O Canadá é um país estratégico para qualquer empresa de tecnologia, diz Marcelo Tavares, da Global Affairs

A próxima missão internacional do Caldeira, em parceria com a Meta, será no extremo norte do continente americano, o Canadá, um dos maiores clusters de inovação do mundo. A partir deste domingo (25), o Caldeira vai acompanhar empresas e startups brasileiras rumo à terras canadenses, em busca de parcerias, internacionalização e muito aprendizado. A comitiva também vai participar do Collision, um dos maiores eventos de tecnologia do mundo, que acontece em Toronto desde 2019. 

O Collision acontecia antes no Vale do Silício, nos EUA, mas migrou para o Canadá por um simples motivo: o país se tornou um dos principais destinos para empresas e startups que buscam internacionalização. Hoje cresce 350% mais rápido em número de profissionais de tecnologia do que os EUA

Outro ponto positivo é a própria relação do Canadá com o resto do mundo.

O Canadá é um país com cultura fundamentalmente colaborativa, aberta a todas diferenças, e isso se traduz também nos negócios, já que 25% da força de trabalho especializada vem de outras nações. O Canadá é um país estratégico para qualquer empresa de tecnologia, diz Marcelo Tavares, Senior Investment Officer da Global Affairs Canada.

Carolina Cavalheiro, head de Negócios e Comunidade do Instituto Caldeira, lembra que uma das intenções da missão é aprender o modelo de desenvolvimento canadense a partir de programas de fomento locais para startups.

Tássia Skolaude, CMO da Meta, empresa que é uma das fundadoras do hub de inovação gaúcho e possui uma unidade em Waterloo, ressalta também que há um movimento no mercado de tecnologia de migração do Vale do Silício para outros pólos de inovação, especialmente o canadense.

Neste conteúdo, vamos te mostrar todos os potenciais desse país, que tem muito a oferecer às empresas de tecnologia brasileiras.

Para quem busca internacionalização

Além de todas as facilidades de um ambiente de negócios com pouca burocracia e muitos incentivos do Governo Federal, no Canadá as empresas têm um custo de operação relativamente baixo, principalmente em comparação aos EUA e a Europa. O país tem políticas de atração de empresas e talentos estrangeiros já que, mesmo que seja territorialmente maior que o Brasil, tem população menor que a do estado de São Paulo.

Tavares lembra que o Canadá é o único país do G7 com acordos de livre comércio com todas as demais nações participantes. 

“O Canadá é líder em acordos bilaterais de livre comércio. Ou seja, ter uma operação no país significa vender com tarifa zero para mercados como o europeu e o norte-americano”, diz o executivo.

Tavares promove missões empresariais aos Canadá. Foto: Acervo pessoal.

Incentivos à tecnologia

Dentre os diversos programas do governo, municípios e províncias canadenses, muitos são destinados à produção de tecnologias e desenvolvimento de startups, o que vale para todas as empresas que operam no país, sejam estrangeiras ou não. 

Tavares explica que o Governo do Canadá subsidia a contratação de profissionais da área de tecnologia, desde que eles estejam cursando mestrado, doutorado ou pós-doutorando. O programa subsidia 50% do salário desse profissional por quatro meses, e este prazo pode ser renovado.

“Para empresas inovadoras, existe também a possibilidade de um benefício de isenção tributária para parte dos investimentos realizados em inovação e tecnologia, o que vale para compras de equipamentos até o pagamento de salário de um profissional”, diz o diretor financeiro Global Affairs Canada. 

O percentual de isenção varia conforme a província, mas em média é entre 27% e 30% do imposto devido que a empresa pode abater, acrescenta.

Outro programa é o Startup Visa, que oferece o visto de imigração facilitado para startups estrangeiras que se adequem ao programa de aceleração e incubação canadense. Se aprovados no programa, até quatro fundadores, com suas famílias, ganham visto para morar no Canadá.

Collision

Um dos mais expressivos eventos da indústria tecnológica, conhecido como olimpíadas da tecnologia, o Collison reúne os principais speakers e empresários da nova economia para falar sobre o futuro da inovação e antecipar insights sobre as mudanças de mercado. Dos mesmos criadores do Web Summit, Collision começou em 2014 no Vale do Silício e migrou para o Canadá em 2019, em razão do crescimento do país no mapa da inovação. 

Para a edição de 2023, são esperados mais de 40 mil participantes de cerca de 140 países. Com speakers anteriores como Brad Smith, presidente da Microsoft, e Kate Brandt, sustainability officer do Google, “o Collision rompe barreiras, e dá espaço para  inovação e comunidades para juntarem-se para resolver os verdadeiros desafios e problemas do nosso tempo” segundo o RBC, maior banco do Canadá.

Corredor Toronto-Waterloo

Outro objetivo da Missão Canadá é conhecer a pujança do Corredor Toronto-Waterloo, cluster de tecnologia que vem crescendo em patamares superiores aos do Vale do Silício, na Califórnia. Além de ser um polo totalmente plural, com 25% da força de trabalho especializada de outros países, a região já cresce 350% mais rápido em número de trabalhadores em tecnologia do que os EUA.

As empresas dessa região lideram setores como Inteligência Artificial, Fintech, Healthtech, Sustentabilidade e Cidades Inteligentes

O Corredor Toronto-Waterloo fica próximo a diversos laboratórios de empresas e centros acadêmicos, como a Universidade de Toronto, famosa pela descoberta da insulina e das células-tronco. 

Relação com o Brasil

Brasil e Canadá compartilham características comuns que os aproximam. São democracias com sociedades plurais, com dois dos maiores territórios do mundo (5º e 2º, respectivamente), de acordo com informações do Ministério de Relações Exteriores.

O Canadá é o 12º maior parceiro comercial do Brasil. Em 2022, o comércio bilateral somou, pela primeira vez, mais de US$ 10 bilhões, um aumento de 40,9% em relação a 2021. As exportações brasileiras chegaram a US$ 5,39 bilhões, um crescimento de 9,6%, enquanto as importações do Canadá somaram US$ 5,16 bilhões, um aumento de 100,6 %. Naquele ano, o Brasil importou US$ 3,7 bilhões em fertilizantes ou fertilizantes químicos do Canadá, o que representou cerca de 72% do total das importações brasileiras daquele país (um aumento de 151% em relação ao ano anterior).

Os dois países têm uma relação de investimento sólida e de longa data. O Canadá é o 9º maior investidor no Brasil (dados de 2021). O Brasil é o maior investidor da América Latina no Canadá, estando entre as vinte maiores fontes de investimento estrangeiro direto. 

A cooperação educacional tem se destacado como um dos setores mais dinâmicos das relações bilaterais. O Canadá é o principal destino dos estudantes brasileiros no exterior.

Saiba mais

Neste domingo (25), a comitiva de empresários liderados pelo Instituto Caldeira saíra do Brasil rumo ao Canadá, com volta prevista para o dia 1º de julho. Após a missão, haverá um levantamento dos principais pontos da visita na sede do Caldeira, em Porto Alegre, aberto a todos os membros.

Para acompanhar mais conteúdos acesse o blog do Instituto Caldeira.