
“Você não usa o que é melhor. Você usa o que todo mundo usa”, afirma Guilherme Horn, head do WhatsApp
“Você não usa o que é melhor. Você usa o que todo mundo usa” – a afirmação de Guilherme Horn, Head do WhatsApp para Mercados Estratégicos (Brasil, Índia e Indonésia), durante o painel “Como a comunicação está redefinindo os negócios e facilitando conexões globais” no South Summit Brazil 2025, sintetiza a força por trás da popularização do aplicativo no país. Com uma trajetória marcada por inovações – da fundação da corretora Ágora, vendida por US$ 500 milhões, à criação da primeira plataforma digital de investimentos do Brasil –, Horn conhece como poucos a lógica da adoção em massa de tecnologias.
O sucesso da plataforma nos mercados estratégicos prova que tecnologia não precisa ser sofisticada para ser transformadora. Basta estar onde as pessoas estão, resolvendo problemas que elas já têm. “Todo mundo usa, todo mundo é ‘reviewer’. O desafio é continuar relevante“, considera Horn, deixando claro que, no mundo digital, a simplicidade bem executada ainda é a maior inovação possível.
O WhatsApp pegou muito nos locais onde o SMS era pago. Virou um substituto acessível.
Horn ainda destaca como a plataforma se tornou parte essencial do cotidiano brasileiro não por ser tecnicamente superior, mas por ser onde todos já estavam.
Para pequenas empresas e startups, o WhatsApp representa mais do que conveniência: é um acelerador de crescimento. “É um canal que já existe, está aberto o dia inteiro nas mãos das pessoas”, afirma Horn. Enquanto desenvolver um aplicativo próprio exige tempo e recursos, o mensageiro oferece uma solução imediata, com baixa curva de aprendizado.
Startups, em especial, se beneficiam dessa acessibilidade – “elas já nascem no WhatsApp“, brincou o executivo, lembrando que a plataforma elimina barreiras como custos de aquisição de clientes e desenvolvimento de infraestrutura. Empresas de todos os portes, desde microempreendedores até grandes corporações, encontraram no app uma forma de se aproximar do público, seja pelo WhatsApp Business, com catálogos e respostas automáticas, ou pela API, usada por negócios que demandam escala e integração com outros sistemas.
A revolução promovida pelo WhatsApp, no entanto, não para na comunicação. Horn acredita que a inteligência artificial será o próximo capítulo dessa transformação. “O WhatsApp será um canal importante para a IA”, antecipa, citando como assistentes virtuais e chatbots já estão mudando a interação entre empresas e clientes.
No Brasil, onde “o brasileiro mora no WhatsApp“, o impacto tende a ser ainda maior. Pequenos empreendedores poderão, em breve, treinar seus próprios agentes de IA para tarefas como atendimento e gestão financeira, um avanço democratizante em um país onde burocracia e falta de recursos são desafios constantes.
Horn aborda também sobre os riscos da fragmentação tecnológica. Compara a era atual ao início da internet, quando sites priorizavam experiências “bonitas” em vez de práticas e acessíveis. “Isso não funciona. O que precisa ter de mais certo é a própria forma”, alerta, defendendo que plataformas como o WhatsApp prosperam justamente por resolver problemas reais de maneira simples.
Sua trajetória – de empreendedor a investidor anjo de mais de 60 startups e, agora, líder na Meta – reforça essa visão pragmática. “Meus 22 anos como empreendedor foram feitos de muitos sacrifícios. O desgaste foi grande”, admite, lembrando que aceitou o cargo no WhatsApp para vivenciar os desafios de gerar receita e escalar operações em um novo contexto.
O futuro, na visão de Horn, será moldado pela capacidade de adaptação. Se antes o WhatsApp substituiu o SMS, agora se prepara para integrar IA de forma orgânica, mantendo sua essência: “É uma conversa natural, no formato de relacionamento que as pessoas já conhecem”.