Missão do Caldeira ao Vale do Silício: insights dos líderes que estiveram lá
A Inteligência Artificial dominou as conversas, visitas e conexões geradas na missão ao Vale do Silício, na Califórnia (EUA), que o Instituto Caldeira realizou entre os dias 29 de setembro e 4 de outubro. Cerca de 30 empresários e representantes de importantes organizações do Rio Grande do Sul puderam aprofundar o conhecimento sobre as mais recentes tendências e inovações no campo da IA. O Instituto Caldeira está com as inscrições abertas para a nova Missão ao Vale do Silício, que ocorrerá entre os dias 1º e 6 de dezembro. As organizações interessadas devem realizar um pré-cadastro através deste link.
A comitiva teve a chance de participar de workshops, palestras e visitas a startups que estão redefinindo o uso da Inteligência Artificial em diversas indústrias. “A troca de experiências e a imersão no ecossistema do Vale do Silício foram fundamentais para compreendermos como a IA pode ser uma aliada estratégica nos negócios”, comenta Carolina de Oliveira Cavalheiro, Diretora de Negócios e Gestão de Comunidade do Instituto Caldeira.
De acordo com Carolina, ver de perto como a inovação acontece na prática foi inspirador. O grupo também explorou como as organizações podem integrar a IA em suas operações, aumentando a eficiência e a competitividade no mercado.
“Projetos impactantes ainda estão no nível de Enterprise e, mesmo essas gigantes estão se adaptando. Embora atualmente seja um desafio encontrar ferramentas adequadas e acessíveis, a tendência é que plataformas robustas se tornem mais disponíveis para pequenos negócios nos próximos anos. Isso reforça a necessidade de democratizar o acesso à tecnologia, impulsionando a inovação em diversas escalas”, analisa Carolina.
Além dos insights sobre tecnologia, a missão fortaleceu a rede de contatos entre os participantes.
Estabelecer conexões com líderes e inovadores do setor é essencial para fomentar um ambiente colaborativo e de inovação no Rio Grande do Sul.
A missão ao Vale do Silício representa uma ação crucial para um mercado que está cada vez mais voltado para a tecnologia. O Instituto Caldeira se destaca por liderar iniciativas que inspiram e capacitam empresas a adotarem a transformação digital por meio da IA. Entre as organizações participantes da missão estavam a Triider, uma plataforma de profissionais; a Renner, a maior varejista de moda do Brasil; e a Care Intelligence.ai, que oferece soluções inovadoras para sistemas de saúde.
Confira abaixo os insights compartilhados pelos líderes dessas empresas.
“Grandes empresas podem obter vários benefícios com o uso de IA”, destaca Leila Martins, Diretora de Dados da Lojas Renner S.A.
>Fiquei impactada com a expansão exponencial do uso da Inteligência Artificial (IA) e como ela está direcionando os esforços de diferentes áreas. Um exemplo é o volume de investimento em infraestrutura anunciado pelas big techs para suportar esse processo, que estão relacionados a implantação de datacenters em diferentes regiões do mundo, inclusive no Brasil, produção de chips e processadores, pesquisa e desenvolvimento. Este investimento também contempla a construção de usinas nucleares, já que alguns estudos indicam que nos próximos 3 anos a IA irá consumir quase toda a energia gerada nos EUA.
Outro exemplo vem das startups, os recursos de venture capital no Vale do Silício estão sendo direcionados majoritariamente para as empresas de Inteligência Artificial, com aplicação em diferentes segmentos.
Do ponto de vista de novas soluções, percebi um avanço muito grande no uso de sistemas multi-agentes, capazes de interagir em ambientes compartilhados e resolver problemas cada vez mais complexos.
>As grandes empresas podem obter vários benefícios com o uso de IA, seja pela criação de diferenciais competitivos – como o desenvolvimento de novos serviços ou produtos –, seja no aumento da eficiência operacional e otimização de recursos. Já se observa um imenso ecossistema de soluções baseadas em Inteligência Artificial, disponíveis para uso de forma simples e facilitada, que resolvem uma gama imensa de tarefas cotidianas nas diferentes indústrias. No Vale do Silício, tive a oportunidade de conhecer startups que desenvolveram soluções para o segmento de educação, saúde, tecnologia, finanças e até mesmo para redução de CO2, sem contar que o ciclo médio de lançamento de novas soluções naquela região está atualmente em três semanas. Ou seja, nunca se produziu tanto e tão rápido.
>Inicialmente, as soluções de Inteligência Artificial eram vistas como inacessíveis para muitas empresas pelos elevados custos de implementação e sustentação, mas a competitividade trouxe uma redução significativa de preço, tornando o uso acessível para empresas de diferentes portes. Outro grande receio era de que a IA fosse apenas mais uma grande tendência, mas cada vez mais se percebe o impacto que ela tem na produtividade e no desenvolvimento de produtos. No Vale do Silício conhecemos exemplos claros disso.
