Luis Justo, CEO do Rock in Rio

“O Rock in Rio nasceu a partir de uma insatisfação”, conta Luis Justo, CEO do festival

Em um painel sobre empreendedorismo e cultura de sucesso, Luis Justo, CEO da Rock World — empresa responsável por festivais como Rock in Rio, Lollapalooza e The Town — compartilhou insights sobre como construir uma cultura empresarial focada na experiência do cliente. A palestra ocorreu nesta terça-feira (8) no Gerdau Innovation Day, evento realizado pela Gerdau em parceria com o Instituto Caldeira durante a semana do South Summit Brazil 2025. O empresário iniciou sua fala com uma provocação: “O Rock in Rio nasceu de uma insatisfação”.

Justo relembrou a história de Roberto Medina, fundador do festival, que neste ano completa quatro décadas. Em meio ao cenário político e econômico conturbado do Brasil nos anos 1980, Medina decidiu não abandonar o país, mas sim criar algo grandioso para provar sua capacidade. “Ele anunciou o maior festival de música do mundo antes mesmo de ter qualquer artista confirmado”, conta. A ousadia deu certo: em 1985, o primeiro Rock in Rio reuniu 1,5 milhão de pessoas e artistas como Queen e AC/DC.  

Um dos principais aprendizados compartilhados por Justo foi a diferença entre produto e proposta de valor. Ele explica que, ao assumir a Rock World, acreditava que o negócio era comercializar ingressos para shows. Porém, ao lançar produtos como o Rock in Rio Card (vendido sem bandas confirmadas) e até vender a lama da primeira edição do festival, percebeu que o cliente busca por experiências inesquecíveis, não apenas o acesso a um show.  

Cliente não compra produto ou serviço, compra proposta de valor. Se você vende fast food, a proposta é rapidez. Se vende um jantar Michelin, é sobre celebração. No Rock in Rio, é sobre criar memórias.  

Outro pilar destacado é a cultura organizacional. Citando Peter Drucker — “a cultura devora a estratégia no café da manhã” —, Justo explica que valores compartilhados são essenciais para o sucesso. Na Rock World, até o setor financeiro é avaliado por criatividade. “Se a cultura não estiver alinhada, nenhuma estratégia funciona”, afirma.  

O CEO também trouxe cases de outras indústrias, como o da GE HealthCare, que transforma máquinas de ressonância magnética em “aventuras” para crianças, para que o exame seja realizado de forma mais confortável para os menores. “A Inovação surge quando você olha para a jornada do cliente além da funcionalidade”. 

Usando como exemplo o ideograma chinês, o empresário fala sobre crise. A palavra “crise”, em mandarim, combina as palavras “risco” e “oportunidade”. Justo relembrou um incêndio que destruiu a sede da Osklen, quando ocupava o cargo de CEO da marca. Em vez de focar apenas no prejuízo, a equipe criou a coleção Fênix, que se tornou um dos maiores sucessos.

Nenhuma crise vem sem uma oportunidade.  

Ele ainda celebrou os eventos de inovação. Para o empresário, o Innovation Day e o South Summit desempenham um papel crucial para as pessoas que estão começando a investir em seus negócios. Para Justo, esses momentos oferecem dois pilares essenciais. “Além, obviamente, de todos os conteúdos que são apresentados, dos palestrantes, que é o que acontece em cima do palco, existe tudo o que é feito embaixo do palco“, destaca, referindo-se à importância das relações e conexões que são criadas durante os encontros. Ele acredita que a essência dos eventos está nas oportunidades de networking, onde “a vida é ao vivo, a gente vive disso, fazendo isso, juntando e reunindo pessoas”.