Investimentos em startups caem diante de cenário incerto

Investimentos em startups caem diante de cenário incerto

Os investidores, definitivamente, sentiram os efeitos do cenário conjuntural no mundo, com guerra na Ucrânia ainda ativa, alta dos juros e da inflação. O investimento de risco em  startups caiu no primeiro semestre do ano.

Nos seis primeiros meses do ano, as startups brasileiras captaram US$ 2,92 bilhões ao longo de 327 transações – no mesmo período do ano passado, foram US$ 5,26 bilhões em 416 deals. Os dados fazem parte do mais recente Inside Venture Capital produzido pela plataforma de inovação Distrito, com apoio do Bexs Banco.

A queda nos investimentos se deu principalmente no segundo trimestre, tanto no volume quanto na quantidade de transações fechadas. No mês de junho, foram US$ 343 milhões captados em 45 rodadas, frente ao recorde de US$ 2,14 bilhões em 2021, ao longo de 76 negociações.

As startups brasileiras sentiram os efeitos do cenário macroeconômico. Diante disso, muitas empresas estão mudando a operação privilegiando caixas mais sustentáveis em detrimento do crescimento exponencial. Os empreendedores terão de mostrar habilidade ao manobrar a empresa e provar que o modelo é adaptável a diferentes contextos”, afirma Gustavo Araujo, cofundador do Distrito.

O volume investido nos estágios iniciais, porém, cresceu no primeiro semestre de 2022. As rodadas do tipo seed (anjo, pré-seed, seed) saltaram de US$ 151 milhões em 2021 para US$ 282 milhões este ano, enquanto os rounds early stage (que compreendem as séries A e B) passaram de US$ 1,23 bilhão para US$ 1,39 bilhão. A queda se concentrou, portanto, nas startups em estágio avançado de crescimento – na comparação anual, o montante desse grupo caiu de US$ 3,87 bilhões para US$ 1,24 bilhão.

A correção de valuation tende a afetar startups mais maduras, principalmente as que têm porte de unicórnio”, diz Araujo. “Empresas iniciantes que tenham um bom time e solucionem dores relevantes do mercado ganham espaço agora”.

As fintechs seguem liderando o ranking de investimentos por setor. As startups de serviços financeiros levantaram US$ 1,36 bilhão neste primeiro semestre. Na sequência aparecem as retailtechs (US$ 366 milhões) e HRtechs (US$ 247 milhões). As três principais captações do ano até o momento também foram em fintechs: Neon (US$ 300 milhões), Creditas (US$ 260 milhões), e Dock (US$ 110 milhões).