentro de inovação do Rio Grande do Sul. Como uma das startups mais relevantes do Estado, queríamos estar presente, pois há uma construção mútua de marcas. Enriquecemos o Caldeira e ele nos enriquece. Agregamos valor um para o outro. O que desejamos é um melhor espaço de trabalho para os nossos funcionários, novas conexões e exposição ao mercado, o que já tem acontecido.
A Pix Force acaba sendo muito voltada para a geração de negócios. O nosso sucesso no Caldeira, portanto, será medido pela quantidade de negócios e volume de exposição conquistados enquanto estivermos no espaço.
Instituto Caldeira – Qual o balanço de 2021 para a Pix Force?
Tosetto – O ano de 2021 começou muito difícil. Em 2020, principalmente no segundo semestre, quando houve o agravamento da pandemia, foi difícil ‘plantar sementes’ para o primeiro trimestre de 2021. A partir do segundo semestre do ano, porém, o negócio acelerou de forma intensa. Terminamos o ano com diversos projetos rodando e propostas em pé. Por isso, o primeiro trimestre deste ano deve ser forte. Na comparação com 2020, perdemos um pouco do volume de vendas. Até porque no último ano tivemos um crescimento de 400% em relação a 2019. Por outro lado, a nossa equipe aumentou de 40 para mais de 60 funcionários.
Instituto Caldeira – A aceleração da digitalização na indústria pode perder força no pós-pandemia?
Tosetto – Sigo com a teoria de este ser um caminho sem volta. Uma vez utilizada a tecnologia, você não consegue andar para trás. Todo mundo que conseguiu algum bom resultado durante a pandemia não deve desistir da estratégia quando acabar esse período. Acredito que o avanço seguirá no mesmo ritmo.
A cultura de home office, que ajudou as startups a se conectar com outras empresas por meio de reuniões online, também deve seguir, uma vez que a produtividade e o volume de propostas aumentaram muito.
Instituto Caldeira – O que a PIX Force planeja para esse ano?
Tosetto – Um dos nossos planos é a consolidação da nossa vertical de energia elétrica: o Pix Grid. Essa iniciativa nasceu em 2021 com o auxílio do programa Softex, que se chama IA² MCTI. É algo que viemos desenvolvendo e criando clientes, mas esperamos consolidar no ano que vem. Também temos um produto para o setor de mineração, em parceria com a Eneva. A tecnologia ficou pronta e, em 2022, pretendemos fechar contratos e colocar esse produto no mercado. Será, portanto, um ano para produtizar o que foi concluído em 2021 e finalizar os grandes projetos deste ano. Outro marco importante, que ocorrerá no primeiro trimestre será a nossa rodada seed de investimento. Estamos com a expectativa de fechar a nossa primeira rodada de investimento CVC (Corporate Venture Capital). Entendemos que nossa empresa tem mais fit CVCs do que com VCs (Venture Capitalists).
Instituto Caldeira – Como está o processo de internacionalização da startup?
Tosetto – Desde 2019, estamos fazendo missões exploratórias. Nos últimos anos, estivemos em Dubai e na Espanha, a convite do governo brasileiro e governos locais. Também fomos para Alemanha receber prêmio no Start.up! Germany Tour. Em 2022, será o ano de, efetivamente, começarmos a explorar novos mercados. Nosso foco será a Alemanha e a América do Norte, provavelmente no Canadá.
Instituto Caldeira – A falta de investimento segue sendo o principal entrave para o avanço da inovação nas indústrias?
Tosetto – Anterior a falta de investimentos, há uma falta de mindset para inovação no setor. Nestes seis anos de mercado, percebemos muita evolução nos processos de open innovation ou quando é feita uma conexão direta com uma grande indústria. Conceitos de inovação também estão mais presentes. Diria então que o investimento ainda é o maior problema, mas não adianta vir sozinho. Precisa estar acompanhado do mindset de inovação para fazer sentido. Outro ponto de maturidade, por parte das startups, é de que não existe trabalho de graça. O modelo americano de pagamento por sucesso deve chegar no Brasil. Neste modelo, se você entregar o que prometeu, é pago. Caso contrário, não recebe. Há ainda poucas iniciativas nesse formato no País.
Instituto Caldeira – Quais setores devem avançar neste quesito inovação?
Tosetto – Na Pix Force, estamos apostando muito nos setores de energia e mineração. No setor industrial, vemos alguns programas mais avançados e outros menos, de acordo com a atividade. Vimos um movimento muito legal da Ambev, por exemplo, onde participamos de um programa de aceleração que se chama Além. Outro setor interessante que temos trabalho é o da celulose, com empresas como a Suzano e Klabin. Se pegar o PIB do Brasil e ver qual o setor industrial está decaindo, o movimento de startups acaba acompanhando. Os setores que se sustentam acabam puxando a inovação.