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Internacionalização de startup exige entender a cultura de negócios americana

Expandir uma startup para fora do Brasil é o sonho de empreendedores que desejam alcançar novos mercados e escalar seus negócios em nível global. No entanto, a internacionalização não acontece de forma automática. Mais do que ter um bom produto ou serviço, é fundamental compreender a cultura de negócios do país de destino, adaptar estratégias e conquistar a confiança dos investidores locais.

Com esse foco, o painel Global Growth: Key Strategies for Startup Internationalization reuniu especialistas em inovação e investimento para compartilhar experiências com o público da Growth Stage no South Summit Brazil, que ocorreu nesta quarta-feira (9/4), em Porto Alegre.

“Às vezes, a gente acha que conhece o modo de vida americano, porque assistimos filmes, TV, jornais, mas isso pode causar um mal-entendido em relação aos desafios de empreender no país”, alerta Etienne Gillard, head de Ventures da ManaTech. Segundo ele, a familiaridade superficial com o país do hemisfério norte pode gerar uma falsa sensação de preparo, quando, na prática, o ambiente de negócios exige uma compreensão profunda e estratégica.

Flavio Pripas, sócio da Staged Ventures, acrescenta que a liderança no mercado brasileiro não garante bons resultados em relação a internacionalização, principalmente, em solo americano. A adaptação é fundamental.

É preciso entender o público americano e demonstrar isso aos investidores. Às vezes, por ser número um no Brasil, o empreendedor acha que não irá precisar mudar nada, mas o negócio pode precisar de adaptação ao mercado dos Estados Unidos e isso pode levar tempo e dinheiro.

Os especialistas também reforçam que aquele mercado não é homogêneo. As diferenças regionais entre os estados – seja em hábitos de consumo, legislação, perfis demográficos ou mentalidade – exigem atenção. A recomendação é começar com foco em uma região específica, validar o modelo de negócio e, a partir daí, crescer de forma estruturada. “Apesar disso, se você tem uma solução apaixonante, seja ambicioso. Comece pequeno e vá expandindo. Ainda que você tenha sucesso em menor escala nos Estados Unidos, isso já vai ser maior do que não atingir esse mercado”, ressalta Pripas.

Quando se trata de escolher uma porta de entrada para startups da América Latina, Miami é frequentemente vista como boa opção. Por sua diversidade, a cidade oferece um ambiente acolhedor para negócios em fase inicial de internacionalização.

A proximidade cultural faz com que Miami seja um bom lugar para começar.

Além disso, Gillard considera essencial que o negócio tenha apelo local. “Quando você faz um pitch e diz que a empresa é brasileira, eles adoram, mas se o público for só brasileiro, não adianta”, comenta. Ou seja, é necessário mostrar que o produto ou serviço é capaz de atender às necessidades do mercado em geral e dialogar com diferentes perfis de consumidores.

Uma das principais diferenças entre os ecossistemas de negócios do Brasil e dos EUA está na abordagem ao planejamento. Enquanto os brasileiros costumam lançar produtos ou serviços e depois ajustá-los com o tempo, os americanos geralmente fazem longas etapas de planejamento antes de qualquer execução. “No Brasil, a gente costuma fazer e depois planejar, nos Estados Unidos é o contrário. Eles planejam, às vezes doze meses, para depois começar a fazer algo. Então é preciso entender isso”, observa Pripas.