Israel caminha a passos largos para ser líder no mercado global de IA

Na corrida pela liderança do mercado de Inteligência Artificial (IA), embora o maior player ainda seja os Estados Unidos (EUA), um pequeno país do Oriente Médio vem ganhando destaque e consolidando-se na vice-liderança: o nomo dele é Israel. De 2018 a 2021, os investimentos em IA saltaram 481% no país judaíco, acima de qualquer potência global, como China e o próprio EUA. Isso faz de Israel um dos pólos mais promissores no uso da tecnologia IA e o Instituto Caldeira teve a oportunidade de acompanhar como, e por quem, ela vem sendo empregada no país.

No que diz respeito ao crescimento de investimentos em IA Israel já lidera o mercado. Em 2021, o país registrou um investimento massivo de US$ 2,41 bilhões no segmento, quase dobrando o valor do ano anterior. Já entre 2011 e 2019, o montante de investimentos em projetos de alta tecnologia em IA no país aumentou mais de 12 vezes, de US$ 300 milhões para US$4 bilhões.

De acordo com a Embaixada do Brasil em Tel Aviv, a região vem se tornando, nos últimos anos, um dos principais atores internacionais em matéria de IA, muito embora não haja estratégia, plano ou programa nacional, conduzido pelo governo, de maneira coordenada e centralizada, voltado a esse campo. “As atividades em IA são conduzidas,preponderantemente, de maneira descentralizada e independente, por atores privados, universidades públicas e unidades regionais de pesquisas, além das Forças Armadas.

Para Itai Green, fundador e CEO da Innovate Israel, isso se dá pelo forte potencial das startups israelenses, aliado também ao incentivo do governo e interesse do mercado para com essas empresas.

O ecossistema de negócios Israel é tão maduro que temos cerca 500 multinacionais constantemente buscando inovação no país e preparadas para investir em startups early-stage que ditarão os novos rumos do mercado.

Por outro lado, acrescenta, o país tem um ecossistema de startups igualmente sólido. “Então de um lado nós temos o apetite das grandes empresas e de outro ótimas soluções desenvolvidas por startups. Mas o diferencial de Israel é incentivar a colaboração desses dois grupos”.

Startups 

Conforme dados da Autoridade de Inovação de Israel, havia, logo antes do início da pandemia de Covid-19, no primeiro semestre do ano de 2020, cerca de 1.400 empresas israelenses cujo escopo de atuação estava direta ou indiretamente ligado a IA, a maior parte delas (aproximadamente, 70%), startups criadas no período 2014-2019, com cerca de metade em estágio de pesquisa e desenvolvimento (P&D) e metade em estágio de maturação posterior, de vendas de produtos e/ou serviços. 

Uma das mais promissoras que esteve no roteiro do hub do gaúcho é a Corsight, startup que desenvolve aplicativos baseados em IA para reconhecimento facial mesmo em situações extremas, quando boa parte do rosto está coberto. O Caldeira já havia visitado a Corsight na missão realizada ano passado e percebeu neste novo encontro os avanços em minimizar a margem de erro entre diferenças raciais e de gênero, o que torna a empresa a 1ª no mundo em acurácia no reconhecimento facial.

A tecnologia vem sendo usada na indústria de entretenimento, como em grandes estádios de futebol e cassinos, também em bancos, aeroportos e câmeras de rua. 

O Caldeira também visitou a startup aiOla, que desenvolve sistemas de IA nos segmentos de automação. Na reunião com aiOla, a comitiva conversou sobre o histórico do uso da Inteligência Artificial e o potencial futuro que as soluções baseadas em IA podem atingir. A tecnologia da startup converte processos manuais em fluxos de trabalho baseados em fala orientados por IA para permitir operações mais inteligentes, seguras, colaborativas e eficientes.

Universidades

Segundo a Embaixada do Brasil em Tel Aviv, todas as sete universidades públicas de Israel mantêm unidades robustas exclusivas para pesquisa e desenvolvimento de tecnologias baseadas em IA. Esses projetos são regidos por pesquisadores e ex-alunos dos centros acadêmicos. O Instituto Caldeira visitou duas dessas instituições: Technion e Weizmann Institute.

