Caldeira vai abrigar Clustergamers para fomentar indústria de games gaúcha
O mercado dos games é maior do que qualquer outra indústria de entretenimento no mundo. Em 2020, movimentou US$ 159 bilhões, cifra bem superior à das indústrias da música (US$ 20 bi) e do cinema (US$ 12 bi) juntas.
No Brasil – e principalmente no Rio Grande do Sul – há um potencial imenso para desenvolver o setor, mas primeiro é preciso unir esforços entre os diversos atores desse ecossistema.
Como resultado dessa visão, e para acelerar esse crescimento, o Instituto Caldeira se juntou ao poder público, ao ambiente acadêmico e ao setor privado para anunciar oficialmente o projeto Clustergamers.
A iniciativa vai estar sediada no 3º piso da sede do Caldeira, com uma infraestrutura de ponta para instalação de empresas. O Cluster contará com espaço de coworking, arena gamer, estrutura para eventos e muito mais para atrair desenvolvedores a esse novo QG.
“O RS tem potencial estabelecido e um caminho já trilhado, mas agora, com essa aproximação entre os diferentes atores em uma infraestrutura física, nós queremos ganhar o mundo!”, disse a secretária estadual de Inovação, Ciência e Tecnologia (Sict), Simone Stülp, durante o anúncio da nova sede.
A criação do Clustergamers nasceu de um projeto da Universidade Feevale, em parceria com o Instituto Caldeira, e financiado pela Fapergs, fundação estadual de fomento à pesquisa.
Segundo o idealizador do projeto, Cristiano Max, coordenador do mestrado em Indústria Criativa da Feevale, a possibilidade da indústria dos games ter uma base física para realizar eventos e trocas de experiência dá mais motivação, gera mais negócios e pode ampliar o número de desenvolvedoras gaúchas. “Esse sentimento de comunidade é muito importante para a autoestima do setor”.
Em linhas gerais, o objetivo do Cluster é consolidar e expandir o setor de games no RS, por meio de ações que estimulem a geração de capital intelectual. A iniciativa também busca ampliar a capacidade competitiva e a inovação das empresas e atores envolvidos no ecossistema gaúcho de games, alinhado ao Planejamento Estratégico do Setor para 2030.
Isso será possível com pesquisas e insights de mercado que passarão a ser produzidos, incentivos públicos ao setor, assim como missões internacionais com os estúdios de jogos para ampliar conexões com outros clusters globais.
“O desafio é fazer com que a indústria de games gaúcha consiga ter crescimento significativo, tanto em número quanto em faturamento, para que ela possa ter mais maturidade em lidar com os mercados internacionais”, aponta Max.
Outro desafio que precisa ser vencido é a escassez de capacitações específicas e a baixa na formação de novos desenvolvedores. Isso porque a redução no número de alunos indo para as universidades gera uma situação de menos massa crítica sendo formada do que oportunidades no mercado de games, completa o professor da Feevale.
Através do Clustergamers, esse problema será atacado com programas de produção de conteúdo para formação profissional continuada de produtores gaúchos.
Os games já deixaram de ser um nicho de consumo adolescente há muito tempo. Cerca de 75% da população brasileira é adepta aos jogos eletrônicos (156 mi) e o principal meio por onde elas se divertem é através do celular, apontam dados de 2019 da Newzoo.
E mesmo assim, o cenário nacional não se resume a gamers. Pelo contrário, já deixamos de ser meros consumidores desse mercado. O número de empresas e estúdios de jogos no Brasil cresce todo ano e movimenta em torno de R$ 12 bilhões. Um dos protagonistas dessa ascensão é o Rio Grande do Sul.
O Estado é o terceiro em número de empresas do segmento (58), atrás apenas de Rio de Janeiro (89) e São Paulo (280).
Sob a ótica de faturamento, o RS está em segundo no ranking nacional: movimentou R$ 80,5 milhões em 2022. O crescimento médio do mercado gaúcho é de 48,5%, entre 2018 e 2022. Apenas em 2021, foram lançados 45 jogos de desenvolvedoras no RS, segundo relatório da AdjogosRS.
O mercado de games não cresce sem cooperação
Em nenhum lugar do mundo a indústria dos games ganhou escala sem o trabalho coordenado de estúdios de jogos, centros acadêmicos e o poder público. Isso também não vai acontecer no Rio Grande do Sul.
“Essa ideia de que o mercado dos games se governa sozinho é uma mentira. Nos principais polos houve cooperação entre todos atores da inovação”, afirma Cristiano Max. É o que acontece em países como os Estados Unidos, Canadá e China, mas de forma bem mais avançada.
Por exemplo, em 2022, a Unity, responsável pelo desenvolvimento da engine de mesmo nome, assinou um novo acordo de colaboração com o governo dos Estados Unidos em 2022. Já Macau, na China, é considerada a “capital mundial dos jogos”, onde há alto investimento público e regulamentação pesada no universo de jogos.
Segundo Jason Della Rocca, ex-diretor executivo da Montreal da International Game Developers Association, no Canadá, e consultor de negócios na indústria de games, o papel dos governos é retirar obstáculos.
“Assim como as universidades têm um papel importante na criação de um cluster de games, os governos também são essenciais, pois precisamos deles para remover os obstáculos que impedem essa indústria de crescer e internacionalizar seus jogos. Dependendo de onde você está, os obstáculos são diferentes: pode ser falta financiamento, de pesquisas científicas, entre outros”
Em visita ao Instituto Caldeira durante o anúncio do Clustergamers, Della Rocca explicou que seu principal aprendizado trabalhando com clusters de games em outros países é que os desenvolvedores não pensam em jogos como um negócio, mas como uma paixão. “Então é sempre preciso trabalhar essa mentalidade de negócios, de visão de marketing, para uma indústria que é essencialmente criativa”.
“Uma empresa de jogos pode crescer e tornar seu produto consumido internacionalmente, mesmo sem a criação de clusters. No entanto, os clusters locais permitem que isso ocorra de forma mais sólida e numa velocidade muito maior”, conclui.
Quer saber mais sobre o Clustergamers? Então acesse este link: https://ceted.feevale.br/clustergamers/
Para conferir mais conteúdos sobre inovação, tecnologia e o poder das startups acesse o blog do Instituto Caldeira e siga as redes sociais do hub de inovação: Instagram, LinkedIn e Youtube.