Assumir risco é inerente ao processo de inovação, aponta Morais, da AWS Brasil
Muito se fala dos acertos que fizeram da Amazon uma das empresas de maior sucesso da história recente, mas poucos se menciona os fracassos. O Fire Phone talvez seja o mais marcante deles. Lançado em 2014, o smartphone da Amazon teve vendas abaixo do esperado, recebeu uma enxurrada de críticas e deixou como legado um prejuízo de cerca de US$ 170 milhões, conforme relatório fiscal divulgado na época.
O projeto, porém, serviu de base para o desenvolvimento de novos produtos e ideias que vêm superando expectativas, como o Kindle (eReader mais famoso do mercado) e a assistente virtual inteligente Alexa.
As lições que podem ser extraídas desse episódio é de que a decisão de assumir riscos, e os possíveis erros que virão disso, são inerentes ao processo de inovação. O exemplo foi utilizado por Cleber Morais, diretor geral da AWS no Brasil, plataforma de serviços de computação em nuvem da Amazon, durante palestra na 1ª Semana Caldeira. O evento, que celebrou o primeiro ano de operação do hub de inovação gaúcho, recebeu mais de 40 atividades simultâneas e mais de 70 palestrantes, sendo 4 atrações internacionais, trazendo muito conteúdo, provocações e reflexões sobre temas relacionados a metaverso, investimento para startups, indústria de games, blockchain, NFTs, entre outros.
O executivo falou sobre como é possível acelerar o processo de transformação digital nas empresas, apontando quais são os fatores que costumam inibir esse desenvolvimento. Ou seja, mostrando o que não deve ser feito neste novo mundo que se apresenta para as organizações.
Morais separou quatro tópicos para abordar o assunto: cultura organizacional; treinamento e remuneração; organização e capacidade de assumir riscos.
Embora todas as frentes sejam fundamentais para o processo de transformação digital, a cultura é citada pelo diretor da AWS como a etapa mais importante durante essa escalada.
Decisões centralizadas, a falta de confiança e a preservação de políticas e processos inflexíveis são inibidores da criação de uma cultura capaz de fortalecer os princípios de uma organização, alerta Morais
No item de skills, o executivo traz como exemplo case da própria AWS, que conta com cursos mensais e certificações pelas quais os colaboradores da empresa devem passar. “Hoje, toda a minha equipe possui certificado Cloud Practitioner”, relata, apontando a capacitação profissional como peça fundamental para o surgimento de novas lideranças.
Já sobre o ponto da organização, o diretor geral da AWS ressalta, entre outras coisas, que é fundamental nutrir o sentimento de dono nos membros das equipes. “Percebo que os profissionais recém-formados querem trabalhar em empresas onde tenham empoderamento e consigam gerar algo de valor, o que muitas vezes é dificultado em meios mais tradicionais”, pontuou.
Para falar sobre risco, além do fracasso do Fire Phone e os frutos gerados a partir dele, Morais reservou uns minutos para refletir sobre os conselhos empresariais com a seguinte provocação: qual o papel dos conselhos no sucesso de longo prazo de uma empresa?
O papel do conselho é fundamental para promover toda essa transformação, mas, muitas vezes, os inibidores acabam se fazendo presentes nos próprios padrões de comportamento dos seus membros”, alertou.
Entre esses padrões, o diretor cita políticas de remuneração focadas no curto prazo; sucessões executivas feitas por pessoas não técnicas; mentalidade de investimento limitada e aversão ao risco e à falha. “No fim, apesar de ter todos esses padrões e formas de agir, o conselho ainda quer ser inovador e levar o escritório de inovação de sua empresa para frente”, sinalizou Morais.
Por fim, o executivo resume a jornada de transformação digital de uma empresa a partir do desejo das lideranças de inovar e se reinventar; da definição de metas agressivas a curto prazo, da essencialidade de preservar os talentos e da busca em simplificar – o máximo possível – o processo de inovação.