A inovação mundial do setor financeiro vem do Brasil, diz Rob Li
“O melhor mercado de fintech do mundo não é a China nem os Estados Unidos. É o Brasil.” A afirmação foi feita por Rob Li, sócio e diretor administrativo da Stone Forest Capital, gestora de investimentos de capital com sede em Nova York (EUA), que participou do Go Global, evento on-line mediado por Ricardo Geromel, sócio da 3G Radar e embaixador internacional do Instituto Caldeira.
Li explicou que o fato de o Brasil ser dominado por poucos bancos que cobram taxas altas provoca ideias disruptivas. Na China, por exemplo, o governo controla o mercado, então, ninguém pensa em vantagens relacionadas a cartão de crédito ou a cashback.
O Brasil é o país mais complexo do mundo em regime de impostos, e isso traz muitas oportunidades para empresas de tecnologia”, afirmou Li. Ele conhece bem o contexto pois a Stone é uma das acionistas da Magazine Luiza.
Ainda sobre o Brasil, o investidor destacou a Embraer e sua aposta nos aviões menores, para rotas domésticas. Li comentou que esse é um segmento crescente, já que muitas fronteiras ainda não foram reabertas por conta da pandemia do coronavírus e aeronaves grandes acabaram sem demanda.
O convidado do Go Global disse querer ver o Brasil exportando mais serviços para fora, como é o caso dos seguros e planos de saúde, cujas soluções são pioneiras. “Temos muito a aprender com vocês”, expôs, acrescentando que o destino de uma nação não é definido pelo seu governo, mas pelas pessoas trabalhadoras, inovadoras e empreendedoras.
Durante a conversa, Li citou, ainda, cases de transformação digital que têm se destacado. Um deles é o Shopify, que ajuda marcas, grandes ou pequenas, a venderem por canais digitais. A história tem um ingrediente interessante: além de suas operações online, a companhia criou uma estrutura própria de logística e pagamento. Acabou virando concorrente direta para a Amazon.
Outro assunto tratado foi a importância de gerar engajamento e de reter o tráfego de clientes no e-commerce. Se no Brasil o principal canal de relacionamento entre marcas e consumidores é o WhatsApp, na China é o WeChat. Nos Estados Unidos, segundo Li, esse cenário é muito fragmentado. Algumas pessoas usam WhatsApp, outras o Messenger, outras os sistemas da Apple – o que torna a comunicação descaracterizada.
Estratégias de vendas por transmissões ao vivo, as chamadas livestreams, têm gerado muitos negócios na China. O grupo Alibaba, por exemplo, em dia de Black Friday, vende mais do que é vendido no Brasil inteiro. “Livestream é uma forma de entretenimento e de fazer negócios. É um fenômeno na China, mas pode ser global”, sugeriu.
Embora as soluções tech estejam no foco de muitos investidores, Li recomendou que não se deixem de lado as iniciativas off-tech. Sua empresa, recentemente, apostou em um negócio de educação.
Não faça apenas o que a concorrência está fazendo, entenda bem o seu contexto, identifique as oportunidades no mercado e preste atenção além do seu core market”, pontuou.