
O papel das universidades vai além de formar pessoas, destaca Lissandro Dalla Nora, da Universidade Franciscana
Lissandro Dalla Nora, da Universidade Franciscana, compartilha suas impressões e aprendizados na Missão a Londres a partir da perspectiva acadêmica. Em sua análise, ele destaca como a missão, organizada pelo Instituto Caldeira em parceria com a Invest RS, evidenciou o papel estratégico da colaboração internacional, a aceleração de tecnologias emergentes e a importância da união entre conhecimento aplicado, finanças e sustentabilidade para enfrentar os desafios contemporâneos. A experiência vivenciada em Londres reforça a necessidade de construir ecossistemas integrados e preparados para a complexidade e a velocidade das transformações tecnológicas globais.
1. O poder da conexão internacional
“Ficou muito claro como Londres consolidou uma cultura de colaboração intensa entre universidades, fundos de investimento e empresas. Essa proximidade acelera o ciclo de inovação e cria um ambiente magnético para talentos e capital de risco.”
A observação reforça um dos pontos mais marcantes da Missão Internacional, que é a interdependência entre diferentes atores do ecossistema de inovação. Londres demonstra, na prática, como a proximidade entre universidades, centros de pesquisa, fundos de venture capital e empresas cria um ambiente altamente fértil para o surgimento de novas tecnologias e negócios disruptivos. Para o Brasil, a experiência reforça a necessidade de integração mais orgânica entre academia, setor produtivo e políticas públicas voltadas à inovação.
2. O crescimento exponencial da IA generativa e da computação quântica
“As visitas à Cohere, IBM Quantum e Oracle mostraram que estamos só no início de uma transformação que vai impactar todas as indústrias. A demanda computacional para treinar modelos de IA e executar simulações quânticas vai exigir novas soluções energéticas e um debate sério sobre regulação, segurança e sustentabilidade.”
As empresas visitadas demonstraram que tecnologias como IA degenerativa e deep techs, estão em rápida evolução e devem provocar mudanças estruturais em praticamente todos os setores econômicos. No entanto, o crescimento dessas soluções também traz desafios significativos, como a pressão no sistema energético global, que exigirá uma infraestrutura especializada. Além disso, surgem questões urgentes ligadas à ética, à segurança dos dados e à regulamentação, o que demanda um esforço conjunto entre governos, empresas e sociedade civil para garantir um desenvolvimento responsável e sustentável.
3. O valor do conhecimento aplicado
“Nas palestras em Oxford, especialmente com o Dr. Felipe Thomaz e o Dr. Ludovic Phalippou, ficou evidente que o futuro dos negócios passa pela combinação de dados, criatividade e fundamentos financeiros sólidos. As universidades são protagonistas nessa transição.”
A programação acadêmica da missão ressaltou o papel transformador das universidades na era digital. Ao unir pensamento crítico, domínio de dados e visão de negócios, as instituições de ensino superior assumem uma posição central no desenvolvimento de soluções aplicáveis ao mercado. Especialistas convidados abordaram como a combinação entre análise quantitativa, criatividade e fundamentos financeiros é essencial para tomar decisões mais estratégicas em um ambiente altamente dinâmico. Essa perspectiva amplia a compreensão do papel da universidade, que além de formar profissionais, deve liderar processos de inovação com impacto direto na sociedade e na economia.
4. Ecossistemas financeiros e fintechs como motor de mudança
“Visitar a Hedosophia, Bloomberg e HSBC Innovation Banking mostrou como serviços financeiros digitais podem criar experiências acessíveis e transparentes, além de impulsionar a inclusão financeira em escala global.”
As visitas a instituições mostraram como o ecossistema local tem promovido transformações profundas por meio da digitalização e da inovação tecnológica. Fintechs e bancos digitais têm redesenhado a forma como pessoas e empresas acessam e utilizam serviços financeiros, tornando as operações mais simples, rápidas e acessíveis. Essa mudança não apenas melhora a experiência do usuário, mas também contribui para a inclusão de populações antes marginalizadas do sistema financeiro.
5. O compromisso com energia limpa e infraestrutura inteligente
“A UK Atomic Energy Authority e o Oracle Industry Lab trouxeram exemplos práticos de como fusão nuclear, IoT e gêmeos digitais podem ser aplicados a desafios críticos, como consumo energético crescente e sustentabilidade.”
Essas iniciativas mostram que o futuro da inovação passa, necessariamente, pela responsabilidade ambiental e pelo compromisso com a construção de infraestruturas mais inteligentes e resilientes frente às mudanças climáticas e ao aumento da demanda global por energia.
Takeaway pessoal
A missão reforçou que ambientes inovadores não se constroem de forma isolada. É fundamental criar pontes entre academia, mercado e poder público, e investir em talentos preparados para lidar com a velocidade e complexidade dessas transformações.
Ainda em 2025, o Instituto Caldeira irá realizar mais duas missões internacionais. Em agosto, ocorre a Missão ao Vale do Silício, com foco em Inteligência Artificial. Em outubro, a missão será na China, com o tema Tecnologia & Infraestrutura. Para saber mais acesse o link.