Você vai fracassar, e isso pode ser incrível, aponta Flávio Steffens

Você vai fracassar, e isso pode ser incrível! Toda história de sucesso no empreendedorismo tem por trás uma jornada repleta de fracassos. Fracassar é quase uma lógica inerente de quem empreende, assim como cair de bicicleta faz parte do aprender a pedalar.

A verdade é a frustração pode ser um trampolim. Na vida de Flávio Steffens, isso aconteceu algumas vezes. Na época, claro, foi difícil ver o lado positivo de tudo aquilo.

Empreendedor por natureza, ele é hoje um dos sócios da Vakinha, o primeiro portal brasileiro a trazer o conceito de crowdfunding. Recentemente, participou da Masterclass na sede do Instituto Caldeira e dividiu com o público, de forma bem descontraída, como os insucessos fizeram parte da sua carreira. E mais: ele explica como cada tombo pode ser, na verdade, um ponto de virada para quem empreende.

Você esta preparado para fracassar?

Na verdade, quase ninguém está preparado para fracassar até o momento em que realmente fracassa. O que vai definir você como um bom ou mau empreendedor é sua capacidade de assimilar o baque, entender onde errou e seguir em frente. Mas quem dera se fosse tão fácil assim.

Por isso, o Diretor de Relacionamento e Customer Success da Vakinha, Flávio Steffens, prefere contar sua própria história como uma forma de facilitar o entendimento de todos nós sobre o que lá tem de bom em fracassar.

Resumidamente, é o seguinte:

Era o ano de 2010. Flávio era formado em ciência da computação e queria mudar o mundo com um novo negócio. Aquele também era o ano da construção civil no Brasil: o setor crescia mais de 20% ao ano e movimentava R$ 260 bilhões.

“Se eu tivesse 0,1% desse mercado estaria rico”, pensava o aspirante a empreendedor na época.

Em busca de um negócio disruptivo, Flávio percebeu que as construtoras ainda nem tinham saído do mundo analógico e os jornais classificados seguiam como o principal meio de venda dos imóveis no país.

Já os poucos sites de vendas que existiam na época eram pavorosamente mal feitos e nada práticos.

Foi aí que o sino do empreendedorismo badalou na cabeça de Flávio e assim nasceu o Pixel Quadrado, uma plataforma online de criação e edição de sites exclusivo para construtoras. Na plataforma, qualquer empresa do setor, por mais arcaica que fosse, conseguiria formatar um site em apenas 5 minutos, pagando apenas R$ 89,90.

A nossa projeção pessimista era ter 50 clientes em seis meses, o que seria o break even da empresa. Para mim, era impossível conceber que não haveria procura para uma solução totalmente mastigada”, lembra.

Após 365 dias de muito planejamento e todo dinheiro de Flávio, a carteira de clientes se resumia a zero! Sim, zero. Nenhuma construtora se interessou.

Meu produto era incrível e eu estava muito motivado! Por isso eu digo que a motivação não vai fazer seu negócio dar certo. No Everest está cheio de corpos de gente mega motivada!

Depois da ressaca moral, da dura assimilação do fracasso e com conta bancária zerada, Flávio e seu parceiro de negócios da época cansaram de pensar o que fazer de certo e decidiram jogar no quadro negro tudo que tinham errado.

A promessa entre os dois era de que os erros transcritos em giz nunca mais poderiam ser repetidos.

E, de fato, nunca mais foram.

5 erros que Flávio cometeu para fracassar

  1. Muito plano e pouca ação

Flávio enfatiza que o tempo de construção do seu projeto foi extremamente longo. Um ano de desenvolvimento sem nenhum teste posto na rua, nenhuma construtora validando o produto e muito dinheiro investido sem medir a eficiência da solução ou sequer uma validação do mercado.

Em outros projetos de Flávio, o MVP passou a ser feito em apenas 15 dias para ser testado. “O importante é errar rápido e corrigir mais rápido ainda”

2. Pensar na solução ao invés do problema

Quando a gente pensa primeiro na solução, dificilmente a gente vai resolver o problema alguém”, diz Flávio.

De modo contrário, quando você pensa primeiro no problema, talvez encontre diversas soluções para ele. Ou seja, várias formas de atacá-lo. Assim, você pode testar todas as soluções e ver qual dá certo. “Sempre buscando errar o mais rápido possível”.

3. Não conhecer o mercado

Flávio não conhecia absolutamente nada sobre o mundo da construção civil e mal conseguia ‘falar a língua’ dos empresários deste setor. Quando isso acontece, é muito difícil criar uma relação de confiança entre prestador de serviço e cliente.

“Os empresários me chamavam para tomar um cafezinho e conversar sobre o produto, quando eu queria que meu Pixel Quadrado fosse um portal self-service, como a Netflix é hoje”.

Além disso, ele nunca perguntou ao mercado se a falta de um e-commerce era realmente um problema das construtoras. Descobriu isso da pior forma possível.

Desde então, ele constrói primeiro a audiência para depois pensar na solução.

4.Paixão cega pela ideia

Na cabeça do empreendedor a ideia dele sempre será a melhor já pensada. Quem não tem aquele brilho nos olhos ao falar sobre seu projeto não está empreendendo direito. Mas você precisa saber ponderar sua paixão e não pode se apaixonar por suas crenças, mas sim pelos fatos.

5. Nunca houve um plano B

Não existe plano infalível e por isso você sempre tem que projetar todos cenários possíveis. Inclusive os mais negativos. Não foi o caso de Flávio.

Ninguém está preparado para fracassar, mas mesmo assim isso sempre precisa estar em seu cálculo”, conclui.