Parceria entre Stakecare e Tecnoflex vai industrializar dispositivo inovador na área da saúde

Uma nova conexão que teve o Instituto Caldeira como palco, entre a healthtech Stakecare e a Tecnoflex, fabricante de produtos eletrônicos sob demanda, tem o poder de escalar a nível industrial a primeira tecnologia nacional de controle de quedas para pacientes em leitos hospitalares. O Stake Device é um equipamento que monitora os movimentos de acamados e repassa informações para um aplicativo acessível à equipe de médicos e enfermeiros, o que permite o monitoramento a distância. 

Durante um ano, o sistema foi testado em uma das alas do Hospital de Pronto Socorro (HPS) de Porto Alegre, passando na Prova de Conceito (Poc) ainda em 2023. Com isso, o Stake Device já está sendo usado em todo complexo hospitalar do HPS.

A tecnologia também recebeu o aval da prefeitura para ser incorporada no Hospital Infantil Presidente Vargas e está com uma POC encaminhada para ser testes do dispositivo no Hospital Mãe de Deus, ambos em Porto Alegre.

Uma das principais redes de hospitais do país, a Rede D’Or, quer incorporar a tecnologia, inicialmente, em duas unidades. Outros hospitais, como o Instituto de Cardiologia de Brasília, também aguardam o recebimento dos equipamentos.

Somos a primeira empresa do Rio Grande do Sul a ter licença da Vigilância Sanitária para produção de devices para área médica. Nossa tecnologia traz mais segurança aos pacientes e já foi usada em mais de 7 mil pessoas, diz Delmonte Friedrich, CEO da Stakecare.

O desafio, no entanto, vai ser escalar a produção do hardware embarcado no device, desenvolvido pelos engenheiros da Stakecare, para dar conta de tantos novos clientes. “Temos mais demanda do que produtos disponíveis”, acrescenta Friedrich

É aí que entra a Tecnoflex, empresa que atua há 15 anos como uma Electronic Contract Manufacturing (ECM).

O produto da Stakecare tem um funcionamento excelente, mas agora é preciso entrar numa fase de entender como transformar o Stake Device em um produto manufaturável, com qualidade e preço adequado, diz Fernando Casagranda, sócio da Tecnoflex.

Neste Especial SaaS – Serendipity as a Service – vamos contar a história da conexão entre Stakecare e Tecnoflex, duas empresas residentes do Instituto Caldeira. 

Em 2023, Tecnoflex lançou uma spin off, a Engflex, e passou a fazer parte da comunidade Caldeira. Os primeiros contatos com Stakecare surgiram há poucos meses, primeiro na cerimônia de inauguração do 3º andar e também durante encontros do DOMOS SAÚDE, do Instituto Caldeira. 

Por força do acaso, ambas empresas abriram salas no novo pavimento do hub de inovação, há poucos metros de distância uma da outra. 

“Para além da cultura do Instituto Caldeira de acelerar conexões, os próprios ambientes de convivência estimulam isso entre as empresas residentes. Foi assim que a nossa conexão com a Tecnoflex surgiu: primeiro com encontros casuais em eventos do hub e, como vimos muito valor no time da empresa, decidimos sentar para estruturar uma parceria”, afirma o CEO da Stakecare.

Neste início de negócio, a Tecnoflex vai entrar com seu know how em Design for Manufacturing (DFM) e suporte em Engenharia de Produto, investindo recursos financeiros e horas de engenharia para viabilizar o desenvolvimento dos protótipos.

Ganhando escala industrial

Até o hardware embarcado no Stake Device receber autorização de uso no HPS de Porto Alegre foi uma longa jornada de aprovações em órgãos públicos e mais um ano de testes de eficácia. O protótipo já havia sido apresentado em 2022, no painel Tecnologias da Saúde, realizado no Instituto Caldeira.

Segundo Dilmar Fernandes Isidoro, sócio da Stakecare, é sempre um desafio implementar soluções tecnológicas para a área da saúde, principalmente quando não envolve só software, mas sim hardware. 

A maioria das tecnologias aplicadas na saúde do país são importadas, então é ainda mais desafiador quando o device é fruto de pesquisa e engenharia nacional, pois o produto brasileiro normalmente é mais caro. 

No entanto, esse status quo tem sido quebrado pelo crescimento de health techs focadas em desenvolvimento de produtos inovadores, como a Stakecare. Este é um dos segmentos que mais crescem dentro do mercado de startups, mas uma dificuldade em comum entre esses negócios focados em produtos para a saúde é o preço. 

Conforme Fernando Casagranda, sócio da Tecnoflex, no caso do Stake Device vai ser feita uma análise estrutural do produto, com o intuito de reduzir o número de componentes; identificar componentes em processo de obsolescência e substituí-los por peças comercialmente viáveis. 

“Neste ano, vamos olhar para a redução do consumo da bateria, dos custos com componentes de fabricação, estruturar a logística de compra de peças e de injeção plástica”, projeta Casagranda.

O objetivo no futuro é ampliar a gama de produtos da Stakecare. “Também vamos trabalhar com monitoramento e tratamento de dados, a partir das informações geradas pelo Stake Device, para mais a frente realizar comparações e desenvolvimento de algoritmos”, acrescenta. 

Serendipity as a Service

A palavra da língua inglesa ‘serendipity’ significa ‘ao acaso’ em português. Inspirado no termo Software as a Service, o Especial SaaS – Serendipity as a Service quer ressignificar o conceito para definir as conexões e encontros casuais que surgem no Instituto Caldeira, e se transformam em oportunidades para criação de novos produtos, serviços e soluções inovadoras. Neste especial, apresentamos algumas dessas histórias.

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