BiotechTown quer investir em startups de bionegócios

BiotechTown quer investir em startups de bionegócios

Um hub de inovação voltado para o desenvolvimento de empresas, produtos e negócios nas áreas de Biotecnologia e Ciências da Vida. Este é o BiotechTown, iniciativa criada em 2018 em Minas Gerais que visa fomentar a criação de soluções, investindo e acelerando startups do ecossistema.

Desde a sua criação, o hub já investiu em 23 startups de diferentes partes do Brasil, com R$ 6,9 milhões aplicados, e agora trabalha para expandir esse número.

A partir de setembro, o plano é investir em mais dez startups através da 4ª edição do seu Programa de Desenvolvimento de Negócios, que faz parte de uma das grandes frentes do hub. Apoiado no conhecimento científico, tecnológico e de mercado para viabilizar conexões que impulsionam startups e empresas de todos os portes, o BiotechTown tem como base três pilares de atuação: a unidade de desenvolvimento de negócios, o Open Lab e o Contract Manufacturing Organization (CMO).

A atuação do hub está muito ligada à saúde humana, animal e ao digital health e tem como ideia principal o desenvolvimento dos chamados bionegócios. São empresas de biotecnologia que envolvem soluções criadas em laboratórios, por exemplo, advindas de bancadas de universidades e de pesquisas desenvolvidas por acadêmicos, e que tem um potencial para desenvolverem um produto que chegue às pessoas.

Bionegócios tem características únicas para as quais precisamos ter mais atenção. Por envolverem questões científicas, demandam mais tempo de maturação do produto e também de como será a estruturação do negócio e da regulamentação”, comenta Edgard Guedes, gerente de comunicação e marketing do hub.

Por esta razão, o programa de desenvolvimento tem duração de 12 meses, sendo que, após o término, o hub mantém o contato com as startups através das suas outras frentes de trabalho. “O mercado oferece inúmeras oportunidades para os bionegócios se estruturarem melhor. Temos nos surpreendido com a qualidade dos projetos que têm aparecido”, diz o gestor.

Ainda dentre os pilares, o BiotechTown conta com o Open Lab, laboratório compartilhado de 363m² que possibilita o aluguel de equipamentos e estrutura, produção de ensaios ou experimentos e elaboração e execução de Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação (PD&I).

O espaço, que visa atender pesquisadores e empresas de todos os portes, já vem sendo utilizado por startups aceleradas e empresas realizando treinamentos, como o de bioimpressão 3D, feito recentemente.

Além disso, como terceiro pilar, a infraestrutura do hub possui o CMO, uma planta de produção de 495m² criada para desenvolver lotes-pilotos e lotes comerciais de produtos para a saúde de forma exclusiva e customizada em escala industrial. Nela, tudo é feito sob demanda, a partir da necessidade de fabricação de uma determinada empresa.

De acordo com Guedes, a ideia para o BiotechTown agora é estabelecer canais e encontrar oportunidades de acelerar novos negócios e de promover a inovação. “Temos efetivado parceiras com instituições ligadas à inovação e ao empreendedorismo, e o Instituto Caldeira é uma delas”, conta.

Esse termo de cooperação vai promover interação entre as duas instituições e troca de experiências de conhecimento técnico”, completa.

Startups investidas

Dentre as 23 startups investidas pelo BiotechTown até hoje, algumas se destacam. Uma delas é a Far-me, uma farmácia que fornece um serviço personalizado para pessoas que utilizam múltiplos medicamentos contínuos.

O seu tratamento é fornecido em embalagens individualizadas para o período de 30 dias de acordo com a hora e data prescritos. A startup se integrou ao Grupo Mafra e agora faz parte do Viveo, um ecossistema de soluções para toda a cadeia da saúde.

Outro destaque é a Quantis, de biofabricação de insumos de alto valor agregado, tendo a bioimpressão e a engenharia genética como tecnologias principais. O primeiro dos insumos é o colágeno tipo 1 ultrapuro bioidêntico ao humano, aplicável inicialmente à indústria de preenchedores dérmicos (tratamento de rugas e linhas de expressão, por exemplo) e expansível para outras aplicações, da medicina regenerativa aos cosméticos.

Este é um dos exemplos de startup que aproveita a estrutura do BiotechTown como um todo: é acelerada pelo Programa de Desenvolvimento de Negócios, utiliza o Open Lab para produção da sua tecnologia e definiu o coworking do hub como escritório da sua equipe em Minas Gerais. Recentemente, ainda recebeu novo investimento da Alvarez & Marsal que surgiu a partir das conexões viabilizadas pelo hub.

O terceiro destaque é a Ziel, startup gaúcha voltada à pesquisa e desenvolvimento de tecnologias inovadoras na área de oncologia e saúde da mulher. Seus dois principais produtos em desenvolvimento são um teste para avaliação de quimiorresistência de tumores hematológicos, de mama e de ovário e um autocoletor associado a um teste para rastreamento de câncer de colo de útero. Hoje, possui 19 pedidos de patente no total.