Gestores de fundos de Growth Stage apostam em nova primavera dos investimentos a partir de 2024

Após dois anos do chamado inverno em investimentos, os gestores de fundos de venture capital estão mais otimistas em 2024. Líderes de grandes players desse mercado que participam do South Summit Brazil, como Endeavor Catalyst, Volpe Capital, Riverwood Capital e Warburg Pincus acreditam na chegada da primavera das startups com um panorama de retomada dos investimentos e consolidação e crescimento de negócios que passaram pelo período de turbulência. E a América Latina, em especial o Brasil, desponta como o cenário mais atraente.

Se em 2021, um boom de aportes de aproximadamente US$ 18 milhões dava a sensação de que as startups iam finalmente deslanchar na região, os anos seguintes foram um balde de água fria. Segundo Joaquim Lima, sócio da Riverwood Capital, agora o tempo mudou e as perspectivas são as melhores.

“O perfil do empreendedor brasileiro, de fazer mais mesmo em épocas de escassez, é um ponto positivo nesse momento de guinada dos investimentos na região. Estou muito otimista e, inclusive, temos um novo fundo focado em empresas escaláveis que, esperamos, trará boas safras”, afirmou Lima.

Para Lucas Mussi, vice-presidente da Warburg Pincus, gestora de private equity com US$ 83 bilhões em ativos sob gestão, a América Latina desponta como o destino mais promissor em um cenário global de instabilidade. “Hoje não estamos tão otimistas com mercados enormes, como a China. Olhamos para mercados emergentes e estamos redirecionando nosso olhar”.

Milena Oliveira, sócia e co-founder da Volpe Capital, fundo de venture capital focado em empresas em estágio de early growth, é categórica: “a China foi cancelada”. “Temos muito o sentimento de que investidores estão olhando para mercados emergentes e, nesse caso, para Brasil e México”, define.

Se no ano de 2021 assistimos a excessos, a injeção de ânimo trouxe o capital que muitas empresas precisavam para começar a escalar seus negócios e aprender, até mesmo com o erro. Agora, o Brasil vive um novo momento de maturidade do ecossistema de inovação – com capital, times e infraestrutura de qualidade.

Em entrevista exclusiva ao Instituto Caldeira, Milena informou que a Volpe Capital, lançada em 2021, investiu apenas em torno de 50% do fundo de aproximadamente US$ 100 milhões ao longo de 2022 e 2023. “Verificamos que os valuations estavam muito descolados da realidade. Agora, considerando tudo o que aconteceu, temos modelos de negócios melhores, times mais experientes e oportunidades de investir em empresas a um preço condizente ao risco/retorno esperado para este momento”, declara.

Diminuição da presença do “capital turista” no Brasil anima investidores

Um pouco mais cauteloso, Igor Piquet, diretor da operação da Endeavor Catalyst na América Latina, admite que é preciso ser otimista, mas pontua que o momento não é dos melhores para investir. Para ele, a fuga de capital estrangeiro nos últimos anos deprime o mercado, mas é preciso atentar ao chamado “capital turista”, que entra e sai muito rapidamente na região e se torna um empecilho para o desenvolvimento total do ecossistema de negócios.

“São fundos globais que não tem presença no país, não conhecem nossa realidade e desistem assim que a primeira coisa vai mal. Eles compram na alta e vendem na baixa desvalorizando os ativos”, destaca.

Vários ciclos de entrada e saída de capital na região já ocorreram e quem investe na América Latina há muito tempo sabe acelerar e frear os investimentos na hora certa. Temos um ecossistema mais maduro, com talentos para fazer acontecer, tanto de empreendedores quanto investidores, fazendo com que em 2024 haja negócios cada vez mais resilientes; full de talentos; e a preços mais razoáveis

“Em 2023 houve um tsunami de liquidez motivado pelo cenário de juros baixos global e uma forte demanda por ativos mais baratos do que os encontrados em outros países do mercado global”, complementa Joaquim Lima, da Riverwood Capital.

Confira a cobertura completa do South Summit Brazil 2024 no blog do Instituto Caldeira.