Educação e tecnologia precisam avançar juntas para profissões do amanhã

A educação nunca teve um papel tão chave no desenvolvimento humano e na qualidade de vida. A velocidade de evolução tecnológica no mundo se traduz em ciclos mais curtos de inovação e, diante disso, a ‘educação do agora’ é a capacidade de estar sempre ligado ao novo e de mãos dadas com as demandas do mercado. Esta é a visão de Pedro Englert, sócio da StartSe e de outras quatro fintechs brasileiras: Warren, FitBank, Monkey Inc, e Vortex

Prova cabal da escassez de mão de obra no segmento de tecnologia, o empresário acredita que para capacitar pessoas a um mercado que remunera muito mais, é preciso estimular antes a autoestima e fornecer estrutura. 

Quem está usando o esforço físico como força de trabalho se expõe a um risco grande de ser substituído pela máquina. Por outro lado, quem se capacita para tecnologia nunca teve uma oportunidade tão clara de mudar sua vida em pouco tempo, diz Englert.

No South Summit Brazil 2023, o empresário participou de um painel que tratou justamente sobre esse tema, ao lado de Eduardo Glitz, seu parceiro de negócios há uma década, e de Felipe Ribeiro, headhunter da Evermonte. A equipe do Instituto Caldeira acompanhou a conversa e também teve a oportunidade de um bate-papo exclusivo com Englert. 

A pauta da educação está sempre no repertório do empresário ex-sócio da XP Investimentos. Segundo ele, a iniciativa privada precisa ser mais ativa diante do gap educacional, não só por dever social, mas por necessidade. Diante de uma Inteligência Artificial que avança ao passo que remodela as profissões, e extingue outras, o mercado precisa incentivar uma educação mais alinhada ao mercado de trabalho.

“No gap de como a educação deveria ser e como está há uma distância muito grande. Então, eu vejo as empresas precisando ser responsáveis em reduzir essa distância, já que a escassez de mão de obra é um problema de agora, não do futuro”, diz.

O olhar de Englert vai ao encontro ao projeto Nova Geração, promovido pelo Caldeira, que visa capacitar jovens do ensino público gaúcho para o mercado de tecnologia, e para isso conta com trilhas de ensino elaboradas por gigantes como Google, Oracle, AWS e Salesforce. 

A primeira turma do Geração Caldeira, graduada em dezembro de 2022, formou 50 novos talentos da tecnologia, sendo que 25 já estão empregados em empresas do hub de inovação. Esse é o exemplo vivo da necessidade do mercado tech e capacidade de inserção de novos colaboradores, diz.

Ações como essa são importantes também pelo viés inclusivo, ressalta: A educação é mais disponível atualmente, conteúdos que eram exclusivos de grandes centros de formação estão democratizados, mas a educação precisa ser mais inclusiva. 

Outro ponto de atenção na melhoria do aprendizado é a formação das pessoas encabeçada por educadores com característica empreendedora, no sentido de despertar o interesse de sempre estar atualizado às novas realidades. 

A educação também tem que vir de dentro. A gente precisa criar uma estrutura mínima, gerar autoestima e interesse, porque a partir daí as pessoas vão conseguir encontrar os melhores caminhos.