Daiane dos Santos: “Ousadia nasce nos momentos de adversidade”
Pessoas inspiradoras ajudam outras a serem mais fortes. Tanto nos esportes, quanto na vida, a gaúcha Daiane dos Santos é uma dessas personalidades. Sua trajetória campeã foi marcada pelo título de melhor do mundo em 2003, sendo a primeira brasileira medalha de ouro no Campeonato Mundial de Ginástica Artística. Quando se aposentou do esporte, Daiane recebeu o convite para ser Embaixadora da ONU Mulheres. Ela também se tornou comentarista esportiva, palestrante motivacional e hoje conta sua trajetória para fazê-la de espelho a jovens de todo Brasil.
“Somos espelhos para os próximos. Hoje eu posso devolver um pouco da oportunidade que recebi do esporte. Os jovens são nosso legado”.
Com a missão de ser exemplo de superação – e de que é possível sim buscar por coisas maiores – Daiane contou sua história para uma arquibancada lotada no Instituto Caldeira, formada por membros da comunidade de inovação e muitos alunos dos programas Nova Geração e Geração Caldeira.
“É muito importante iniciativas que gerem oportunidades para os jovens. Foi o que aconteceu comigo e é o que o Instituto Caldeira está fazendo com esses futuros talentos do mercado de tecnologia”, disse durante a participação no Caldeira Talks.
Quem viveu o início dos anos 2000, com certeza se lembra quando Daiane deixou o mundo dos esportes boquiaberto (e todos que assistiam) ao realizar um inédito Duplo Twist Carpado.
A execução perfeita da ginasta fez com que o movimento, nunca antes executado, fosse imortalizado com seu nome: o Duplo Twist Carpado se chama hoje ‘Dos Santos 1’.
Ela conta, no entanto, que esse salto mirabolante só entrou para sua apresentação porque a atleta havia lesionado o joelho há dois meses do Mundial. A execução que ela havia ensaiado anteriormente não seria mais possível realizar, já que era preciso flexionar muito as pernas.
Por isso, seu técnico sugeriu que ela fizesse o movimento com as pernas alongadas, em um ângulo de 90º graus…Foi assim que essa execução entrou para a história.
Já em 2004, nas Olimpíadas de Atenas, inovou de novo ao executar um Duplo Twist Esticado, movimento ainda mais complexo que passou a ser chamado posteriormente de ‘Dos Santos 2’.
Para inovar, criar algo do zero, é preciso ter ousadia. Essa ousadia nasce, na maioria das vezes, em momentos de adversidade.
Daiane dos Santos pode ter se aposentado da ginástica, mas segue inspirando os atletas mais novos. É o caso da ginasta Rebeca Andrade, bicampeã mundial no salto e campeã mundial individual geral de 2022, que já declarou como Daiane foi importante para sua carreira. A ex-atleta segue buscando gerar impacto na nova geração do esporte com o projeto ‘Brasileirinhos‘.
Após o Caldeira Talks, houve também o lançamento do ‘Gibizão Daiane dos Santos’, um livro de história em quadrinhos que conta a trajetória da ginasta para os pequenos, produzido pela Editora Gaúcha, membro da Comunidade Caldeira.
“O esporte mudou a minha vida. Através dele, tive a oportunidade de me conhecer e descobrir que era muito boa em algo que eu não sabia. Tanto é, que me tornei a melhor do mundo”.
Daiane dos Santos fez parte da primeira seleção brasileira completa a disputar uma edição olímpica, nos Jogos de Atenas, repetindo a presença nas edições seguintes: Olimpíadas de Pequim e Olimpíadas de Londres. Também conquistou nove medalhas de ouro em etapas de copas do mundo de ginástica artística.