No caso do Weizmann Institute, o Weizmann Artificial Intelligence Center (WAIC) é um dos líderes mundiais em visão computacional, aprendizado de máquina, neurobiologia, ciência de dados e robótica. A universidade abriga seis Prêmios Nobel e tem receitas anuais em `royalties` superiores às das universidades de Harvard e Stanford e do MIT, somadas.

A comitiva Caldeira foi recebida por Daniel Schmit, CEO do Weizmann Institute LATAM, que apresentou pesquisas e algoritmos que vêm sendo desenvolvidos por brasileiros para prevenção de incêndios, terapias em neurociência e IA aplicada ao movimento humano.

“Nós pesquisamos os mistérios do universo a partir da ciência básica: química, física, matemática e ciência da computação”, conta Schimit.

Na universidade, a busca por reunir pesquisadores de excelência de todo o mundo se reflete desde sua fundação:

– Albert Einstein esteve entre os membros do Conselho;

A delegação também seguiu até a cidade de Haifa para conhecer a Technion, a melhor e mais antiga universidade do país, que é conhecida como o “MIT de Israel”.  O Caldeira foi recebido em uma experiência interativa sobre a história e conquistas acadêmicas da universidade, comandada pelo pesquisador Rafi Nave e o professor Wayne Kaplan, VP de Relações Externas. 

Fundado em 1912, bem antes da independência de Israel, em 1978, a universidade Technion está entre as 100 melhores do mundo em diversos rankings globais, além de acumular quatro Prêmios Nobel.

O Machine Learning and Intelligent Systems (MLIS) é a unidade responsável pela criação de conhecimento e pesquisa na área de IA da Technion, além de fazer a ponte com instituições externas e iniciativa privada. De acordo com o CSrankings.org, o Technion ocupa o 1º lugar em P&D em IA quando comparado com instituições na Europa, e o 15º em relação ao mundo.

Health

A comitiva Caldeira visitou o Hospital Hadassah, em Jerusalém, fundado há mais de 100 anos e que contempla, além das áreas de atendimento e tratamento médico, um centro de pesquisa e educação e também um hub de inovação que conecta médicos, pesquisadores, empreendedores e investidores na área health.

O Instituto conheceu o trabalho de pesquisa do PhD Shai Rosenberg, que lidera o projeto de IA e machine learning na jornada do tratamento de pacientes oncológicos. O Hadassah ocupa a 1ª posição entre os centros de excelência em pesquisa genética no mundo e é referência mundial na formação de pesquisadores de IA aplicada à saúde.

Forças Armadas

Nos últimos anos, aplicativos de IA têm sido particularmente difundidos nos campos da defesa e da segurança em Israel, principalmente para a automação da segurança nacional. Uma das tecnologias mais conhecidas nessa seara é o Iron Dome, sistema de defesa antiaérea usado em conflitos na Faixa de Gaza. O Iron Dome já interceptou no ar, de forma totalmente autônoma, centenas de mísseis e outros vetores que iriam atingir o território israelense. 

Além dele, outras aplicações de IA são usadas no front. Em 2018, o Prêmio do Primeiro-Ministro para Segurança foi concedido aos desenvolvedores de projeto baseado em ‘machine learning’ que teria contribuído na prevenção de centenas de ataques terroristas por intermédio de análise de ampla base de dados.

Há também o emprego de ferramentas de IA no campo da logística militar, como softwares de alocação de recursos e de suprimentos, que ampliam a capacidade de planejamento e previsibilidade das Forças Armadas.

Nas Forças Armadas, por exemplo, costuma-se dividi-los em dois grupos, conforme expõe o relatório da Embaixada brasileira no país. São eles: os que substituem “trabalhadores braçais”, como os voltados à decodificação automática, traduções e outras tarefas; e os que ajudam a tomar decisões e, em alguns casos, tomam decisões completamente autônomas sobre tarefas complexas, como os voltados a planejamento e previsão. 

O Caldeira se reuiu com representantes das Forças de Defesa de Israel, que apresentaram o programa de inovação das forças armadas no país, envolvendo parcerias globais, iniciativas educacionais para inovação interna e estrutura de open innovation.

Conheça mais sobre o ecossistema de inovação acompanhando as redes sociais do Caldeira e nosso blog. Até a próxima!