O futuro da educação e o “novo normal” com Jorge Audy

Não há quem não fique perplexo ao entrar no Parque Científico e Tecnológico da PUCRS – Tecnopuc. Trata-se de um ecossistema de 11,5 hectares, que abriga em torno de 170 organizações e mais de 8 mil postos de trabalho.

É a comprovação que pode existir harmonia entre a universidade e a iniciativa privada. Sem dúvidas, um dos mais completos e conectados ecossistemas de inovação e empreendedorismo do Brasil.

Jorge Audy é Superintendente de Inovação e Desenvolvimento da PUCRS, assim como um dos grandes responsáveis pela consolidação do Tecnopuc como ecossistema de inovação. Membro do Comitê Estratégico do Pacto Alegre representando a PUCRS, Audy também é um grande parceiro do Instituto Caldeira e apoiador de todas as iniciativas que fomentem o empreendedorismo e, consequentemente, o desenvolvimento do RS.

Na nossa conversa falamos sobre a transformação no setor de educação, um pouco da sua expectativa em relação ao que está sendo chamado de “o novo normal”, assim como o papel de instituições como Tecnopuc e o Instituto Caldeira para aceleração econômica do RS.

Quais serão as principais transformações no setor educação nos próximos anos?

“Eu centraria no uso das novas tecnologias no processo de aprendizagem. Diferente do momento que estamos vivendo, onde tudo está migrando para o online e para o digital por causa do COVID-19, as tecnologias que estão atreladas ao processo de aprendizagem são mais estratégicas. Algo que realmente gere processos de ensino e aprendizagem com maior valor.

Um segundo aspecto seria do ponto de vista organizacional, com novos modelos de gestão, o que é absolutamente necessário nas organizações. Isto é, instituições mais leves, mais ágeis, menos hierárquicas, mais estruturadas em grafos e que sejam mais resilientes.

O terceiro aspecto está relacionado as experiências, isto é, experiências acadêmicas que somente instituições de primeiro nível de classe mundial oferecem. Trata-se de uma nova relação desses espaços e ambientem, que estimulem a colaboração, a criatividade, o papel do aluno mais ativo no seu próprio processo de aprendizagem e do professor ocupando uma posição mais de facilitador.

Um ambiente mais conectado, ou seja, mais iluminado do ponto de vista de conexões e de relações.

 

O quarto e último aspecto é sobre a colaboração entre instituições. Precisamos gerar mais cooperação no desenvolvimento das atuações profissionais entre escolas e universidades, assim como as instituições de ensino com a sociedade como as empresas e governos.”

Na sua opinião, quais são os SKILLS imprescindíveis para o chamado “novo normal”?

“Eu não me atrevo a dizer o que vai acontecer no período pós pandemia. É um exercício extremamente complexo de futurologia, no qual eu não me atrevo. Aliás, acho que ninguém tem condições ainda de dizer o que acontecerá depois.

Na minha opinião, o que vem se mostrando de forma mais clara, são giram em torno de três questões centrais. Será necessário flexibilidade, isto é, a capacidade de nos adptarmos ao novo.

Ou seja, pessoas e empresas se adaptarem as mudanças, aos cisnes negros e ao inesperado; resiliência, que é absolutamente central nesse novo contexto e, por último e mais importante, equilíbrio emocional. Precisamos ter calma. Analisar a situação, tomar uma posição, mas não se desesperar. Acredito que esses sejam as três skills centrais.”

Qual o papel de instituições como o Caldeira, TecnoPuc na aceleração econômica do nosso Estado e na conexão de empresas com a chamada Nova Economia?

“Em primeiro lugar, precisamos entendê-los como agentes, isto é, vetores do processo de desenvolvimento não somente econômico, mas também social. Esse ponto é absolutamente central.

Espaços como o Caldeira, assim com o Tecnopuc, Tecnosinos, Fábrica do Futuro, devem ser ecossistemas que agreguem valor às pessoas e as empresas. Espaços legais, onde as pessoas queiram estar, porque outras pessoas estão lá.

Não somente espaços que tenham empresas com grandes operações, mas que tenham uma parte da empresa, um hub, considerando também que grande parte estará remota no futuro.

Espaços agregadores, com espaços de convivência, que estimulem a criatividade, ou seja, laboratórios de criatividade, ambientes com cafés, espaços de dispersão e locais que permitam às pessoas um momento de relaxamento.

Cada vez mais, precisamos trabalhar como vetores do desenvolvimento econômico e social, mas que, ao mesmo tempo, sejam ambientes que atraiam pessoas e lugares onde as coisas efetivamente acontecem. Eu gosto dessa visão. Onde as pessoas e empresas queiram estar. Um ambiente de inovação.”