Veja os distritos de inovação que são referências para o 4D de Porto Alegre

A participação do Instituto Caldeira na conferência mundial da IASP (International Association Of Science Parks And Areas Of Innovation), realizada em Luxemburgo, não serviu apenas para coroar o hub de inovação e a Prefeitura de Porto Alegre como novos membros da maior associação de parques tecnológicos do mundo. A partir dessa conexão, o 4º Distrito também passa a integrar uma rede global de distritos inovadores, que já estão servindo de exemplo e inspiração para o ecossistema gaúcho.

Em um dos encontros promovidos na Semana Caldeira, a comissão que viajou à Luxemburgo celebrou a filiação ao IASP e também apresentou alguns dos demais integrantes dessa aliança internacional de distritos.

A IASP tem percebido que a inovação está transbordando as fronteiras dos parques tecnológicos para se espalhar no tecido urbano. Porto Alegre está ligada agora a cidades como Berlim, Melbourne, Londres, Barcelona e Milão, explica o secretário municipal de Inovação, Luiz Carlos Filho.

Conforme Pedro Valério, CEO do Instituto Caldeira, há diversos exemplos e pontos de contato com esses players, “como o uso de tecnologia para construir cidades inteligentes e integradas, como monitoramento de segurança 24/7, que está sendo desenhado em Porto Alegre e nos grandes distritos de inovação”.

Outro ponto é se inspirar em como alguns desses players pensam a mobilidade urbana, pontua Valério.

Em cima das novas conexões, a prefeitura já está desenhando duas missões internacionais para trocas mais diretas com os distritos, acompanhadas de um comitê de empresários: Mind, em Milão, e White City, em Londres, antecipa o vice-presidente de Porto Alegre, Ricardo Gomes. 

Vicente Perrone, diretor do Escritório +4D, ressalta que o 4ª Distrito de Porto Alegre pode ter um desenvolvimento ainda mais acelerado e assertivo a partir da Aliança, já que vai ser possível uma troca de experiências mais direta com esses players. 

“Entramos em um grupo seleto que coloca Porto Alegre em um ambiente de discussões sobre reconstrução de espaços públicos, o que é fantástico. O 4º Distrito vai ser a ferramenta para levar a cidade a uma rede de colaboração e bons exemplos”, celebra Perrone.

Existe também uma lacuna de oportunidade, que é: qual cidade da América Latina pode abrigar boas iniciativas e investimentos que estejam fora do país?”, questiona Valério. Porto Alegre tem tudo para ser esse destino.

Conheça os distritos referência para Porto Alegre

Le Fonds Belval, em Luxemburgo, onde aconteceu a 40ª Conferência da IASP. Créditos: Divulgação.

1. Le Fonds Belval: iniciativa que surgiu há 20 anos para transformar Luxemburgo na “Cidade da Ciência, Pesquisa e Inovação”, a partir da aliança entre diversos atores do ecossistema: iniciativa privada, Universidade de Luxemburgo e poder público. Em uma área de 220.000 metros quadrados, antigamente conhecida como o “complexo industrial de Belval”, todos os agentes da inovação se uniram para revitalizar uma construção de 1909 e gerar valor para a sociedade.

“Uma verdadeira exposição a céu aberto com estruturas arquitetônicas e diferentes atores reunidos em torno de ideias como colaboração, aprendizado e cidadania”, relata o CEO do Caldeira. 

2. Mind: O futuro Distrito de Inovação de Milão também é exemplo para Porto Alegre se espelhar. O Mind é um laboratório urbano desenvolvido a partir de quatro frentes do interesse público: o Human Technopole on Life Sciences, o Hospital IRCCS Galeazzi, o centro social Fondazione Triulzi e o futuro campus científico da Universidade de Milão. Somando as entidades privadas, aceleradoras, instalações residenciais e comerciais, a área totaliza 1 milhão de metros quadrados. 

O Mind tem a expectativa de centralizar os debates sobre desenvolvimento sustentável, ambiental e agregador da cidade de Milão.

3. @22 Barcelona: O @22 revitalizou mais de 200 hectares de terrenos industriais da zona de Poblenou, em Barcelona, e é uma das principais referências para o 4º Distrito. No século XX, a região foi o berço da revolução industrial na Catalunha e hoje recebe empresas de tecnologia que apostam na economia colaborativa.

A parceria da Porto Alegre com o projeto é ainda mais próxima, já que um dos idealizadores do replanejamento urbano em Barcelona é Josep Piqué, uma espécie de guru para o Pacto Alegre, firmado em 2018, que inclusive deu origem ao Caldeira.

4. White City: Em uma parceria do bairro londrino Hammersmith & Fullham com a universidade Imperial College, o White City se tornou o distrito de Londres que tem acelerado a inovação e o empreendedorismo na região. A região já reúne mais de 100 organizações, entre players educacionais, comunitários e sociais, como Centro Sir Michael Uren, um dos mais importantes do mundo no ramo da engenharia biomédica.

5. Skelleftea Science City: Na Suécia, a Cidade da Ciência de Skelleftea é um dos distritos de inovação no país, com foco no desenvolvimento de softwares. Através da colaboração entre academia, indústria e setor público, a Skellefteå lidera as áreas de energia, IA, mobilidade elétrica, jogos e inovação com a criação de plataformas, projetos e clusters no país. 

6. Distrito de Inovação de Glasgow: O desenvolvimento de uma área 100% renovável e zero carbono foi o ideal que motivou a criação do Distrito de Inovação de Glasgow, na Suécia. Inclusive, a cidade também recebe a Conferência de Mudança Climática da ONU. O Distrito de Glasgow é uma parceria entre a Câmara Municipal, a Universidade de Strathclyde, a Scottish Enterprise, a Câmara de Comércio de Glasgow e a Entrepreneurial Scotland.

“O Caldeira tem, a partir de agora, uma relação mais direta com todos esses players. Em alguns casos, firmamos termos de cooperação para formalizar a relação com esses atores. Este ano, a conferência aconteceu em Luxemburgo, mas no próximo ano é no Quênia e depois na China. Em cada uma dessas visitas, a gente também aproveita estreitar mais os laços”, finaliza Valério.

Vice-prefeito de POA, Ricardo Gomes (esq), diretor do Escritório +4D, Vicente Perrone (cen), e Pedro Valério, CEO do Caldeira (dir). Créditos: Instituto Caldeira.