Monique Evelle

“Se tudo é IA, no fim do dia sobra o quê? Sobra você”, diz Monique Evelle

Aos 28 anos, Monique Evelle tornou-se a Shark mais jovem do Shark Tank da América Latina. Investidora, empreendedora e uma das vozes mais relevantes do ecossistema de inovação no Brasil, ela acredita que, mesmo diante do avanço das tecnologias e da Inteligência Artificial, a diferenciação ainda está nas pessoas, o que pode reforçar o senso de propósito nos negócios. “Se tudo é IA, no fim do dia sobre o quê? Sobra você!”, afirmou durante palestra no Instituto Caldeira, em Porto Alegre.

Para Monique, a construção de marca pessoal e institucional é uma das estratégias mais importantes para quem quer alcançar consistência nos negócios e na carreira. “O empreendedor tem pressa. Às vezes ele ignora que, a longo prazo, é a marca — que não é sinônimo de performance — que faz a diferença”, diz. Segundo ela, vivemos uma crise de confiança nas instituições, e por isso é fundamental posicionar-se como uma liderança. “Se você ou sua empresa não forem uma liderança, você não converte nos seus negócios ou na sua carreira.”

Fundadora da Inventivos, plataforma voltada para profissionais e fundadores que desejam crescer de forma estratégica e sustentável, Monique também lidera a Inventivos Brands, unidade de negócios especializada em conectar oportunidades comerciais à identidade dos clientes. Com experiência própria nesse processo, ela afirma que branding não é apenas um diferencial, mas um fator de sobrevivência.

Branding é quando você para todos os investimentos e ainda assim funciona. Se você parar, as pessoas continuam comprando de você, continuam te chamando para eventos.

Não à toa, Monique foi reconhecida internacionalmente por sua atuação. Está entre as 500 personalidades mais influentes da América Latina, segundo a Bloomberg Línea, e foi nomeada uma das Personalidades Negras mais Influentes do Mundo na categoria Negócios, pelo MIPAD (ONU). Também foi destaque na lista 30 under 30 da Forbes Brasil e apontada pela versão norte-americana da revista como uma das maiores empreendedoras do país.

Em sua fala, ela também abordou a importância de construir autoridade com base em consistência e verdade. “Qual o seu produto? Qual a sua solução? Para quem ela é relevante?”, questiona. Para ela, não existe marca sem entrega — e é aí que entra o autoconhecimento. “É preciso reconhecer os seus limites, ter um bom time, saber quando e como comunicar sua mensagem.”

Monique chama atenção para a tentação de seguir tendências vazias. “Também é importante entender qual o seu canal de aquisição, porque certamente não é a próxima trend, não é a próxima dancinha, a não ser que isso converse com o seu produto e seu público. Existem mais de 20 canais de aquisição. Qual faz mais sentido para você?”, provocou. E completou com um recado direto sobre conexões profissionais: “Networking é quando você tem algo para trocar. Quando você não tem nada para trocar, quando você só toma energia e tempo de alguém, é roubo. Tenha o que entregar.”

Entre os diversos pontos abordados durante sua participação, Monique também destacou os conceitos de relevância, elasticidade, força da marca, preferência e identificação com o consumidor. Usou como exemplo a Havaianas: “Se elas fossem só as sandálias Havaianas, como iriam vender roupas ou sapatos? É preciso pensar na elasticidade, pensar que amanhã meu produto pode ser outro com a mesma essência da marca.”

Premiada no Women to Watch Brasil em 2023 e considerada uma das 50 profissionais mais criativas do país pela Revista Wired, Monique mostrou que construir uma marca forte é mais do que um diferencial — é um ativo estratégico. “Para mim, as instituições financeiras geralmente não são empresas que as pessoas gostam. Mas aí nasceu um banco que não é banco, um roxinho, e que as pessoas passaram a amar. Isso é força de marca.”