
Pix Force avança no mercado asiático e consolida internacionalização com novo escritório em Hong Kong
A Pix Force acaba de dar mais um passo decisivo na sua trajetória de internacionalização: a inauguração de um escritório em Hong Kong, porta de entrada estratégica para o mercado asiático. A nova unidade marca a expansão da startup brasileira de Inteligência Artificial e visão computacional para além da Europa e dos Estados Unidos, onde já mantém operações.
Com foco em se aproximar de clientes e oportunidades em países como China, Vietnã e Singapura, a decisão de estabelecer uma base em Hong Kong também atende a um critério pragmático — a estrutura jurídica local, baseada no sistema inglês, facilita acordos comerciais e reduz barreiras burocráticas e financeiras.
Com o novo escritório, a Pix Force passa a oferecer aos clientes internacionais um modelo de operação mais direto e eficiente. “Agora, por exemplo, uma empresa pode fechar contrato e pagar a unidade de Hong Kong, sem necessidade de intermediação via Brasil. Isso traz agilidade e reduz custos para os parceiros”, explica Renato Gomes, cofundador e presidente da startup.
A abertura da sede asiática vem na esteira de um movimento de crescimento acelerado. Nos últimos anos, a Pix Force saiu do status de promissora startup gaúcha para se tornar uma referência global em soluções baseadas em Inteligência Artificial, visão computacional e machine learning aplicadas à indústria.
O portfólio da empresa, que nasceu com foco nos setores de óleo, gás e energia elétrica, hoje atende também a indústrias como alimentos e bebidas. Gigantes como a Coca-Cola já utilizam tecnologias desenvolvidas pela empresa para automação e segurança em suas plantas industriais.

Essa ampliação de atuação reflete uma maturidade tecnológica que impressiona. As soluções da Pix Force são capazes de transformar câmeras convencionais — já instaladas em ambientes industriais — em sensores inteligentes que monitoram automaticamente o uso de equipamentos de proteção, detectam falhas operacionais e contribuem diretamente para a prevenção de acidentes. O software consegue, por exemplo, identificar se um trabalhador está usando corretamente uma touca ou capacete, sem que seja necessário instalar novos dispositivos.
Criada oficialmente em 2016 por Renato Gomes e Daniel Moura, a Pix Force surgiu a partir de uma conversa informal em 2015, durante um casamento na República Dominicana. Na época, os dois trabalhavam com imagens de grandes áreas — um na mineração, outro na consultoria ambiental — e identificaram o potencial de automatizar a análise dessas imagens com IA.
No início, o foco estava no uso de drones, mas rapidamente a dupla percebeu que o valor real estava na leitura automatizada das imagens.
A gente começou com algo pequeno. Nunca imaginamos que chegaríamos a mais de 115 pessoas e a clientes internacionais. Quando vimos empresas lá fora buscando soluções que desenvolvemos aqui, ficou claro que o Brasil podia ser protagonista em engenharia e tecnologia.
A virada veio em 2019, quando os fundadores passaram a se dedicar em tempo integral à empresa. A tecnologia desenvolvida pela Pix Force passou a se destacar por entregar resultados concretos em ambientes operacionais complexos. Desde então, a empresa registra um crescimento consistente — 40% apenas no último ano — e projeta dobrar esse número até o final de 2025.
O reconhecimento internacional foi sendo construído passo a passo. A primeira base fora do país foi inaugurada em 2021, na Finlândia, seguida pelo escritório em Houston, no Texas, em 2024. A cidade norte-americana, considerada a capital mundial da energia, abriga a sede da Pix Force nos Estados Unidos e integra o ecossistema do Greentown Labs, um dos principais hubs de inovação e sustentabilidade da região.
A presença em eventos estratégicos, como a CERAWeek 2025 — principal conferência do setor energético global — reforçou ainda mais a posição da startup no cenário internacional. Em um dos painéis, Daniel Moura destacou como as tecnologias desenvolvidas no Brasil, em parceria com operadoras locais, estão ajudando a elevar os padrões de segurança e eficiência da indústria global. Para ele, o mercado está cada vez mais atento ao que vem sendo feito em engenharia de ponta no país.
A gente começou a perceber que os olhares estavam voltados para o Brasil. O que estamos fazendo aqui é reconhecido lá fora, e isso abre muitas portas.
Essa trajetória também exigiu adaptações. “No exterior, o nível de exigência é altíssimo. Tratam a gente como tratam qualquer grande empresa de software. Por isso, levamos soluções que já estavam funcionando no Brasil. Não eram protótipos, eram tecnologias consolidadas”, explica Gomes. Segundo ele, esse modelo — em que o pagamento vem apenas com a entrega de resultados — exige fôlego financeiro, mas fortalece a reputação da empresa desde o primeiro contrato.
Hoje, com sedes em Porto Alegre, no Instituto Caldeira, São Paulo, no Cubo e Inovabra, Finlândia, Houston e Hong Kong, a Pix Force representa um novo momento para o ecossistema de inovação brasileiro. Mais do que desenvolver tecnologias, a startup busca posicionar o Brasil como referência em deep tech no cenário industrial global. “Não tem por que uma empresa brasileira não liderar esse setor. Temos talento, competência e soluções na vanguarda da inovação”, conclui Gomes.