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Eletrificação e sustentabilidade: a transformação da mobilidade e a responsabilidade com o consumidor no Brasil

A mobilidade global passa por um processo acelerado de transformação com a eletrificação dos transportes. A BYD, empresa que iniciou sua trajetória na produção de baterias, exemplifica como a base tecnológica pode ser expandida para um portfólio amplo de soluções, como carros, ônibus, caminhões, trens e sistemas de geração solar. 

O domínio da cadeia de produção energética permite à empresa integrar inovação e sustentabilidade. Segundo Pablo Toledo, diretor de Branding e Comunicação da BYD Brasil, a missão da empresa é clara: “Estamos tentando resfriar o planeta, grau a grau. Não é apenas sobre carros, é sobre energia e futuro”, comentou ele, durante o painel “The Future of Mobility: Electrification and Sustainability“, no South Summit Brazil, nesta quinta-feira (10).

A mudança cultural não se limita à substituição de veículos a combustão por elétricos, mas envolve a criação de um ecossistema sustentável, que requer inovação tecnológica, reestruturação da infraestrutura urbana e novos modelos de relação com o consumidor. 

No Brasil, a eletrificação exige um esforço maior. A infraestrutura de recarga precisa ser adaptada para percursos longos e realidades distintas entre regiões. A comunicação com o consumidor também é fundamental. Pablo destaca que a marca trabalha com uma visão de operação 360°, que inclui educação do público, marketing adaptado e políticas públicas: “Não adianta trazer apenas o veículo. É preciso trazer a solução completa”.

Além da questão tecnológica e estrutural, a mobilidade elétrica no Brasil passa por um processo de consolidação da confiança do consumidor. Ao contrário de produtos com alta rotatividade, como celulares, a aquisição de um automóvel representa um investimento significativo e de longo prazo. Nesse cenário, a credibilidade da marca e o compromisso com o suporte ao cliente tornam-se essenciais. 

“O consumidor precisa saber que pode confiar na marca mesmo com o avanço constante da tecnologia”, afirma Toledo. A BYD, por exemplo, aposta em programas de recompra como forma de garantir segurança e fidelização.

A inovação, nesse contexto, não se resume a lançamentos tecnológicos. Cristiana Arcangeli, fundadora do Grupo Arcangeli e da Beauty’in, relaciona sua experiência no setor de beleza e saúde funcional com a dinâmica da mobilidade elétrica. Para ela, inovar é observar comportamentos, identificar demandas ainda não atendidas e criar produtos que gerem valor concreto.

A inovação não está no Google. Está nas ruas, nas vitrines, no comportamento das pessoas.

Cristiana reforça que a responsabilidade com o consumidor deve ser o princípio de qualquer negócio voltado para a transformação. Em suas empresas, comenta que essa postura se traduz na transparência com os ingredientes e na comprovação da eficácia dos produtos. Ela defende que o mesmo critério deve ser aplicado à mobilidade: oferecer ao consumidor informações claras e mensuráveis sobre o que está sendo entregue. “Respeitar o consumidor é dizer a verdade sobre o que ele está comprando e garantir que o produto funcione”, explica.

Esse compromisso ético com o consumidor, segundo ela, é o que sustenta marcas ao longo do tempo. Arcangeli alerta que, quando produtos são lançados apenas com base em marketing, sem entregar resultados reais, há um risco de destruir a credibilidade de categorias inteiras. 

Para os dois executivos, o Brasil tem papel central no avanço global da mobilidade elétrica. Com grande potencial de geração de energia limpa, demanda crescente por inovação e um mercado consumidor sensível a propostas sustentáveis, o país oferece condições únicas para oferecer soluções completas. 

A consolidação da mobilidade elétrica no Brasil depende não apenas da inovação tecnológica, mas de um modelo de negócio que considere o consumidor como agente central dessa transformação. Isso inclui transparência, confiança, acessibilidade e adaptação às realidades locais. Como resume Pablo Toledo,

Para chegar ao futuro, às vezes é preciso dar um passo atrás e resfriar o planeta. Esse é o nosso legado.