ESG precisa de cooperação, não de competição para avançar, diz executivo da Ambev

A inovação está nos levando para um mundo melhor e mais sustentável? E qual o papel das grandes empresas na entrega de soluções ESG com real impacto na vida e no clima? Essas foram algumas das provocações levantadas na South Summit Brazil 2023, em um painel que reuniu o VP de Sustentabilidade da Ambev, Rodrigo Figueiredo, e Carlo Pereira, CEO da Global Compact Brazil. O CEO Numerik, Eduardo Lorea conduziu a conversa.

O Instituto Caldeira acompanhou o painel “Inovando para um mundo melhor” e também fez uma entrevista exclusiva com o representante da Ambev, maior cervejaria do mundo e com o DNA brasileiro.

Quando a Ambev assumiu a agenda da ONU para as 17 práticas de desenvolvimento sustentável, relembra Figueiredo, descobriu que precisava buscar soluções fora de casa, mesmo sendo líder no seu segmento. A saída foi investir e se aproximar do mundo das startups.

As grandes empresas têm um papel importante na transformação para melhor do mundo, mas é a colaboração e a parceria que vão nos ajudar a endereçar os problemas que precisam ser atacados”, sugere.

Se houver um entendimento geral de que é preciso colaborar ao invés de competir, o mercado pode conquistar avanços importantes em ESG, aposta.

A empresa criou a Aceleradora 100+ para investir em startups com foco em inovação e sustentabilidade. Até 2025, a promessa é mudar toda matriz energética da Ambev para fontes sustentáveis e reduzir em 25% as emissões de CO2 em toda a cadeia.

Tem várias grandes empresas fazendo o mesmo, ou seja, criando aceleradores, labs e programas que estimulam e facilitam o caminho das startups para criar soluções, que hoje são pequenas, mas que podem escalar no futuro, ressalta o executivo.

O aquecimento global tem sido o maior desafio, mas não é o único que depende do apoio de empresas disruptivas. De acordo com o VP de Sustentabilidade, as outras letras do ESG – meio ambiente, social e governança – também ganham protagonismo na lógica da cooperação.

“Existem startups dentro da Ambev, como a Diversidade.IO, que estão nos ajudando a ter mais pessoas pretas em cargos de liderança e também entre os fornecedores da empresa. Também temos uma parceria com uma startup que está nos ajudando a entender sobre responsabilidade psicológica. Isso ataca o social e a governança”, cita.

Segundo Carlo Pereira, CEO da Global Compact Brazil, embora a sociedade esteja muito melhor do que já foi no passado, a relação das empresas com a sustentabilidade precisa ser intensificada.

Se comparar com o passado, a mortalidade infantil caiu bruscamente. Superamos pestes e evoluímos muito na ciência e medicina. Mas, em apenas 0,3% do tempo que estamos na terra, os últimos 100 anos, já fomos muito prejudiciais para o meio ambiente”, analisa.

Em meio a isso, o ESG precisa ser mais do que um jargão corporativo, e atacar de forma rápida um problema que todos estão compartilhando: o aumento na temperatura média do planeta.

O cenário, no entanto, é desafiador para as empresas capitalizarem investimentos de peso em ESG, frente à alta global dos juros, a guerra no leste europeu e, mais recentemente, a falência de importantes bancos nos EUA, como Silicon Valley Bank.

O VP da Sustentabilidade da Ambev prefere olhar pelo viés otimista.

É claro que instabilidade gera mais insegurança no momento dos investimentos, mas sempre nos momentos de crise que os empreendedores mais resilientes se diferenciam, conclui.