
Ebulição: conexões, desafios e vitórias no encerramento da 8ª turma do programa de aceleração do Caldeira
No universo das startups, ter um bom produto não basta. É preciso validar, vender, escalar e, principalmente, criar conexões certas para acelerar o crescimento. O Ebulição, programa de aceleração do Instituto Caldeira voltado para empresas em operação e tração, existe justamente para apoiar esse momento.
De março a julho, as 14 startups da 8ª turma passaram por mentorias individuais, encontros com especialistas, apresentações para fundos de investimento e conexões estratégicas com grandes empresas da comunidade. Foram mais de 60 conexões relevantes geradas, aumento de faturamento para várias participantes e 36% delas abrindo rodadas de investimento.
O ponto alto foi o Demoday, no fim de julho, quando cada startup teve três minutos para apresentar sua solução a uma banca técnica, formada por um comitê com nomes relevantes do ecossistema, e um comitê da comunidade, com residentes do hub de inovação . “O Demoday é mais do que uma apresentação, é o momento em que os empreendedores mostram o quanto evoluíram e recebem percepções valiosas de quem já trilhou o caminho”, disse Mariana Bertiz, coordenadora de Inovação do Caldeira, na abertura.
14 soluções, 14 histórias
A BeeFlow iniciou as apresentações mostrando como integra e governa dados corporativos, conectando a startup a processos de forma modular. “O que fazemos é eliminar a dependência de ferramentas caras e dashboards ineficientes, criando soluções sob medida que trazem governança e decisão baseada em dados reais. Nosso maior desafio agora é estruturar o time comercial para escalar sem perder a personalização”, comentou João Mausa, CEO da BeeFlow, ao fazer seu pitch.
A Blix desenvolve aplicativos próprios para criadores de conteúdo em saúde e bem-estar, entregues em até 30 dias. Segundo o cofundador e diretor comercial Roberto Muniz, a empresa optou por não ser mais uma plataforma genérica. O foco sempre foi criar um ambiente que reflita o propósito do cliente.
“Já provamos o modelo, agora precisamos ampliar o time para sustentar o crescimento e dobrar nosso faturamento nos próximos anos”, destaca.
De olho no público B2B, a Netwall oferece uma comunicação tão simples quanto um chat, mas com altas taxas de conversão, e a New Byte profissionaliza a gestão de hospedagens de curta duração para anfitriões, oferecendo experiência completa e aumento de rentabilidade.
Na busca por mudar o cenário da educação tecnológica no Brasil, a Codifica que levar pensamento computacional às escolas com metodologia flexível e atualizada. Guilherme Fortes, fundador da edtech, foi quem realizou a apresentação.
“Menos de 7% das escolas têm tecnologia como disciplina. Criamos um programa que se adapta à estrutura da escola e não o contrário. Nosso desafio é alcançar 50 mil estudantes nos próximos anos e formar uma geração preparada para um mundo digital”, destacou.
Em outro mercado, mas pensando em uma solução que pode atender também escolas, a Izza oferece automatização de compras recorrentes e cotações, ajudando empresas, escolas, entre outros negócios, a reduzir custos e ganhar eficiência com múltiplos fornecedores. Ao fim do evento, a startup foi premiada pela banca técnica como a startup destaque.
O comprador corporativo perde horas em tarefas manuais que não agregam valor. Com a Izza, ele dispara cotações automáticas, compara preços em segundos e ainda tem um split inteligente entre fornecedores. Nosso desafio agora é ganhar capilaridade nacional, chegando a mais empresas médias que sofrem com processos engessados e custos ocultos.
A Declare Cripto, vencedora escolhida pela banca da comunidade Caldeira, oferece uma plataforma para declaração fiscal e gestão patrimonial de criptomoedas, já usada por mais de 15 mil clientes.
Para o CEO da startup, Denis Roxo, o investidor de cripto precisa de cálculos precisos, conformidade com a legislação e visão clara do seu patrimônio, independentemente de onde os ativos estejam. “Nosso foco agora é expandir para mercados internacionais, adaptando a tecnologia para legislações de outros países”, conta.
A Gcondo simplifica a rotina de síndicos e centraliza informações de gestão de condomínios, preparando-se para escalar através de um marketplace de serviços. “Nosso plano é manter o SaaS acessível para ganhar escala e gerar receita no marketplace, começando por seguros, onde vemos potencial de milhões em comissões”, contou Vinícius Santos, fundador e CEO da marca.
Com foco em pessoas, a Geração F5 usa gamificação e inteligência de dados para engajar equipes e criar ambientes de trabalho meritocráticos e mais produtivos. De acordo com Fábio Oliveira, diretor da startup, as pesquisas apontam que apenas 13% dos colaboradores são engajados no Brasil.
“Nossa plataforma transforma a operação da empresa em um grande jogo, unificando indicadores e comportamento em um sistema transparente e motivador. O desafio agora é ampliar a presença no varejo e ganhar escala nacional”.
Com foco ainda no mercado de trabalho, a Smart Crono foca na gestão de tempo e produtividade de equipes, ajudando empresas a otimizar recursos. Já a Trindtech desenvolve soluções tecnológicas sob medida para setores específicos, acelerando processos e melhorando resultados.
Olhando para o setor de moda e turismo, o iClooset oferece aluguel de casacos integrado à compra de pacotes de viagem. “Queremos ser a ‘Localiza’ do aluguel de casacos, quebrando a sazonalidade com operação nos dois hemisférios e ampliando o impacto ambiental positivo”, disse Julia Rodriges, CEO da startup.
A Jobs desenvolve agentes inteligentes de IA para automatizar tarefas corporativas, enquanto a Mindsync cria soluções customizadas de Inteligência Artificial para aumentar a produtividade.
Vitórias e próximos passos
A avaliação da banca técnica levou em conta crescimento, escalabilidade, time e impacto potencial. A Izza recebeu como prêmio uma estação de trabalho no Instituto Caldeira e um ano de associação com acesso a eventos, conteúdos e à plataforma Caldeira Flix.
No encerramento, Mariana resumiu o espírito do programa: “O que faz o Ebulição ser o que é não é só a metodologia, mas a força da nossa comunidade. É a rede que se forma aqui que realmente acelera essas startups”.
O ciclo se encerrou, mas os desafios — e as oportunidades — continuam. Para as 14 startups da 8ª turma, o Demoday não foi um ponto final, mas um novo ponto de partida.