>Para aproveitar todo o potencial da Inteligência Artificial, as empresas devem adotar uma abordagem estratégica, definindo claramente como a IA pode impulsionar seus negócios. Também é fundamental analisar a cultura organizacional e o modelo de gestão e promover um ambiente que incentive a experimentação, a colaboração e a adaptação a um cenário cada vez mais digital. Um dos maiores desafios atuais é preparar a força de trabalho para acompanhar a rápida evolução da IA, bem como operar corretamente essa tecnologia, extraindo o máximo valor das ferramentas já disponíveis. Ainda se lida com rejeição, receios e boicotes. A solução para isso está no engajamento de todos os níveis da organização.
“O ambiente em San Francisco foi marcante. A cidade respira IA”, diz Nicole Franco, co-founder Care Intelligence.ia
>Para o uso de IA nas empresas, há muitas camadas adicionais além do uso simples de LLMs (como o ChatGPT). Para garantir que não haja alucinações, que as respostas tenham referências adequadas e estejam alinhadas com as diretrizes corporativas, outras camadas de reasoning, fine-tuning e customizações são aplicadas. Essas camadas asseguram que a entrega de valor seja precisa e relevante. C3.ia e Scale são exemplos de empresas que oferecem esse serviço e produto para empresas globais, garantindo que a IA esteja em sintonia com as necessidades corporativas.
>O ambiente em San Francisco foi marcante. A cidade respira IA, com carros autônomos nas ruas, outdoors e propagandas sobre Inteligência Artificial em todos os cantos, além de posters temáticos em postes. Isso mostra o quanto essa tecnologia já está enraizada no cotidiano e como está moldando o futuro urbano.
Para startups, a IA traz um duplo desafio e oportunidade. Por um lado, é essencial conhecer profundamente o mercado e entender a competitividade que a IA traz para o jogo. Startups precisam revisar sua proposta de geração de valor, tanto para empresas quanto para pessoas, garantindo que a tecnologia melhore a oferta e os resultados finais.
>A superação de barreiras irracionais é importante no processo. Muitas empresas têm medo de adotar IA, seja por receio de falhas ou pela complexidade tecnológica. Além disso, a adoção de IA depende muito da cultura interna. Não se trata apenas de investir dinheiro, mas de dedicar tempo e esforço para implementar essas tecnologias. A IA exige uma mentalidade de inovação, com disposição para errar e evoluir. Sem isso, a tecnologia por si só não é suficiente. Como disse Michael John Bobak, “Todo progresso acontece fora da zona de conforto.” Com as ferramentas certas e uma abordagem de aprendizado contínuo, as startups podem adotar IA de forma segura e eficiente, aproveitando ao máximo seus benefícios sem se deixar paralisar por incertezas.
>A implementação de IA muda profundamente a operação de uma empresa. Desde o SLA (Service Level Agreement) até a geração de valor, tudo é transformado. A IA não é apenas mais uma ferramenta, ela inaugura uma nova era de inovação. As empresas que entenderem essa mudança e se adaptarem rapidamente terão uma vantagem competitiva significativa no mercado.
>O Brasil está no caminho certo quanto a implementação desta nova tecnologia. O Vale do Silício dita as regras de inovação no mundo, mas o Brasil não está muito atrás. No ecossistema brasileiro, as poucas e boas empresas que adotaram o uso de IA, seja como oferta de serviço, seja incorporando internamente, estão alinhadas com o que vimos durante a viagem. Algumas empresas que foram conosco na missão também estão à frente dessas inovações, mostrando que o Brasil está acompanhando as tendências globais. A própria Care Intelligence desenvolve um modelo inovador e único no Brasil, e foi validado que esse modelo se comporta de forma semelhante às empresas que estão direcionando a tendência de IA no Vale do Silício. Isso nos deu ainda mais força para continuar com nosso modelo de negócio, sabendo que estamos no caminho certo.
“Este é o momento de abraçar essa transformação e sermos pioneiros”, aponta Paulo Guilherme Gil, cofundador do Triider
>O tema da IA está revolucionando todo o mercado, especialmente o setor de inovação e tecnologia. É uma oportunidade incrível para quem deseja se destacar e fazer a diferença. Este é o momento de abraçar essa transformação e ser um pioneiro, moldando o futuro com suas ideias e ações.
>Noto que as empresas ainda estão numa fase de descoberta do potencial uso da IA. Ainda parecem soluções simples que melhoram pontos específicos das jornadas dos usuários.
>O desafio que eu vejo é o chamado para explorar, inovar e liderar este caminho, transformando essas soluções em avanços extraordinários que impactam vidas e criam um legado duradouro.
>Os fundos de investimento em startups (VCs) estão ansiosos e repletos de recursos para investir nos projetos certos, aqueles que se destacarem dos demais.
>Acredito firmemente que a solução está em integrar a IA para abordar de maneira rápida e transparente as dores ou necessidades das empresas, de alguma maneira que as tecnologias atuais não conseguiram resolver de forma satisfatória.