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Educação técnica e inclusiva: Como big techs e investimentos de impacto estão redefinindo o futuro do trabalho na América Latina

A transformação do mercado de trabalho na América Latina passa, inevitavelmente, por uma revolução na forma como educamos e capacitamos jovens e adultos para as demandas do século XXI. Nesse contexto, gigantes da tecnologia como IBM e Telefônica Vivo, por meio de suas fundações e programas de impacto social, vêm assumindo um papel cada vez mais estratégico no fortalecimento da educação técnica, da inclusão produtiva e da democratização do acesso ao conhecimento.

A IBM, por exemplo, aposta há décadas em iniciativas educacionais, com foco em formar talentos para o ambiente digital. “Capacitar pessoas não é apenas uma missão social, é uma estratégia para fortalecer todo um ecossistema de inovação”, afirma Flávia Freitas, líder de responsabilidade social da empresa para a América Latina. Com o programa IBM SkillsBuild, a companhia tem como meta global treinar 30 milhões de pessoas até 2030, sendo 2 milhões especificamente em inteligência artificial até 2026.

A proposta vai além do ensino técnico tradicional. Os cursos oferecidos incluem letramento digital, desenvolvimento de mindset para o mundo digital, trilhas de aprendizado em IA, dados, cibersegurança e certificações baseadas em projetos práticos.

A gente estimula o jovem a enxergar possibilidades e mostramos, na prática, como transformar aprendizado em empregabilidade real.

Essas trilhas são voltadas tanto para jovens do ensino médio quanto para adultos em busca de requalificação profissional, o que amplia significativamente o impacto social da iniciativa.

Na outra ponta, a Fundação Telefônica Vivo aposta na integração entre tecnologia e educação pública de qualidade. “A transformação real vem quando a tecnologia é incorporada de forma intencional no projeto pedagógico, capacitando professores e preparando alunos para pensar e agir no mundo digital”, explica Lia Glaz, presidente da Fundação. Para isso, a organização atua em parceria com estados e municípios, respeitando as prioridades locais e promovendo a articulação entre áreas técnicas e pedagógicas das secretarias de educação.

A fundação também investe no fortalecimento do Ensino Profissionalizante Técnico (EPT) como resposta à demanda crescente por profissionais qualificados nas áreas de tecnologia e comunicação. Dados recentes do Censo Escolar indicam um crescimento de 28% na matrícula de cursos técnicos voltados à informação e comunicação. Para Lia, esse aumento revela não apenas uma oportunidade, mas também uma urgência:

O ensino técnico precisa ser legitimado como um caminho de excelência e não de segunda categoria, como foi visto historicamente no Brasil.

A superação dessa barreira cultural tem se traduzido em histórias de transformação. Estados como Mato Grosso do Sul, Paraíba, Santa Catarina e Piauí estão investindo fortemente no ensino técnico integrado com o mercado local, gerando filas de espera para cursos e empregabilidade direta em setores como o agronegócio e a indústria de software. “Quando os jovens percebem que um curso técnico pode ser a porta de entrada para o mercado de trabalho e que há empresas dispostas a contratá-los, a mudança acontece”, ressalta Lia.

Essa conexão entre capacitação técnica e demanda do setor produtivo também é evidente no trabalho do Instituto Caldeira, um hub de inovação com mais de 500 empresas associadas. O programa Geração Caldeira é um exemplo de como parcerias bem estruturadas entre setor privado, governo e sociedade civil podem criar pontes efetivas entre educação e empregabilidade. “O valor de mercado de uma certificação da IBM, por exemplo, é imenso para quem vem de uma realidade onde as oportunidades são escassas“, observa Felipe Amaral, diretor do Campus Caldeira.

Essas iniciativas demonstram que a chave para transformar a realidade educacional e econômica da América Latina está na combinação de tecnologia, políticas públicas inteligentes, investimento de impacto e articulação entre diferentes atores do ecossistema. Mais do que filantropia ou responsabilidade social, trata-se de uma estratégia de desenvolvimento inclusivo e sustentável.

“Não é sobre caridade, é sobre preparar uma nova geração para ocupar os espaços que o futuro já está abrindo”, reforça Flávia. A educação do futuro, ao que tudo indica, será técnica, conectada, inclusiva e, acima de tudo, colaborativa.