Healthtechs brasileiras focadas em IA recebem US$ 65,62 milhões nos últimos 7 anos, aponta Distrito 

O avanço da inteligência artificial (IA) na área médica, através de soluções desenvolvidas por healthtechs, tem encontrado aplicações em diversos campos, como aprimoramento de diagnósticos, tratamento e pesquisa de doenças, além de novos serviços e produtos voltados à saúde. O mercado brasileiro tem um grande potencial diante desse cenário, o que fica exposto pelo notável volume de investimentos: quase US$ 66 milhões foram investidos em 36 rodadas de financiamento em startups brasileiras focadas em IA na área da saúde nos últimos 7 anos. 

Os dados estão em um relatório recente, intitulado “Uma Análise da Inovação e Tecnologia no Setor de Saúde”, produzido pela plataforma Distrito. Anteriormente, o Distrito já havia apontado que existem mais de 1.023 startups brasileiras atuando no campo da saúde – não necessariamente com foco em IA. Em 2021, foram US$ 552,6 milhões investidos em healthtechs no Brasil, segundo a plataforma. 

“As startups são fundamentais na saúde, pois elas conseguem identificar oportunidades de inovação com mais velocidade e acelerar o desenvolvimento dos negócios. Isso porque, diferente de uma empresa tradicional, a startup se permite testar sem tanto medo de errar”, explica Murilo Fernandes, CEO da Salux Technology, empresa membro do Instituto Caldeira que investe em healthtechs como estratégia de crescimento.

Porém, explorando mais a fundo o campo das healthtechs voltadas para a aplicação da IA, o relatório do Distrito observa uma diferença no que diz respeito aos investimentos: apenas quatro rodadas de financiamento atingiram o estágio da série A, e apenas uma delas progrediu para a série B. A maioria dessas empresas se encontra em estágios iniciais, como seed e pré-seed. 

“Essa situação sugere que, embora a tecnologia seja amplamente aceita, o mercado brasileiro ainda enfrenta um longo percurso para consolidar soluções de IA na área da saúde”, aponta Gustavo Gierun, CEO e fundador do Distrito.  

Segundo Gierun, os fatores envolvem principalmente o extenso trabalho envolvido no desenvolvimento e aperfeiçoamento dos modelos de machine learning e até mesmo barreiras técnicas relacionadas à falta de profissionais especializados no mercado nacional.

Fonte: Distrito.

Em 2022, as startups de IA no setor de saúde conseguiram captar um investimento total de US$ 4,7 milhões em 7 transações. Para contextualizar, isso representa apenas 1,41% do montante total de US$ 332,63 milhões investidos no setor de healthtechs em toda a América Latina no mesmo período. No entanto, há motivos para otimismo. Apesar da retração geral no mercado de tecnologia em 2022, este ano foi registrado como o segundo com maior volume de investimento na história das empresas de IA na área da saúde.

De acordo com Gierun, essa tendência sugere um crescimento e um reconhecimento crescente da importância da interseção entre IA e saúde, possivelmente indicando maiores investimentos e o desenvolvimento de novas soluções no futuro.

Fonte: Distrito.

Para além do uso de IA, machine learning, medicina preditiva e outras tecnologias disruptivas aplicadas à saúde em países mais desenvolvidos, as soluções que estão sendo implementadas hoje no Brasil são mais voltadas a sistemas gerenciais e de conectividade, explica Fernandes. 

Por exemplo, a chegada dos atendimentos online durante a pandemia permitiram que pessoas de cidades sem acesso à medicina especializada pudessem se consultar com profissionais de outras partes do país, o que foi possível a partir de plataformas e sistemas desenvolvidos por startups de saúde e empresas de tecnologia.

Levando em conta os desafios regulatórios e as barreiras culturais que impactam a implementação da IA na área de healthtechs, é plausível prever uma fase inicial de transição com foco nos processos mais ligados ao “backoffice” do setor, como a gestão hospitalar. Essa estratégia é motivada pelo fato de que esses processos estão menos vinculados ao cuidado direto ao paciente, o que é o ponto central das resistências e obstáculos predominantes. “No Brasil, o investimento em startups de IA na saúde ainda está crescendo. A transformação digital na medicina é inevitável, exigindo que empresas e entidades de saúde se preparem para inovações, apesar dos desafios regulatórios e de adesão”, conclui Gierun.

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