Itai Green, guru da inovação, dá 10 dicas para uma relação de sucesso com startups

Um dos maiores expoentes do ecossistema de inovação aberta em Israel, o empresário Itai Green é um dos grandes incentivadores da nova economia, e inclusive ganhou o título de ‘guru da inovação’’. Fundador e CEO da Innovate Israel, instituição que acelera a transformação tecnológica de empresas globais, conectando-as com startups israelenses, Green recebeu a comitiva do Instituto Caldeira, que visitou Israel pela 2ª vez, entre os dias 3 e 7 de setembro. 

Itai Green também é um dos maiores especialistas em ecossistemas corporativos de tecnologia e já falou em diversas palestras sobre o papel da inovação aberta no desenvolvimento de soluções robustas e para o crescimento conjunto dos negócios. 

Durante conversa com o hub de inovação gaúcho, Green falou sobre como as empresas tradicionais podem criar relações de sucesso com startups e ecossistemas empreendedores para entrar de vez na nova economia.

A melhor forma de desenvolver a inovação aberta é engajando o topo da cadeia corporativa, altos cargos de comando e os membros dos boards das grandes empresas. Quando elas passam a entender o valor da inovação, aumentam o orçamento para essas áreas e aceleram a conexão com a academia e startups. Essa foi a chave de Israel para inovação.

De acordo com o guru, em resumo, o primeiro passo é que a empresa estabeleça seus desafios e metas e como o ecossistema pode ajudá-la; depois é preciso encontrar startups em linha com seus objetivos e criar um MVP do projeto. Com o projeto validado, integre a tecnologia ao seu negócio. 

“Mas o fundamental é que durante esse processo de validação e integração a relação seja de parceria com a startup. O começo precisa ser um negócio colaborativo. Se após isso for estratégico para a empresa, ela pode investir ou tentar comprar a startup”, acrescenta Green.

Ele sintetizou como criar uma relação de sucesso entre grandes companhias e startups em 10 dicas. Vamos a elas:

1- Garanta o comprometimento do board e diretoria da empresa com o processo de inovação;

A implementação bem-sucedida é um resultado direto do grau de comprometimento dos proprietários e CEOs de uma empresa.

2 – Tenha um único ponto de contato na empresa para a relação com startups;

Nomear um VP de Inovação que se reportará ao CEO é uma indicação da importância que a organização vê na inovação. Quanto maior a distância entre o Gestor de Inovação e o CEO, menor será o comprometimento da organização e menores serão as chances de sucesso.

3- Compartilhe seus desafios atuais com o ecossistema;

Uma corporação deve definir com precisão seus desafios tecnológicos e de negócios para saber quais startups ela precisa pesquisar e construir imediatamente uma “proposta de valor” para startups para que as melhores queiram trabalhar com a corporação e não com seus concorrentes.

4- Tenha em seu time pessoas com perfil de busca de oportunidade;

Quanto mais recrutamento de gestores e funcionários de inovação de mente aberta, aqueles que são curiosos, abertos, motivados pelo medo de perder – maior será a probabilidade de a organização ter sucesso.

5 – Fale a língua das startups e aprenda a funcionar na mesma lógica;

As startups NÃO falam a linguagem de uma corporação – uma corporação que quer trabalhar com startups não pode trabalhar de forma lenta ou burocrática. As startups vivem e respiram em um cronograma programado com base no fluxo de caixa que estão em seu pote.

6- Entenda startups como parceiros e não fornecedores;

As startups deixaram de ser fornecedoras da corporação e passaram a pagar nas condições de pagamento de 60 ou 90 dias. As startups estão sendo pagas (sim, não há brindes!) Imediatamente. As startups não são o banco da corporação, mas sim seu parceiro. E sim, as empresas pagam a startup por um piloto. Novamente – sem brindes!

7 – Tenha orçamento dedicado à inovação;

No primeiro ano em que a corporação atua com inovação, recomenda-se que o orçamento venha da gestão e dos proprietários.

8 – Não mensure inovação pelo retorno do investimento a curto prazo;

A inovação não se mede pela velocidade com que o investimento é devolvido. A organização muitas vezes não tem escolha senão adotar a inovação, ou elas desaparecerão.

9 – Se quiser equity com startups, pague por isso;

Uma corporação que insiste em receber porcentagens gratuitas da startup encontrará a startup trabalhando com o concorrente da corporação. A empresa não terá outra escolha senão investir grandes recursos em pesquisa e desenvolvimento, o que fará com que a tecnologia, produto ou serviço chegue ao mercado com um atraso considerável.

10 – Minimize a burocracia

Os acordos contratuais (mesmo os secretos) entre uma corporação e uma startup devem ser curtos e simples. As startups não têm recursos para pagar pela assessoria jurídica que acompanhará processos complexos e demorados. A propriedade intelectual pertence à startup (a menos que seja feito desenvolvimento conjunto).

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