transporte e logística

O Caldeira Pitch está de volta: logística em foco no reencontro com a inovação

Por muito tempo, o setor de transporte e logística foi visto como um desafio quase impenetrável. Complexidade, custos elevados, falta de transparência e dificuldades no rastreamento de cargas e ativos são problemas que parecem nunca ter fim. Mas a transformação digital e as novas tecnologias estão mudando esse cenário.

No dia 8 de julho, o Instituto Caldeira marcou o retorno do Caldeira Pitch, reunindo novamente startups, empresas e comunidade em torno de uma agenda essencial para o país: o futuro da logística e do transporte. O evento, que simboliza o reposicionamento do Caldeira como ponto de conexão e inovação em Porto Alegre, trouxe soluções que traduzem em tecnologia os grandes desafios de um setor central para a economia nacional.

O tema escolhido para o retorno não foi por acaso. A logística vive um momento decisivo: a pressão por mais eficiência, rastreabilidade, sustentabilidade e integração com a cadeia de suprimentos exige soluções mais inteligentes e adaptáveis. Entre problemas como rotas ineficientes, estoques mal gerenciados, alto custo operacional e visibilidade limitada, a inovação tem papel vital — e foi exatamente esse o tom das apresentações das três startups convidadas.

Nesse cenário de busca por otimização, a EVCOMX se destaca utilizando técnicas avançadas de IA para otimizar tanto os aditivos quanto os processos de produção, garantindo um fluxo eficiente que assegura a mais alta qualidade, atendendo a todos os requisitos de forma precisa e eficaz . Fundada pelo CEO Rodrigo Dalla Vechia, a startup está localizada em Encantado, RS. A EVCOMX é parte da comunidade Caldeira e Alumni Ebulição, e já conta com grandes clientes como Gerdau, Arcelor Mittal e Petrobrás. Além disso, foram destaque no 100 Open Startups e estiveram entre as 9 finalistas da categoria Indústria 5.0 da Competição de Startups do South Summit 2024

Na sequência, Verinaldo Dantas, CEO da Tracker Things, apresentou uma proposta ousada: tirar o rastreamento do veículo e colocá-lo no produto. A startup desenvolve tags inteligentes que rastreiam mercadorias, paletes, drones, equipamentos e até pessoas — tudo com tecnologia plug-and-play, sem necessidade de infraestrutura cara. “A etiqueta transmite temperatura, umidade, impacto e até geolocalização, mesmo em áreas de difícil acesso. E a bateria pode durar até 10 anos”, explicou.

Com foco em automação e visibilidade, a Tracker Things atua em setores como agronegócio, saúde, transporte e indústria. Um de seus diferenciais é permitir que os dados de rastreamento sejam transmitidos sem nenhuma interação humana e estejam disponíveis em tempo real por API. “A gente quer mostrar que é possível transformar a logística sem grandes investimentos iniciais”, reforçou Verinaldo, ao lançar um desafio ao público para testar a solução gratuitamente.

Fechando o bloco, o argentino Gerardo Soto, da Fletalo, trouxe uma abordagem voltada à realidade da América Latina. A plataforma conecta freteiros autônomos a empresas e pessoas que precisam transportar cargas pesadas com urgência, um segmento ainda amplamente informal e ineficiente. “Na América Latina, 40% dos fretes são feitos com veículos vazios. Isso é custo, é tempo perdido, é emissão desnecessária”, disse. Com operação já consolidada em cidades argentinas e expansão para o Paraguai, a Fletalo aposta na digitalização completa da jornada logística: cotação, reserva, rastreamento e pagamento.

Mais do que mostrar produtos, o Caldeira Pitch retomou sua vocação de provocar discussões relevantes. A escolha por abordar logística e transporte evidencia o compromisso do Instituto Caldeira com setores estratégicos — e com a inovação que transforma realidades. “Tecnologia tem um pouco de magia. Às vezes, só vendo para acreditar”, resumiu Verinaldo, ao propor testes reais com suas tags.