
Quatro takeaways do SXSW sobre avanços tecnológicos – por Bernardo Queiroz, CRO da Aprix
Bernardo Queiroz é CEO da Aprix, startup especialista em resolver problemas complexos de precificação com alto volume de dados usando inteligência artificial. Confira os principais insights do empreendedor, durante o SXSW 2025.
Por Bernardo Queiroz
Desde que ouvi falar do South by Southwest pela primeira vez, em 2013, tive a convicção de que ir ao evento seria o equivalente a fazer uma viagem ao futuro. Doze anos depois, confirmei não só que o evento é uma viagem ao futuro, mas que já estamos encostando em uma era que achávamos estar ainda muito distante (com computadores quânticos e carros voadores).
Os 4 takeaways listados permeiam avanços tecnológicos extraordinários mas também evidenciam que aquilo que conecta os seres humanos uns aos outros, as boas histórias, seguirão tendo espaço em eras cada vez mais digitais.
1º takeaway: computação quântica será a próxima tecnologia a quebrar paradigmas
Estive em palestras do CEO da IBM, da COO do Google Quantum AI e do CEO da D-Wave, e saí absolutamente impressionado com a revolução que a computação quântica deve realizar nos próximos anos. O ganho de eficiência é de uma magnitude impressionante. Cálculos que poderiam levar alguns milhares de anos se executados por um computador clássico deverão ser processados em poucos minutos em computadores quânticos. O universo que se abre a partir disso no estudo de moléculas para desenvolvimento de medicamentos, composição de materiais ou otimizações de processos é extraordinário. Ainda são aplicações que estão em estudo, porém extremamente promissoras. Quem quiser aprofundar, recomendo o canal Qiskit, no YouTube ou a leitura do estudo recente da D-Wave.
2º takeaway: em um mercado cada vez mais digital, coordenar experiências no offline será sempre um diferencial
Além das diversas ativações de marcas ao longo do evento, uma palestra do presidente da Disney Experience, Josh D’Amaro, e do copresidente da Disney Entertainment, Alan Bergman, revelou como a Disney é obcecada pela experiência do cliente. A companhia está coordenando experiências entre o offline e o digital de forma impressionante. Eles mencionaram o lançamento de brinquedos nos parques da Disney no mesmo dia do lançamento dos filmes nos cinemas, criando uma sinergia entre as experiências que se estendem do parque para o cinema e retornam com produtos que expandem o universo dos filmes. A Pixar e a Marvel também participaram da conversa, destacando a importância de colaboração entre diferentes equipes da Disney para criar essas experiências. Pete Docter, diretor de criação da Pixar, afirmou que, ao desenvolver novos universos para seus filmes, eles sempre se perguntam: “Gostaríamos de visitar um brinquedo inspirado nesse universo na Disney?”

Por fim, para proporcionar uma experiência em linha com o que estavam propondo ao longo das suas falas, eles convidaram o ator Robert Downey Jr., que interpreta o Iron Man, para subir ao palco de surpresa e encerrar a palestra. Caso queira aprofundar, sugiro pesquisar no youtube sobre o brinquedo “Stark Flight Lab Ride”, da Disney, inspirado na franquia do Iron Man. Spoiler: foram contratados bailarinos que tiveram seus movimentos captados através de sensores para que os braços mecânicos do brinquedo pudessem movimentar-se com a leveza de uma dança.
3º takeaway: podcast será a mídia mais consumida em 2025. Como estar presente nessa mídia?
Scott Galloway fez suas previsões anuais, como sempre ocorre no SXSW. Algumas me chamaram atenção, dentre elas o podcast como a principal plataforma de consumo de conteúdo para 2025, segundo Galloway. Talvez não seja necessariamente uma novidade, porém os podcasts estão assumindo cada vez mais o formato de vídeos, o que garante uma dimensão a mais para propaganda e divulgações. Ainda assim, menos de 1% dos podcasts existentes são sustentáveis atualmente em termos de geração de receita. Existe uma oferta gigantesca de podcasts nichados e uma demanda das marcas por conexão com seus públicos.
A pergunta que estive me fazendo ao longo da palestra foi: como minha empresa pode estar dentro dessa plataforma? É eficiente?
4º takeaway: o poder do storytelling
Ficou evidente como a capacidade de construir narrativas é determinante para o avanço de iniciativas de diferentes ordens. Ao observar grandes trilogias, como as da Marvel ou Star Wars, ou o impacto de parques como o da Disney nos seus visitantes, fica claro que o storytelling é o que mantém as pessoas envolvidas e apaixonadas. Migrando o assunto para a apresentação da computação quântica, todas as empresas centralizam sua comunicação em como essa tecnologia será definitiva para o desenvolvimento de novos medicamentos (criando uma unanimidade), mas nunca abordam os seus interesses comerciais e como essa tecnologia toca os seus negócios de forma objetiva. Mais uma vez, um bom storytelling. O próprio host do painel com a COO do Google Quantum AI questionou se “o Google não vai usar isso para melhorar os ads”, gerando risos na platéia.
Por fim, a mídia do ano, segundo as previsões de Galloway, será justamente aquela que conta histórias na era digital. O fenômeno dos “true crimes” também foi explorado como objeto de análise para evidenciar que as pessoas seguem se comovendo com boas histórias.
Acho sempre positivo passar por experiências que têm essa potência de renovar ambições e proporcionar reflexões que perduram. Foi isso que senti ao voltar para o “presente”. Desejo a todos que tenham o privilégio de renovar suas ambições periodicamente! É realmente transformador.