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A IA não eliminará empregos, mas a falta de preparo das pessoas para utilizá-las sim, apontam Daniel Randon e Daniel Scuzzarello

Banrisul apresenta:

O futuro da indústria não se constrói em um amanhã distante, mas está sendo construído a todo momento, em decisões que unem inovação, responsabilidade e propósito. Esse foi o fio condutor do painel Que amanhã está sendo construído hoje pelos líderes da indústria?, que reuniu Daniel Randon, CEO da Randon Corp., e Daniel Scuzzarello, CEO da Siemens Digital Industry Software para a América do Sul.

O encontro, que fez parte da Semana Caldeira, iniciou com a apresentação do Indústria do Amanhã, iniciativa do Instituto Caldeira em parceria com a FIERGS que conecta educação, empresas e inovação com a meta de impactar 5 mil jovens e 5 mil empresas, capacitar 500 educadores e gestores e aproximar startups de indústrias, atuando em dez regiões do Rio Grande do Sul.

O painel começou com uma provocação: como será a indústria em cinco anos? Para Daniel Randon, é preciso começar pelo impacto sobre a sociedade. Com mais de 80% da população vivendo em áreas urbanas, pensar o futuro é repensar a mobilidade. Ele projeta que, até 2030, metade da frota mundial de veículos será elétrica ou híbrida, reduzindo ruídos, emissões e melhorando a qualidade de vida nas cidades.

Já Daniel Scuzzarello lembrou que cinco anos podem ser tempo demais diante da velocidade das mudanças tecnológicas. Para ele, o futuro imediato será moldado pela convergência entre conectividade, Inteligência Artificial e customização em escala. Mas deixou claro que tecnologia é meio, não fim.

Precisamos nos perguntar sempre o porquê. Crescer apenas por crescer não sustenta uma sociedade saudável.

Os dois executivos convergiram em um ponto central: não basta inovar, é preciso inovar com propósito. Randon ressaltou a importância da agenda ESG e a responsabilidade das empresas não apenas pelo que produzem, mas pelo impacto de toda a cadeia. A Randon Corp. já opera com compromissos claros em descarbonização, circularidade de produtos e segurança no setor automotivo. Scuzzarello, por sua vez, trouxe à mesa o conceito de Sociedade 5.0, em que a tecnologia é ferramenta para gerar bem-estar humano. Ele lembrou que a indústria deve ser um farol de estabilidade em um mundo marcado pela instabilidade política, social e climática.

Ao refletirem sobre o que deve desaparecer, as respostas também se complementaram.

Para Randon, os combustíveis fósseis ainda terão espaço, mas serão cada vez mais pressionados por soluções limpas. O que deve se tornar intolerável, segundo ele, são os acidentes de trânsito, mitigados pelo avanço dos veículos autônomos.

Scuzzarello destacou que não é a Inteligência Artificial que eliminará empregos, mas a falta de preparo das pessoas para utilizá-la. Se as escolas continuarem formando apenas para a execução, advertiu, estarão preparando profissionais para funções que já são feitas por máquinas. “O que nós precisamos é de pensadores”, resumiu.

Ambos trouxeram exemplos de como suas empresas estão construindo esse amanhã. A Randon Corp. aposta em inovação contínua e disruptiva, mobilidade sustentável e inovação aberta. Desde 2018, repensa modelos de liderança e colaboração, já soma 70 patentes anuais e lançou soluções como o eixo elétrico para caminhões híbridos, tecnologias de nanotecnologia aplicadas a cosméticos e tintas e sua própria Inteligência Artificial corporativa, a RandonCorp Brain.

A Siemens, por sua vez, carrega mais de um século de presença no Brasil e aposta fortemente em pesquisa, aquisições e na liderança global em Inteligência Artificial industrial. Scuzzarello destacou que o braço sul-americano da companhia atua como ponte entre startups, universidades e empresas, com o objetivo de tornar a indústria regional competitiva em escala global.