Mercado doméstico grande inibe Brasil de pensar em soluções globais, alerta Fargis

A China e seu potencial de receber negócios brasileiros foi o tema central da edição de janeiro do Go Global, apresentado por Ricardo Geromel, embaixador internacional do Instituto Caldeira e sócio na 3G Radar.

No encontro online, ele recebeu John Fargis, sênior adviser na Guggenheim Partners, empresa global de investimentos e consultoria com mais de US$ 300 milhões em ativos sob gestão, que disse discordar do mito de que a China quer projetar o seu poder.

Há muitas interpretações erradas, inclusive de que queremos controlar o mundo. Eu não concordo”, destacou, direto dos Estados Unidos.

Fargis deu dicas sobre como os negócios devem atingir a população chinesa, detentora da maior classe média do mundo. Para ele, o segredo está em definir uma região específica, pois, devido ao tamanho da nação, há muitas diferenças entre Norte e Sul.

Na China, há 50 ou 60 cidades com mais de 5 milhões de pessoas. É um destino disruptivo para novas ideias. O segredo para uma companhia que pensa em ir para a China é pensar onde faz sentido começar. Talvez sua solução seja melhor em uma determinada área”, aconselhou. Ele sugeriu, ainda, fazer parceria com empresas que garantam que as mensagens cheguem de forma certeira.

Ao analisar o cenário internacional, Fargis admitiu que países como o Brasil e os Estados Unidos têm mais dificuldades de pensar em soluções globais, pois seu mercado doméstico já é bastante grande. Diferentemente do que ocorre em Israel, por exemplo, que tem uma população de cerca de 10 milhões de pessoas e lança negócios já pensando no exterior.

Um ponto positivo para o Brasil em relação à China é sua reputação. Como é um país de tamanho continental também, há muita afinidade na forma de desenvolvimento de produtos e serviços, interpretou Fargis. Mesmo assim, de acordo com ele, continua havendo muitas pessoas na China que têm uma ideia nebulosa do que é o Brasil, assim como o Brasil tem da China. Isso faz com que coisas que poderiam acontecer não aconteçam. Há potencial para empresas que entendem as relações bilaterais como uma oportunidade.

O professor citou, ainda, o Japão como um destino promissor, lembrando que “depois que uma marca entra lá, não sai mais”.

No Japão, é difícil casar, mas impossível divorciar”, brincou.

Sobre o Brasil, ele disse ser fã da Magalu. Acha a CEO, Luiza Helena Trajano, uma mulher fascinante. E reforçou que há um entendimento mundial sobre a importância da posição do País na América Latina.