Inteligência Artificial vai me tornar um garoto de recados?
Luiz Garcia, CEO e fundador da GX2.
Estamos na Era da Eficiência e muito tem se falado em Inteligência Artificial (IA) Generativa, especialmente em como ela nos ajuda a resolver nossas tarefas de forma mais produtiva e ágil. Vivemos um momento especial, único, nunca vivido antes, onde há abundância de informação e chegamos nela rapidamente, sem muitos esforços. Como tudo é muito novo, penso que precisamos ter cautela, desenvolver um olhar mais crítico – mas não de medo, que é um sentimento que nos trava e nos impede de evoluirmos. Precisamos aprender a refletir sobre como poderemos usufruir este avanço não apenas no curto prazo, mas também a médio e longo, nos tornando pessoas melhores, com mais munição e capacidade de resolver nossas demandas.
Gosto de fazer a analogia de que quando interagimos com uma ferramenta de IA Generativa é como se estivéssemos conversando com um guru, ou melhor, vários gurus de áreas de atuação distintas. Eles possuem um vasto conhecimento e conseguem compartilhar conosco essa sabedoria de formas distintas. No entanto, é importante ter em mente que os gurus também podem errar, podem ter vieses e crenças, mas sem dúvida podemos aprender muito com eles.
Sempre quando eu falo sobre esse tema, surgem questionamentos como: “Que tipo de pessoas estaremos formando?”, “Deixaremos que a máquina entregue todas as respostas?” Fico impressionado em pensar que as pessoas delegariam a responsabilidade do ‘saber’ para a máquina. Aí vejo que podemos errar muito!
Penso que a IA deve ser a fonte da informação, me oferecer um caminho mais rápido até ela, mas utilizo-a para adquirir o conhecimento, pois não quero ser um ‘garoto de recados’. Quero ser o protagonista, quero ter conhecimento para poder sustentar a resposta.
Faço um comparativo com o processo evolutivo de acesso à informações: da biblioteca, enciclopédias, livros técnicos, para a internet, wikipedia, blogs e vídeos.
Por outro lado, vejo que a IA pode automatizar e deixar muitas tarefas mais simples de serem realizadas, encapsulando a complexidade e deixando que nos preocupemos apenas com “o que” desejamos fazer, tornando o “como” insignificante.
Recentemente, a Microsoft anunciou o Copilot, um sistema completo que utiliza sua IA Generativa, o ChatGPT, integrado a suas ferramentas de produtividades como Excel, Powerpoint, Word e inclusive ao Windows. Através dele você potencializa sua produtividade e expande a capacidade de construir soluções, pois é preciso apenas ordenar o que deseja fazer e ele executa, sem a necessidade de você saber como ele fez.
Minha reflexão sobre essa transformação que o mundo vive é que, assim como sempre precisamos fazer escolhas na vida, quando falamos de IA Generativa também precisamos fazer essas escolhas: se vamos deixar ela fazer todo o trabalho ou passaremos a utilizá-la para adquirir o conhecimento necessário que nos empodere e então, combinado com os outros conhecimentos que foram adquiridos ao longo da nossa jornada, entregar a solução.
Na minha opinião, tudo aquilo que é operacional e que vai me fazer atingir o objetivo de forma mais eficiente, vejo com bons olhos deixar a ferramenta executar sem eu precisar aprender o ‘como’. Porém, tudo aquilo que é mais estratégico, que exige pensar, que o conhecimento do ‘como’ vai ajudar na minha formação, isso não posso delegar para a ferramenta fazer por mim, pois assim perderei a oportunidade de evoluir como profissional e ser protagonista, de saber defender a ideia, pois eu não quero me tornar um ‘garoto de recados’.
*Artigo produzido por Luiz Garcia, CEO e fundador da GX2, que atua desde 2009 no mercado de TI, com abrangência nacional, alocando talentos e construindo soluções inteligentes para clientes e parceiros na área de tecnologia. A GX2 é uma empresa que faz parte da comunidade Instituto Caldeira.