78% das startups gaúchas têm até 5 anos e 64% cresce mais de 20%: veja insights do RS Tech 2023

Um ecossistema de startups jovem, que concentra alto grau de conhecimento científico, já cresce com consistência nacional e tem um grande potencial de internacionalização: esse é o retrato do ambiente de inovação no Rio Grande do Sul (RS). Os principais insights da pesquisa RS Tech 2023, cuja prévia já havia sido antecipada no South Summit Brazil, foi um dos destaques da Semana Caldeira. O estudo completo será publicado em outubro. 

Realizado pelo Governo do Estado, em parceria com o Instituto Caldeira, a pesquisa mapeou 300 startups essencialmente gaúchas. É bem provável que o ecossistema gaúcho tenha mais players, no entanto foram definidos alguns critérios para definir o que seria categorizado como uma startup essencialmente nativa. 

“O RS Tech 2023 é um estudo qualitativo, o que é diferente de um censo demográfico. Consideramos as empresas que geram inovação para o Estado, e não apenas para elas mesmas”, enfatizou a secretária estadual de Inovação, Ciência e Tecnologia, Simone Stülp, durante a apresentação. Esses critérios foram definidos pelo Departamento de Economia e Estatística do Estado.

É o primeiro grande estudo sobre o ecossistema gaúcho, ressalta Pedro Valério, CEO do Caldeira: “O RS Tech 2023 será fundamental para identificar os potenciais e desafios desse setor e empurrá-lo para frente, fazendo com que o ambiente de inovação ganhe maturidade”.

Para Valério, estudo vai amadurecer ecossistema gaúcho. Créditos: Instituto Caldeira.

A secretária de Inovação também afirma que, a partir desse retrato fiel, com base científica, do ecossistema de startups, é possível traçar políticas públicas e planos de ação mais assertivos, que desenvolvam as valências e carências do segmento. 

“O que a gente vai ver aqui é uma fotografia muito precisa das características das startups no nosso estado”, explicou.

ECOSSISTEMA JOVEM COM ALTO POTENCIAL DE CRESCIMENTO

De acordo com RS Tech 2023, as startups ouvidas possuem no máximo de 10 anos e faturamento de até R$ 16 milhões. Além disso, mais da metade de suas equipes estão sediadas no RS. Ao todo, 78% das companhias foram fundadas nos últimos 5 anos, o que expõe um mercado ainda em maturação, e longe de seu ápice.

Isso é comprovado a partir do limiar de operação: apenas 30% já conquistaram os primeiros clientes e estão em processo de validação do modelo de negócios

Mesmo assim, 46% das startups gaúchas tiveram o primeiro faturamento antes de completar seis meses. Já 23% ainda não começaram a faturar.

O crescimento da maioria dos negócios que já realizaram sua primeira venda é acelerado. Segundo o RS Tech 2023, 64% deles têm crescimento superior a 20% ao ano.

HUBS DE INOVAÇÃO

Um dado importante, e que representa muito para o Instituto Caldeira, é que 83% das startups buscam conhecimento em algum ator do ecossistema gaúcho de inovação.

PRINCIPAIS SEGMENTOS E TECNOLOGIAS

A atuação das startups está concentrada em 10 segmentos de mercado, o que é sinal de uma atuação diversificada, aponta Simone Stülp. O estudo indica que 68% das companhias fazem parte das seguintes verticais

1. Health Tech

2. Ag Tech

3. Gestão de Negócios

4. Ed Tech

5. Retail Tech

6. Bio Tech

7. Serviços

8. Real Estate/Construtech

9. Green Tech

10. Food Tech

Segundo a pesquisa, 87% das startups atuam em tecnologias estratégicas para o desenvolvimento do Estado, como desenvolvimento de softwares e hardwares; computação em nuvem; inteligência artificial (IA); dispositivos web e comunicação; Internet das Coisas (IoT) e Biotecnologia.

ALTO CONHECIMENTO CIENTÍFICO 

O Rio Grande do Sul concentra um número expressivo de fundadores que possuem alto grau de conhecimento. De acordo com o estudo, 36% são mestres ou doutores e 30% possuem especialização/MBA. Apenas 14% não têm superior completo.

Outro ponto é que 54% das startups contam com mestres ou doutores na equipe

“Mesmo assim, esse é um dado que ainda pode evoluir, pois o Estado lidera em número de mestres e doutores. Isso é positivo, pois aumenta a longevidade dos negócios”, diz a secretária.

NACIONALIZAÇÃO E INTERNACIONALIZAÇÃO

De acordo com a pesquisa, 75% das startups gaúchas vendem para fora do RS. No entanto, apenas 13% têm relações com o exterior, o que pode melhorar. No entanto, 15% já fizeram uma transação internacional, o que é uma média maior do que a nacional.

FINANCIAMENTO E ACELERAÇÃO

Uma questão que precisa ser melhor desenvolvida no Estado é referente a busca de empreendedores por financiamentos e aceleração por parte de terceiros. Cerca de 90% das startups gaúchas iniciaram com recursos próprios, sendo 55% com utilizaram apenas essa fonte de renda. Destas, a metade teve investimento inicial de R$ 50 mil, o que é relativamente baixo. Apenas 10% deram start com um capital superior a R$ 500 mil. 

“Considerando que Porto Alegre é a cidade do South Summit Brazil, que reúne é um dos maiores eventos para fechamento de parceria e concentra centenas de investidores, essa é um desafio a ser contornado”, enfatiza Valério.

Além disso, 34% das startups estão situadas, total ou parcialmente, em incubadoras, o que é um dado aquém da capacidade de incubação no Estado. Das startups ouvidas, 29% têm ou já tiveram relação com aceleradoras.

OS DESAFIOS PELA FRENTE

De começo, um dos desafios diagnosticado pelo RS Tech 2023 é a busca por conectar mais as startups à políticas públicas: 72% não conhecem e nem buscaram conhecer os incentivos governamentais para o setor;

Falta de acesso às linhas de crédito: as startups possuem dificuldades para acessar linhas de créditos de instituições financeiras, muito em razão dos financiamentos nada adequados a esse modelo de negócio. Com isso, 75% nunca  procurou acessar esse tipo de linhas de créditos.

Dificuldade na contratação: assim como ocorre no mercado de tecnologia em geral, 55% das startups alegaram dificuldades de encontrar profissionais aptos para a função.

O RS Tech 2023 conta também com a participação do SebraeX, AGS, Reginp, South Summit Brazil e Grupo RBS.

A apresentação completa da pesquisa e todos os conteúdos da agenda Caldeira estão disponíveis no APP para ver e rever. Se você é membro da comunidade Caldeira, baixe o app do Instituto Caldeira na Apple Store ou Play Store.

Apresentação do RS Tech 2023 durante a Semana Caldeira, em Porto Alegre. Créditos: Luciana Salimen.