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Jorge Gerdau e José Galló ensinam que aprendizagem, visão e capacidade de assumir riscos são a base de negócios sólidos e inovadores

Banrisul apresenta:

“Estou com 89 anos, mas tenho uma inquietação sobre o tema inovação que parece que estou começando a minha vida hoje. Esse é um tema desafiador. E digo mais: quem não fizer essa análise, quem não refletir sobre inovação, está destinado ao cemitério”.

Com essa frase, Jorge Gerdau, presidente do Conselho Superior do Movimento Brasil Competitivo, sintetizou a essência de um tema que permeia toda trajetória empresarial: a arte de assumir riscos. 

Em um painel da Semana Caldeira, Gerdau e José Galló, fundador e vice-presidente da Quartz Investimentos, compartilharam experiências que mostram como coragem, visão estratégica e capacidade de aprendizado caminham juntas na construção de negócios sólidos e inovadores.

Para Gerdau, o maior desafio é evitar a acomodação que o sucesso proporciona. “Talvez o maior dilema que o empresário tem é que determinado sucesso pode causar acomodação. E, na verdade, a continuidade do sucesso depende da capacidade de inovar.” 

Ele ressaltou que cada decisão exige uma análise constante. “O fator que mais sono tira do empresário é a permanente análise: ainda domino meu core business? Preciso mudar? Estou inovando ou não? Esse dilema é permanente”, declarou. Segundo ele, essa inquietação é o que mantém o empresário atento às mudanças do mercado e capaz de antecipar tendências.

Galló trouxe uma perspectiva complementar, enfatizando a paixão como motivadora para correr riscos.  “O que mais incentiva a gente a tomar riscos é a paixão. Mas a paixão tem o seu lado racional e o seu lado emocional. Então, é preciso ter um equilíbrio muito grande para não se apaixonar demais pela tese, senão você vai ter problemas”. 

Qualquer risco provoca medo, disse o executivo da Quartz, mas enfrentá-lo é fundamental. “Eu tive medo várias vezes na vida. Mas só existe um jeito de acabar com o medo: é enfrentá-lo e transformá-lo em ação.” A vida, segundo Galló, é uma sucessão de riscos, sejam profissionais, pessoais, familiares e até nas relações, e a coragem para enfrentá-los se aprende com a experiência.

O painel trouxe exemplos da aplicação desses conceitos. Galló contou histórias de empresas em que investimentos ousados exigiram ajustes estratégicos e flexibilidade da equipe. Em algumas situações, projetos apaixonantes precisaram ser abandonados, e outros foram pivotados com base na competência dos gestores. Ele enfatizou que a tomada de risco deve ser compartilhada e alinhada aos princípios da empresa. Autorizar equipes, definir diretrizes claras e permitir que erros se tornem aprendizado sem comprometer a sustentabilidade do negócio.

 Gerdau compartilhou histórias de inovação que começaram de forma inesperada, como sua própria vivência, sendo pioneiro no surf no Rio Grande do Sul. O empresário compartilhou como a curiosidade e a disposição para explorar o desconhecido, mesmo em idade adulta, levaram à descoberta de novos caminhos e à construção de soluções criativas.

“A vivência com o mar me ensinou que o diálogo, a observação e a sensibilidade para perceber mudanças são fundamentais para qualquer processo de inovação”, destacou o presidente do conselho de administração do Grupo Gerdau. 

O painel evidenciou que assumir riscos não é um ato isolado ou impulsivo, mas um exercício de pensar, planejar e ter coragem. “Nós estamos aqui diante de alguma coisa que foi um grande risco. O Caldeira foi uma iniciativa que tínhamos um desafio, um grupo de empresários que sabiam dos riscos. Mas tínhamos também um jovem líder que assumiu o risco. Isso é fundamental: sem liderança nada acontece”, reforça Galló.