Clareza de diálogo das fintechs potencializa inclusão, defende líder do BID

O avanço das fintechs no país é a maior ferramenta de inclusão financeira de jovens hoje em dia. Este público, acompanhado das mulheres e das pessoas de baixa renda, são os principais desassistidos pelo sistema tradicional. A entrada de novos correntistas, no entanto, liga o alerta para a necessidade de mais educação sobre as finanças, explica a líder em tecnologia e inovação do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), Vanderleia Radaelli, no último dia do South Summit Brazil 2023.

O Brasil é um dos líderes globais no ranking de risco de fraudes bancárias e, segundo levantamento da empresa de cibersegurança PSafe, registra mil tentativas de fraudes por hora.

“Em mundo digitalizado, e diante de um público com pouco conhecimento, os picaretas têm vantagem para aplicar os golpes. Só a educação financeira, desde a base escolar, pode atacar esse problema”, diz Vanderleia.

A executiva do BID conduziu um painel sobre o papel das fintechs na inclusão social, que contou com a participação de Danilo Costa, CEO da Educbank, e Felipe Diesel, CEO da YOURS Bank. A equipe do Instituto Caldeira teve a oportunidade de conversar com ela após o fim da palestra.

Vanderleia lembra que a maior parte dos investimentos no Brasil estão na poupança, e há um entendimento geral que o modelo mais seguro de investimento, mas ele sequer acompanha a inflação.

As fintechs entram para mostrar soluções personalizadas e descomplicadas de rentabilização do dinheiro. Só em razão desse diálogo mais claro com os clientes, elas têm sido grandes agentes da inclusão financeira.

O BID acompanha in loco a reforma do ensino no Brasil, que propõe a cadeira de educação financeira na base escolar. O banco é um dos principais financiadores de políticas públicas na América Latina e a atuação de Vanderleia vai neste sentido, mas é direcionada às ações de governo que envolvem o papel de startups. 

“O principal gargalo dessas empresas é justamente o acesso ao crédito, pois ele está muito caro em razão do modelo tradicional bancário, que é de assimetria de informações”, explica.

No entanto, as fintechs têm sido as maiores transformadoras da inclusão no sistema financeiro, mas ainda precisam de musculatura para fazer investimentos de risco em empresas que possam escalar soluções disruptivas em grande escala.

Na sua avaliação, as fintechs estão ainda em um período de conquista de mercado, mas hoje em dia o capital paciente para empresas não são as fintechs que dão, elas ainda precisam ganhar mais musculatura. Elas estão numa crescente que tem outro objetivo. 

Hoje, as fintechs fazem algo muito lindo, que é permitir a inclusão financeira. O próximo passo será elas como protagonistas de investimos com maior risco em soluções disruptivas de outras empresas, conclui.