
Átila Abreu, da Stock Car, e Pedro Bartelle, da Vulcabras, afirmam que arriscar é preciso, seja no esporte ou nos negócios
Banrisul apresenta:
Coragem, risco e decisão. Palavras que acompanham a vida de atletas, principalmente aqueles que praticam esportes arriscados. Átila Abreu, um dos maiores pilotos do automobilismo brasileiro, e Pedro Grendene Bartelle, CEO da Vulcabras e apaixonado por esporte, entendem bem das expressões que se enquadram também no mercado dos negócios.
No painel da Semana Caldeira, os dois mostraram como a pressão da pista e a das salas de reunião guardam semelhanças. Abreu explicou que sua preparação mental sempre foi baseada em criar situações. “A melhor maneira de se preparar é criar cenários de estresse, como ‘se acontecer A, o que eu faço? Se acontecer B, o que eu faço?’. Isso facilita a tomada de decisão rápida”. Ele contou que, em largadas, simulava as possibilidades de acidentes ou linhas diferentes de ultrapassagem, e que esse treino fazia seu cérebro agir automaticamente na hora decisiva.
Segundo o piloto, arriscar faz parte da profissão, mas não fazê-lo é ainda mais perigoso.
Não tomar o risco é a pior das decisões, porque a gente vai caindo na vala comum e não consegue se destacar. Agora, arriscar sem se preparar vira loucura.
Para ele, as manobras mais ousadas que dão certo são aquelas em que a confiança prevalece. “São aquelas que você literalmente nem pensou, mas fez com determinação”.

No mundo dos negócios, Bartelle trouxe o mesmo raciocínio. O executivo, que também iniciou a carreira no automobilismo, lembrou que empresários, assim como pilotos, vivem expostos a riscos constantes. “O mais importante é se adaptar e corrigir. Nós vamos errar, sempre vamos errar muito. O que importa é acertar mais do que errar”, destacou.
A experiência de reestruturação da Vulcabras marcou sua visão sobre riscos e crises. Em 2011, a empresa tinha uma dívida bilionária e precisava se reinventar. O aprendizado foi imediato, era preciso planejar o inesperado.
Hoje, mesmo sendo líderes, mantemos sempre um orçamento de crise. O plano B precisa estar pronto, porque o mais difícil é ter que criar uma solução no meio da dificuldade.
Assim como pilotos simulam pistas e largadas, Bartelle compara a preparação empresarial à simulação de reuniões. “Não vou para uma reunião que não sei o resultado. Preciso simular as reações do outro lado, seja um representante ou diretor. Quando você chega preparado, a negociação fica muito mais fácil”.

Abreu, por sua vez, destacou a importância da adaptação. Ao decidir montar sua própria equipe, o tempo entre a ideia e a execução foi de apenas 15 dias. “Se fosse esperar tudo se alinhar, provavelmente nunca teria montado. Prefiro aprender durante a jornada. Quando vejo que o ecossistema funciona, tomo a decisão rápido e depois busco fazer melhor do que os outros.”
O paralelo entre velocidade e negócios se mostrou evidente. Para ambos, a frieza e a capacidade de reagir sob pressão são diferenciais. “No automobilismo, a disputa é também psicológica. Nos negócios, não é diferente”, comentou Bartelle. Ele reforçou ainda que liderar não significa relaxar. “Nossa maratona não tem linha de chegada. Para manter a liderança, todos precisam continuar dando 110%”.
A fala de Abreu ecoou esse ponto ao destacar o valor das pessoas. “O maior patrimônio de uma equipe são as pessoas. Sem elas, não adianta uma oficina bonita ou um carro estruturado. Investir em gente trouxe os melhores profissionais que pude e confio no trabalho coletivo”.
Bartelle completou, lembrando que o sucesso da Vulcabras também se sustenta na humildade. “Temos um time de pessoas guerreiras, mas com os pés no chão. Sabemos o tamanho e a força dos nossos concorrentes. É isso que mantém a chama acesa.”