“A cheia do Guaíba não vai nos impedir de regenerar Porto Alegre”, afirma urbanista Claudio Marinho
Com o objetivo era debater a Regeneração Urbana com Distritos de Inovação, tema impulsionado pelo momento desafiador que Porto Alegre está vivendo, a Semana Caldeira recebeu no Palco Campus o arquiteto, urbanista, ex-secretário de ciência e inovação do estado de Pernambuco e fundador da empresa Porto Marinho, Cláudio Marinho.
O foco do painel foi a implementação de um dos maiores cases de sucesso de governança pública e privada do Brasil. Trata-se do Porto Digital, o maior parque tecnológico urbano e aberto do país, implementado no ano de 2000 por Cláudio, em parceria com o governo de Pernambuco. O parque, que tinha o objetivo de ser uma política pública para o desenvolvimento do setor de tecnologia da informação em Pernambuco, foi criado no Centro Histórico da cidade de Recife, local que foi totalmente revitalizado para a criação do Porto Digital.
Ao longo da palestra, Claudio usou o sucesso da regeneração de uma área histórica feita em Recife como exemplo para outras capitais do país – incluindo Porto Alegre, que se encontra em um momento de reconstrução pós enchente. “Não vai ser a cheia do Guaíba que vai nos impedir de regenerar Porto Alegre. Não vamos nos render”, aponta.
O especialista apresentou o conceito de centros de inovação regeneradores de distritos urbanos. Neste segmento, ele mostrou a importância de dar atenção a espaços da cidade que muitas vezes são esquecidos. No caso da capital gaúcha, o exemplo foi o Centro Histórico.
Com uma apresentação de slides, o ex-secretário de ciência e inovação do Estado de Pernambuco, apresentou todo o processo e a linha de pensamento que foram utilizadas para a criação do Porto Digital. Ele exaltou a coragem do governo de Pernambuco de acreditar no projeto e fazer as mudanças que, mesmo que simples, eram necessárias para regenerar a região.
Cláudio mostra-se muito orgulhoso do Parque de Inovação que criou no ano de 2000. Um dos pontos mais exaltados por ele é a integração do projeto com o restante do bairro. Uma de suas principais preocupações ao criar o Porto Digital era demonstrar que era possível combinar o desenvolvimento tecnológico com a preservação da história e da cultura. Assim, o parque recuperou diversos edifícios de destaque para receber empresas modernas, mas modificar suas características arquitetônicas.
Outro ponto muito exaltado por ele é a caminhabilidade. Segundo Cláudio, existem inúmeros restaurantes, galerias de arte e pontos turísticos a menos de cinco minutos de caminhada do Porto Digital. Esse, para ele, é um dos principais pontos a se pensar na hora de revitalizar qualquer região.
“É a convivência nas ruas, dos trabalhadores das empresas com os visitantes. É a possibilidade de parar e conversar, de pegar uma sombra. Isso é qualidade urbana. Isso é urbanidade”, afirma.
Por fim, Cláudio teorizou maneiras de ajudar na revitalização do Centro Histórico da Capital. Utilizando exemplos de cidades como Recife, Salvador, Manaus e São Paulo, ele argumenta que é possível ter uma melhor qualidade de vida naquela região da cidade, se o governo, as empresas e instituições inovadoras olhassem para lá com mais cuidado.
“Essa ideia de termos distritos com hubs de inovação especializados pode ser uma maneira de abordagem da regeneração do centro de Porto Alegre. Essa é uma lógica que pode ser utilizada”, pondera.