Alex Szapiro

Criar uma cultura que permeia o tempo e a escala: foi isto que Alex Szapiro, do SoftBank, aprendeu com Jobs e Bezos

Em mais de 30 anos como investidor, o conselheiro e executivo de empresas de tecnologia, Alex Szapiro, managing partner do SoftBank, acompanhou de perto o legado de mentes icônicas símbolos do mercado tech. Foram cinco anos como country manager da Apple e mais de oito na presidência da Amazon Brasil, período em que conviveu com Steve Jobs e Jeff Bezos.

O denominador comum de genialidade entre esses dois empresários, que se tornaram personagens míticos do empreendedorismo, é a capacidade de criar uma cultura que permeia o tempo e o tamanho da empresa. Esta foi a principal lição que Szapiro aplicou em seus negócios e em avaliações de startups ao longo da carreira.

“O grande feito desses empreendedores foi fazer com que uma empresa com 10 funcionários operasse da mesma forma quando escalaram para 10 mil. O segredo não está apenas na inovação do produto, mas em criar mecanismos que são replicáveis independente da escala da empresa”, conta o managing partner do SoftBank em conversa exclusiva com o Instituto Caldeira.

Szapiro acumulou posições de liderança tanto na Apple quanto na Amazon e aproveitou a oportunidade da conversa no South Summit Brazil 2024 para citar diferenças de comando entre Jobs e Bezos: 

“Enquanto a Apple é apaixonada pelo produto, o que move a Amazon são os clientes. Não existe certo e errado, mas visões diferentes que impactam diretamente na gestão. Na Apple, errar é inadmissível, enquanto a cultura da Amazon entende que o erro faz parte do processo de inovação”.

Durante o maior encontro de investidores da América Latina, realizado em Porto Alegre, Szapiro foi speaker no painel “Entrepreneurial Journey: From Big Techs to the Investment Market”. Além de contar histórias da sua jornada profissional, aproveitou para engrossar o coro de otimistas para o mercado de venture capital na América Latina em 2024.

“Através do SoftBank já investimos R$ 8 bilhões nos últimos três anos na América Latina. Estamos extremamente otimistas para 2024. Projetamos um olhar ainda mais atencioso do mercado latino-americano em detrimento da Ásia e Europa.”

“Temos que ignorar a macroeconomia”

Considerando que investimentos feitos hoje no mercado de startups, sendo assertivos, só darão retorno nos próximos 8 ou 10 anos, é preciso ignorar a análise macroeconômica e focar na capacidade tecnológica da empresa e a característica dos empreendedores, aponta Alex Szapiro.

A tecnologia é transversal e um fator decisivo aos segmentos e estágios de startups. Na visão de Szapiro, todos setores receberão atenção do SoftBank, mas o crivo será capacidade tecnológica . 

O que se busca, no final das contas, é retorno sobre investimentos, então não analisar algum setor pode ser sinônimo de perda de oportunidades, explica. “Por outro lado, o denominador comum para investirmos é tecnologia. Se não tiver um componente de tecnologia que realmente mude a empresa de patamar, melhore a produtividade ou aprimore a experiência de seus consumidores, não investiremos”. 

Já no aspecto de potenciais humanos, a resiliência do empreendedor fará a diferença em rodadas de investimento. 

O que a gente quer é o empreendedor com capacidade de mudar o jogo, de trocar a roda com o carro andando. Empreender é uma das coisas mais difíceis do mundo porque não existe fórmula. Então a química do time, o tamanho do mercado e capacidade do empreendedor em atrair talentos fará a diferença. 

Alex Szapiro traz o exemplo de quando empresários buscam investimento para contratações. “Se você usar o investimento para contratar a equipe, alguma coisa está errada. Agora se montar seu time quando não tem capacidade de investimento, significa que sabe motivar pessoas a embarcar em seus sonhos. Isso conta muito”, conclui.

Confira a cobertura completa do South Summit Brazil 2024 no blog do Instituto Caldeira.